Escrito
e dirigido por uma mulher (Laura Mañá), o
filme, SEXO POR COMPAIXÃO (Sexo por Compassíon) é uma comédia dramática
que se passa num vilarejo mexicano, contando a história de Dolores
(interpretada pela atriz francesa Elisabeth Margoni), uma mulher madura
de cerca de cinquenta anos. Reconhecida por todos como muito piedosa,
por sua bondade excessiva, ela acaba abandonada pelo marido, Manolo
(José Sancho), que não suporta mais tanta generosidade. Eles moram em um
povoado desolado, onde reinam a tristeza e a resignação. Mesmo
desesperada e querendo trazer seu amado de volta, ela acredita no
futuro.
Um
dia, Dolores resolve pecar pela primeira vez em sua vida. Ela acaba
dormindo com um desconhecido que passou por aquelas bandas. Sem querer,
ela lhe salva a vida e o suposto pecado converte-se em uma obra de
caridade. Dolores - que muda de nome para Lolita - passa a dedicar sua
vida às obras de caridade. Mas não as usuais, muito pelo contrário. Ela
resolve entregar-se de corpo e alma ao povoado. Principalmente o corpo,
já que passa a espalhar o bem ao fazer sexo com vários homens. E é a
partir dessas relações sexuais por compaixão, como diz o título, que ela
vai ajudar a devolver a cor e a alegria de um povoado que se encontra
imerso em tristeza.
Numa
brincadeira, o filme ganha cor e a cidade torna-se mais alegre, até
Manolo, “marido da santa”, voltar e descobrir a nova ocupação da esposa.
Revoltado, ele briga com ela e a tristeza volta a reinar. Em defesa de
Dolores (e em busca da alegria que os maridos perderam), as mulheres do
povoado decidem dar uma lição em Manolo, mostrando como é difícil o
papel que sua esposa desempenha.
Uma
velhinha, interpretada por Leticia Huijara, é responsável por arrancar
várias gargalhadas do público, já que insiste em passear pelo vilarejo
com seus passos trôpegos enquanto tira fotos nada discretas de tudo o
que acontece: sua função seria a de mostrar a memória do vilarejo por
meio de suas próprias lembranças de um lugar bonito, com pessoas muito
alegres, que se mostra depois um lugar sem vida e triste.
O alegre universo criado pela diretora Laura Mañá
tem espaço até mesmo para prostitutas itinerantes, que percorrem o
interior do país em uma caminhonete vermelha trazendo o cartaz “Putas”. O
filme é dirigido e escrito pela estreante Laura Maná, que atuou como
roteirista. O roteiro é habitado por uma galeria de personagens
interessantes e muito divertida.
Comentário feminista:
O filme consegue tratar de temas feministas sem dar a eles um tom
dramático ou panfletário que só provocariam repulsa “as pessoas
não-entendidas”. A história analisa as limitações impostas por uma
sociedade patriarcal sobre a sexualidade de homens e mulheres de cultura
cristã. Entre os vários pontos altos do filme, está a cena em que nos
defrontamos com o famoso antagonismo prostituta vs “mulher séria”.
Outros desconcertantes acertos do roteiro estão em estabelecer uma
profunda relação de carência afetiva e insatisfação sexual entre os
sexos femininos e masculinos, revelar a "verdade biológica" sobre a
potência sexual masculina, além de criar cenas bem “didáticas” sobre
comportamentos de “cumplicidade” masculina e tradicionais angústias
femininas. Este é com certeza, desde sua realização a concepção da
história, o mais feminista dos filmes que já assistimos, pois Laura Mañá
evitou a todo custo reproduzir qualquer dos estereótipos machistas
comuns do cinema (um dos exemplos que podemos citar sem estragar o
grande prazer de assistir a película é o fato da protagonista ser
totalmente fora dos padrões de beleza atuais). Sexo por compaixão é
belíssimo e obrigatório para qualquer feminista. Vejam o trailer:
O
filme pode ser utilizado como auxílio à discussão de temáticas sobre as relações de
gênero. Ele levanta a discussão sobre a misoginia — a aversão, o
desprezo e o ódio às mulheres que abandonam suas qualidades ou atributos
de feminilidade convencionais. Trata também do machismo e do poder do
homem sobre a mulher; do sexismo, que é pautado no principio da
superioridade de um gênero sobre o outro; do heterossexismo, que é uma
forma de opressão e discriminação, baseada na orientação sexual e no
binarismo ativo/passivo; da sexualidade, que está presente em todo
filme, tanto pela generosidade de Lolita quanto através das prostitutas e
outros personagens. O filme envolve ainda outros temas: a identidade
sexual e de gênero; a violência de gênero (visível nas ofensas que as
prostitutas e que Lolita receberam); os estereótipos da mulher e do
homem; as diferenças; as desigualdades; e as discriminações das mulheres
prostitutas.
Uma outra proposta de atividade é explorar a linguagem que o filme aborda, trabalhando o
significado das palavras que são ditas; anotar e destacar as cenas mais
importantes, para a discussão
Tudo
no filme propicia elementos para que possam ser estudadas as relações
de gênero, como o jogo sensual que é feito por algumas mulheres, os
nomes dados aos personagens, o sugestivo título do filme e as cores que
retratam a mudança de humor de Lolita.
A
roteirista também brinca com os nomes dos personagens, já que cada um
tem relação com o tema em questão; um exemplo disto são os nomes dados à
personagem principal do filme: Dolores é associável ao sofrimento
(significa “dores, pesares”, em Espanhol) e mesmo que tentasse ajudar as
pessoas, passando lealdade e confiança por onde passava, sua vida
pessoal era uma lamentação. Já o segundo nome que adota, Lolita, é um
nome muito sensual e de forte impacto — Lolita foi título de um romance em língua inglesa, de autoria do escritor russo Vladimir Nabokov, publicado pela primeira vez em 1955, que trata de uma ninfeta e sua influência sobre o escritor, o que é ressaltado pelo fim trágico do personagem.
Outro
ponto que o filme coloca é a critica às atitudes machistas típicas dos
homens latino-americanos, que ganham um aspecto mais influente em
comunidades conservadoras e pequenas, como a Lolita.
Sites de Livros:
Diversidade na Educação: experiências de formação continuada de professores http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154577POR.pdf
Educação na diversidade: experiências e desafios na Educação Intercultural Bilíngüe http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154581POR.pdf
Gênero e Educacão para Todos. O SALTO RUMO À IGUALDADE http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001324/132480por.pdf
Educação como exercício de diversidade. http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001432/143241POR.pdf
RAÇA E GÊNERO NO SISTEMA DE ENSINO. Os limites das políticas universalistas na Educação
Educação como exercício de diversidade. http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001432/143241POR.pdf
RAÇA E GÊNERO NO SISTEMA DE ENSINO. Os limites das políticas universalistas na Educação
Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/escola_protege/caderno5.pdf
Sites Recomendados sobre o filme:
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