
Um
dia, Dolores resolve pecar pela primeira vez em sua vida. Ela acaba
dormindo com um desconhecido que passou por aquelas bandas. Sem querer,
ela lhe salva a vida e o suposto pecado converte-se em uma obra de
caridade. Dolores - que muda de nome para Lolita - passa a dedicar sua
vida às obras de caridade. Mas não as usuais, muito pelo contrário. Ela
resolve entregar-se de corpo e alma ao povoado. Principalmente o corpo,
já que passa a espalhar o bem ao fazer sexo com vários homens. E é a
partir dessas relações sexuais por compaixão, como diz o título, que ela
vai ajudar a devolver a cor e a alegria de um povoado que se encontra
imerso em tristeza.
Numa
brincadeira, o filme ganha cor e a cidade torna-se mais alegre, até
Manolo, “marido da santa”, voltar e descobrir a nova ocupação da esposa.
Revoltado, ele briga com ela e a tristeza volta a reinar. Em defesa de
Dolores (e em busca da alegria que os maridos perderam), as mulheres do
povoado decidem dar uma lição em Manolo, mostrando como é difícil o
papel que sua esposa desempenha.
Uma
velhinha, interpretada por Leticia Huijara, é responsável por arrancar
várias gargalhadas do público, já que insiste em passear pelo vilarejo
com seus passos trôpegos enquanto tira fotos nada discretas de tudo o
que acontece: sua função seria a de mostrar a memória do vilarejo por
meio de suas próprias lembranças de um lugar bonito, com pessoas muito
alegres, que se mostra depois um lugar sem vida e triste.
O alegre universo criado pela diretora Laura Mañá
tem espaço até mesmo para prostitutas itinerantes, que percorrem o
interior do país em uma caminhonete vermelha trazendo o cartaz “Putas”. O
filme é dirigido e escrito pela estreante Laura Maná, que atuou como
roteirista. O roteiro é habitado por uma galeria de personagens
interessantes e muito divertida.
Comentário feminista:
O filme consegue tratar de temas feministas sem dar a eles um tom
dramático ou panfletário que só provocariam repulsa “as pessoas
não-entendidas”. A história analisa as limitações impostas por uma
sociedade patriarcal sobre a sexualidade de homens e mulheres de cultura
cristã. Entre os vários pontos altos do filme, está a cena em que nos
defrontamos com o famoso antagonismo prostituta vs “mulher séria”.
Outros desconcertantes acertos do roteiro estão em estabelecer uma
profunda relação de carência afetiva e insatisfação sexual entre os
sexos femininos e masculinos, revelar a "verdade biológica" sobre a
potência sexual masculina, além de criar cenas bem “didáticas” sobre
comportamentos de “cumplicidade” masculina e tradicionais angústias
femininas. Este é com certeza, desde sua realização a concepção da
história, o mais feminista dos filmes que já assistimos, pois Laura Mañá
evitou a todo custo reproduzir qualquer dos estereótipos machistas
comuns do cinema (um dos exemplos que podemos citar sem estragar o
grande prazer de assistir a película é o fato da protagonista ser
totalmente fora dos padrões de beleza atuais). Sexo por compaixão é
belíssimo e obrigatório para qualquer feminista. Vejam o trailer:
O
filme pode ser utilizado como auxílio à discussão de temáticas sobre as relações de
gênero. Ele levanta a discussão sobre a misoginia — a aversão, o
desprezo e o ódio às mulheres que abandonam suas qualidades ou atributos
de feminilidade convencionais. Trata também do machismo e do poder do
homem sobre a mulher; do sexismo, que é pautado no principio da
superioridade de um gênero sobre o outro; do heterossexismo, que é uma
forma de opressão e discriminação, baseada na orientação sexual e no
binarismo ativo/passivo; da sexualidade, que está presente em todo
filme, tanto pela generosidade de Lolita quanto através das prostitutas e
outros personagens. O filme envolve ainda outros temas: a identidade
sexual e de gênero; a violência de gênero (visível nas ofensas que as
prostitutas e que Lolita receberam); os estereótipos da mulher e do
homem; as diferenças; as desigualdades; e as discriminações das mulheres
prostitutas.
Uma outra proposta de atividade é explorar a linguagem que o filme aborda, trabalhando o
significado das palavras que são ditas; anotar e destacar as cenas mais
importantes, para a discussão
Tudo
no filme propicia elementos para que possam ser estudadas as relações
de gênero, como o jogo sensual que é feito por algumas mulheres, os
nomes dados aos personagens, o sugestivo título do filme e as cores que
retratam a mudança de humor de Lolita.
A
roteirista também brinca com os nomes dos personagens, já que cada um
tem relação com o tema em questão; um exemplo disto são os nomes dados à
personagem principal do filme: Dolores é associável ao sofrimento
(significa “dores, pesares”, em Espanhol) e mesmo que tentasse ajudar as
pessoas, passando lealdade e confiança por onde passava, sua vida
pessoal era uma lamentação. Já o segundo nome que adota, Lolita, é um
nome muito sensual e de forte impacto — Lolita foi título de um romance em língua inglesa, de autoria do escritor russo Vladimir Nabokov, publicado pela primeira vez em 1955, que trata de uma ninfeta e sua influência sobre o escritor, o que é ressaltado pelo fim trágico do personagem.
Outro
ponto que o filme coloca é a critica às atitudes machistas típicas dos
homens latino-americanos, que ganham um aspecto mais influente em
comunidades conservadoras e pequenas, como a Lolita.
Sites de Livros:
Diversidade na Educação: experiências de formação continuada de professores http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154577POR.pdf
Educação na diversidade: experiências e desafios na Educação Intercultural Bilíngüe http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154581POR.pdf
Gênero e Educacão para Todos. O SALTO RUMO À IGUALDADE http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001324/132480por.pdf
Educação como exercício de diversidade. http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001432/143241POR.pdf
RAÇA E GÊNERO NO SISTEMA DE ENSINO. Os limites das políticas universalistas na Educação
Educação como exercício de diversidade. http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001432/143241POR.pdf
RAÇA E GÊNERO NO SISTEMA DE ENSINO. Os limites das políticas universalistas na Educação
Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/escola_protege/caderno5.pdf
Sites Recomendados sobre o filme:
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