terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Interseccionalidade: como faz para não reproduzir mais exclusão para quem já está marginalizada?

Texto de Raíssa Éris Grimm.
Interseccionalidade.
Localizar e levar em conta os diferentes recortes de opressão e privilégio que nos situam. É um campo de tensão constante… Por um lado, a gente precisa nomear quem nos oprime. A gente precisa nomear os privilégios que se constroem às custas do que nos violenta. Ao mesmo tempo, saber que esse lugar não é fixo, que a pessoa que nos oprime também pode ser oprimida, inclusive pela nossa própria forma de apontar a opressão dela.
É uma parada na qual eu sou bem ruim. Eu sou branca, de classe média, ao mesmo tempo recortada por uma vivência de travestilidade, desde a qual eu me vejo apontando privilégios relacionados a cisgeneridade de pessoas que não são brancas, nem de classe média.
Falar das opressões que eu vivo, dar visibilidade a elas, não é um exercício teórico, é uma necessidade vital. É vital pra mim apontar e falar do poder que pessoas cisgêneras exercem, enquanto grupo, na minha vida. E implica falar dos privilégios que isso constrói. Ao mesmo tempo, várias vezes, a minha forma de fazer isso pesa junto com os tantos recortes de privilégio e minha luta contra a opressão pode se tornar opressora. Leia mais

Ocultando os efeitos colaterais dos contraceptivos hormonais: uma história racista e sexista

Texto de Bethy Squires. Publicado originalmente com o título: The Racist and Sexist History of Keeping Birth Control Side Effects Secret, no site Broadly em 17/10/2016. Tradução de Ana Cristina para as Blogueiras Feministas.
Um estudo recentemente publicado traz à tona a alarmante relação entre anticoncepcionais hormonais e a depressão. Mas os resultados encontrados são apenas os mais recentes de uma longa sucessão de batalhas, travadas por mulheres com seus médicos, por informações precisas sobre métodos contraceptivos.
Em setembro, a JAMA Psychiatry publicou um estudo dinamarquês que encontrou correlação entre o uso de anticoncepcionais hormonais e o diagnóstico da depressão clínica. O estudo monitorou o uso de contraceptivos hormonais e a prescrição de antidepressivos por mais de seis anos, e para mais de um milhão de mulheres. Eles descobriram que mulheres que faziam uso de contraceptivos hormonais – fosse a pílula, dispositivo intrauterino (DIU) ou o anel vaginal – tinham chances significativamente maiores de precisar da prescrição de antidepressivos.Leia aqui