domingo, 31 de janeiro de 2010

Aborto e a Criminilazação das mulheres


HÉLIO SCHWARTSMAN da folha online escreve um comentário sobre o aborto


"Comecemos com um pequeno experimento mental. Suponhamos por um breve instante que as leis e instituições funcionassem direitinho no Brasil e que todas as mulheres que induzem ou tentam induzir em si mesmas um aborto fora das hipóteses previstas em lei (risco de vida para a mãe ou gravidez resultante de estupro) fossem identificadas, processadas e presas. Neste caso, precisaríamos construir 5,5 novos presídios femininos (unidades de 500 vagas) por dia apenas para abrigar as cerca de 1 milhão de ex-futuras mamães que interrompem ilegalmente suas gravidezes a cada ano. (Utilizo aqui o número estimado por Mario Francisco Giani Monteiro e Leila Adesse para 2005).
Recursos igualmente vultosos teriam de ser destinados à edificação de orfanatos, para abrigar as milhares de crianças que ficariam desassistidas enquanto suas mães cumprissem pena."


Vale observar ainda que essa minha conta despreza um número significativo de médicos, parteiras ou simplesmente comadres e amigas que de algum modo auxiliaram as nossas reeducandas a livrar-se dos fetos indesejáveis e, pela lei, também deveriam ir a cadeia.
Minha pergunta é muito simples: Você acha que a aplicação universal do que preconiza a lei do aborto tornaria o Brasil um país melhor ou pior do que é hoje?


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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Visibilidade e Direitos - Dia 29 de Janeiro


O Dia Nacional da Visibilidade Travesti, comemorado neste 29 de janeiro, ganhou um reforço e um rosto institucionais. Lideranças travestis se reuniram no início do mês para elaborar peças publicitárias sobre promoção da identidade e do respeito aos direitos deste segmento da população. O material produzido no encontro, encampado pelo Ministério da Saúde do Brasil, será distribuído por ocasião da data pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.


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Governo de São Paulo amplia atendimento na rede pública para transexuais





Saiu no site da Clam 
 25/01/2010 - Agência de Notícias da Aids - Brasil

Desejo presente em praticamente todos os transexuais, a cirurgia para mudança de sexo, ou de redesignação sexual, está mais perto de deixar de ser um sonho impossível para quem não dispõe dos cerca de R$ 20 mil cobrados em média pelo procedimento na rede privada de saúde. A criação pelo governo do Estado do Ambulatório de Atenção Integral à Saúde de Travestis e Transexuais abre uma brecha na parede, até então quase intransponível, para se conseguir a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O primeiro ambulatório dedicado exclusivamente a travestis e transexuais entrou em funcionamento em julho de 2009 e já faz cirurgias para remoção de silicone industrial (líquido), em parceria com o Hospital Diadema, e tratamento com hormoniterapia. O próximo passo é ampliar a oferta de cirurgias de redesignação sexual.


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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

TRATAMENTO HORMONAL RESPONDE POR 45% DA DEMANDA NO AMBULATÓRIO PARA TRAVESTIS E TRANSEXUAIS


Levantamento realizado pelo Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde, mostrou que a demanda mais recorrente no centro é a hormonioterapia, responsável por 45% dos casos. Também são frequentes demandas por cirurgia de redesignação sexual, com 37% dos casos, e remoção de silicone industrial, com 14% dos casos. O ambulatório completou seis meses em dezembro.

Também estão entre os principais interesses do público do ambulatório a realização de testes para HIV e hepatites virais e acompanhamento médico para portadores de HIV. A maior parte das usuárias tem entre 30 e 40 anos e estudou até o ensino médio.

O ambulatório foi responsável pela realização da primeira cirurgia para retirada de silicone realizada pelo SUS em todo o país. “A oferta de cirurgia para a remoção de silicone é uma importante medida para a melhora na qualidade de vida de nossas usuárias. A ocorrência de deformidades decorrentes da aplicação de silicone industrial pode acarretar graves danos físicos e psíquicos”, afirma Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP. Até o momento, 73 usuárias foram encaminhadas para avaliação de remoção de silicone no Hospital Estadual de Diadema.

O ambulatório tem capacidade para 300 atendimentos por mês e oferece assistência integral a travestis e transexuais.  “O centro tornou-se uma referência para a saúde pública. Elabora protocolos clínicos, desenvolve e avalia tecnologias e modelos assistenciais e promove atividades integrando movimentos sociais. Também é um local de treinamento para profissionais de saúde nessa área de atuação”, observa Maria Clara Gianna.
Autoria: Assessoria de Imprensa - 19/01/10

Em dez anos, número de adolescentes grávidas cai 36% em SP



Por: 11/01/2010 - Estado de São Paulo - Brasil

SÃO PAULO - Em dez anos, o Estado de São Paulo registrou uma queda de 36,2% no número de adolescentes grávidas. Em 2008, o Estado contabilizou 94.461 jovens com idades até 19 anos grávidas. Já em 1998, foram registrados 148.018 casos. Os dados fazem parte de levantamento da Secretaria de Estado da Saúde em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).



Segundo a secretaria, o número de casos de gravidez na adolescência vem caindo ano a ano. Em 1999, foram registradas 144.362 ocorrências no Estado. Em 2000, foram 136.042. Já em 2001, houve 123.714; em 2002, 116.368; em 2003, foram 109.082; em 2004, foram 106.737; em 2005, 104.984; em 2006, foram 100.632; e, em 2007, 96.554 casos.

As adolescentes grávidas, no ano de 2008, representaram 15,7% do total de partos. Esse índice foi de 16,25% no ano anterior, 16,6% em 2006, 16,9% em 2005, 17,0% em 2004, 17,5% em 2003 e 18,4% em 2002.

"Já há bastante tempo a ocorrência de gravidez está em declínio no Estado de São Paulo. Ano a ano, essa tendência de queda vem se mantendo. Isso é resultado de um conjunto de ações, que inclui a disseminação da informação sobre a importância do sexo seguro, além do trabalho em relação ao comportamento juvenil, lidando com os medos e inseguranças dos adolescentes que podem levá-los a um comportamento de risco", afirma o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.

Prevenção
Por meio do Programa de Saúde do Adolescente, a Secretaria de Estado da Saúde vem, ao longo dos anos, capacitando profissionais de municípios de todo o Estado.

Apenas em 2009, cerca de 3 mil profissionais foram capacitados gratuitamente. O objetivo do Programa é sensibilizar e criar uma cultura de discussão dos problemas relacionados aos adolescentes e estimular o atendimento.

Atualmente, em todo o Estado há 24 Casas do Adolescente que oferecem atendimento integral e multidisciplinar. Seguem como modelo a Casa do Adolescente de Pinheiros, na capital, que foi a primeira a ser implantada e oferece desde 1993 atendimento com profissionais de áreas diversas, entre médicos, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos e professores, todos especializados em orientação sexual a jovens.

Também há cursos, aulas de dança, cursos de culinária, de artesanato e terapias em grupo. Os projetos são colocados em prática de acordo com a demanda.


reportagem neste link

Saúde do Homem: questões e desafios


De acordo com repostagem do CLAM - Centro Latino Americano em sexualidade e direitos humanos temos os seguintes desafios diante da Política Nacional de Promoção e Atenção à Saúde do Homem : - promover uma mudança mais profunda na maneira como os homens se relacionam com sua própria saúde. A idéia é fazer com que homens entre 20 e 59 anos procurem preventivamente um médico ao menos uma vez por ano.

O pesquisador Romeu Gomes, doutor em Saúde Pública, professor de Antropologia e Saúde e Pesquisa Qualitativa em Saúde do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) faz a seguinte critica ao plano nacional :
“A saúde do homem deve ser destacada não só para se desenhar o perfil epidemiológico da morbimortalidade masculina, mas também para que se percebam os aspectos culturais que comprometem sua saúde. O predomínio é a análise do homem como uma variável de sexo, em perfis epidemiológicos. Certos quadros de agravos à saúde masculina podem ser melhor compreendidos a partir da forma como homens são socializados e do entendimento como são estabelecidas as relações entre os gêneros estruturadas por modelos culturais”, avalia.

Segundo ele, os homens pouco procuram os serviços de saúde por vários motivos: “Os cuidados em geral são percebidos como femininos, e não masculinos; os homens costumam ser vistos como fortes e invencíveis e, por isso, só buscam ajuda quando os problemas se agravam, quando não conseguem trabalhar; os serviços de atenção básica costumam ser vistos como lugar de crianças, mulheres e idosos; e as ações de atenção básica voltadas para os segmentos masculinos ainda são tímidas”, destaca.



Para alguns autores, a discussão sobre impotência sexual – a transformação da impotência em disfunção erétil – e a atuação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) foram peças fundamentais na construção da nova política de atenção à saúde do homem.


De acordo com a pesquisadora Fabíola Rohden (IMS/UERJ), é preciso observar a existência de dois processos paralelos ao longo do desenvolvimento da nova política. Trata-se, diz ela, “de uma conjunção entre o esforço no sentido de integrar a população masculina ao Sistema Único de Saúde (SUS), através da conscientização e da melhoria da qualidade nos atendimentos, e a construção do diagnóstico de disfunção sexual, centrada sobretudo na idéia de disfunção erétil. “Até os anos 80, a categoria que se usava era a de impotência, categoria esta que viria a ser substituída pela de ‘disfunção sexual’.


Assinala Jorge Lyra, pesquisador do Instituto Papai, a escolha dos homens como sujeitos de uma política pública voltada à saúde significa um “desdobramento e um avanço a partir das conquistas históricas dos movimentos feminista, gay e lésbico, e das inúmeras lições aprendidas”. Ainda assim, segundo ele, há muito trabalho a ser feito.

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domingo, 17 de janeiro de 2010

DECRETO Nº 51.180, DE 14 DE JANEIRO DE 2010- inclusão e uso do nome social de pessoas travestis e transexuais

DECRETO Nº 51.180, DE 14 DE JANEIRO DE 2010
Dispõe sobre a inclusão e uso do nome social de pessoas travestis e transexuais nos registros municipais relativos a serviços públicos prestados no âmbito da Administração Direta e Indireta, conforme especifica.
GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,
D E C R E T A:
Art. 1º. Os órgãos e entidades da Administração Municipal Direta e Indireta devem incluir e usar o nome social das pessoas travestis e transexuais em todos os registros municipais relativos aos serviços públicos sob sua responsabilidade, como fichas de cadastro, formulários, prontuários, registros escolares e outros documentos congêneres.
§ 1º. Entende-se por nome social aquele pelo qual travestis e transexuais se reconhecem, bem como são identificados por sua comunidade e em seu meio social.
§ 2º. A anotação do nome social das pessoas travestis e transexuais deverá ser colocada por escrito, entre parênteses, antes do respectivo nome civil.
Art. 2º. As pessoas travestis e transexuais deverão manifestar, por escrito, seu interesse na inclusão do nome social, mediante o preenchimento e assinatura de requerimento próprio, conforme modelo constante do Anexo I deste decreto.
Parágrafo único. No caso de pessoa analfabeta, o servidor ou empregado público municipal que estiver realizando o atendimento certificará o fato, na presença de 2 (duas) testemunhas, mediante declaração cujo modelo consta do Anexo II deste decreto.
Art. 3º. É dever da Administração Pública Municipal Direta e Indireta respeitar o nome social do travesti ou transexual, sempre que houver, usando-o para se referir a essas pessoas, evitando, no trato social, a utilização do respectivo nome civil.
§ 1º. Havendo a necessidade de confecção de crachás, carteiras ou outro tipo de documento de identificação, deverá ser observado, mediante prévia solicitação por escrito do interessado, o nome social do travesti ou transexual e não o nome civil dessas pessoas.
§ 2º. Nas manifestações que eventualmente se fizerem necessárias em documentos internos da Administração Direta e Indireta, relativas às pessoas travestis e/ou transexuais, deverá ser utilizado o termo "nome social", vedado o uso de expressões pejorativas.
§ 3º. Nos casos em que o interesse público exigir, inclusive para salvaguardar direitos de terceiros, deverá ser considerado o nome civil das pessoas travestis e transexuais.
Art. 4º. Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 14 de janeiro de 2010, 456º da fundação de São Paulo.
GILBERTO KASSAB, PREFEITO
JOSÉ RICARDO FRANCO MONTORO, Secretário Municipal de Participação e Parceria
Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 14 de janeiro de 2010.
CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal

sábado, 16 de janeiro de 2010

Nota Pública das Feministas

Nota Pública
O III Programa Nacional de Direitos Humanos e os Direitos Sexuais e Reprodutivos das Mulheres
AO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ÀS AUTORIDADES BRASILEIRAS
À SOCIEDADE BRASILEIRA
A Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, a Relatoria Nacional do Direito Humano à Saúde Sexual e Reprodutiva da Plataforma de Direitos Humanos Econômicos Sociais, Culturais e Ambientais - Plataforma DhESCA e as Jornadas Brasileiras pelo Aborto Legal e Seguro, apoiadas por redes, articulações, movimentos de mulheres e feministas e feministas autônomas, abaixo assinadas, vem à sociedade brasileira e seus agentes políticos, em especial ao Excelentíssimo Sr. Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, manifestar seu apoio à iniciativa de incluir o tema dos direitos sexuais e reprodutivos no III Programa Nacional de Direitos Humanos. Manifesta, ao mesmo tempo, sua preocupação com as reações desmedidas dos setores conservadores com temas que afetam diretamente o interesse das mulheres, como a proposta contida no Programa de “apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”.
É sabido que o aborto, quando realizado clandestinamente e em condições inseguras dada sua criminalização,
resulta num grave problema de saúde pública por afetar seriamente a saúde física e mental das mulheres e
constituir-se numa das quatro primeiras causas de mortalidade materna no país. As mortes maternas por aborto inseguro, todas de caráter evitável, configuram-se como uma grave violação dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das mulheres e dos seus Direitos Humanos.
Queremos reafirmar o fato de que o Estado Brasileiro ratificou os principais tratados internacionais de direitos humanos no âmbito das Nações Unidas, que podem ser aplicados para o contexto da saúde da mulher e dos direitos sexuais e reprodutivos, tais como: o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e a Convenção sobre a Tortura.
Além disso, o governo brasileiro também ratificou os principais tratados internacionais de direitos humanos no
âmbito do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos, tais como: a Convenção Americana de Direitos Humanos, a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, a Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos em matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - Protocolo San Salvador.
O governo brasileiro também aderiu aos documentos internacionais resultantes das Conferências Internacionais, que contemplam os compromissos dos governos em relação à saúde da mulher e seus direitos sexuais e reprodutivos. Dentre eles destacam-se a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (Cairo, 1994), a IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Beijing, 1995), a Cúpula sobre Desenvolvimento Social (1995), a Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (1999), a Resolução da Declaração do Milênio das Nações Unidas, adotada pela Assembléia Geral (2000) e a Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a IV Conferência Mundial sobre a Mulher.
Os tratados internacionais de direitos humanos tornam-se legalmente exigíveis quando os governos os ratificam e assumem o compromisso perante a comunidade internacional de realizar esforços para a sua implementação no seu território. Neste sentido, os governos devem assegurar que suas leis, políticas e práticas não estão em conflito e refletem os compromissos assumidos internacionalmente de respeitar, proteger e assegurar a plena realização dos direitos humanos, como o direito à vida, à saúde, à liberdade e segurança da pessoa, dentre outros.
A existência no Estado Brasileiro de Marcos Legais Nacionais e Internacionais de proteção dos direitos humanos das mulheres no âmbito da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos, não tem, no entanto, se revertido em mudanças significativas nos indicadores de qualidade de vida das mulheres de baixa renda, das negras, das indígenas, das mulheres rurais e no sistema prisional, bem como daquelas excluídas dos bens sociais. A criminalização do aborto é um fator importante de vitimização das mulheres brasileiras, lançando-as à práticas inseguras e clandestinas em relação à gestações não desejadas e não planejadas. Cerca de 1 milhão de abortos são realizados anualmente no Brasil, dos quais 250 mil apresentam complicações, necessitando de internação no Sistema Único de Saúde. Não se pode admitir que na ausência de políticas que garantam este direito, mulheres estejam sendo denunciadas e punidas pela realização de aborto clandestino.
Com base nestes compromissos e por acreditarmos que o estado e a sociedade brasileira possuem uma dívida com as mulheres expondo-as a condições degradantes e humilhantes no exercício dos direitos reprodutivos e em especial do direito de decidir, é que vimos publicamente repudiar as iniciativas que visam a exclusão dos itens relativos à autonomia das mulheres nas questões relativas aos seus direitos sexuais e reprodutivos.
A Rede Feminista de Saúde, a Relatoria do Direito à Saúde Sexual e Reprodutiva-Plataforma Dhesca e as Jornadas Brasileiras pelo Aborto Legal e Seguro, com o apoio de centenas de organizações de mulheres de todo o Brasil, rogam ao Sr Presidente da República que não ceda às pressões conservadoras, em especial aquelas advindas da hierarquia da Igreja Católica, reafirmando a garantia do estado democrático e laico e o direito das mulheres de decidir com autonomia sobre suas vidas.
Porto Alegre, Salvador, Pernambuco, 13 de Janeiro de 2010
Telia Negrão e Maria Luisa Pereira de Oliveira - Secretárias Executiva e Adjunta da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e conselheiras diretivas da Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe-RSMLAC
Maria José de Oliveira Araújo e Cecília Simonetti – Relatora Nacional e Assessora do Direito Humano à Saúde Sexual e Reprodutiva da Plataforma de Direitos Humanos Econômicos Sociais, Culturais e Ambientais-Plataforma
Dhesca e conselheira consultiva da Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe-RSMLAC
Paula Viana – Coordenadora das Jornadas Brasileiras pelo Aborto Legal e Seguro

Nota Pública da Articulação Brasileira de Mulheres.



NOTA PÚBLICA


A Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), movimento feminista que reúne mais de vinte fóruns, redes e articulações estaduais de mulheres e, através destes, articula centenas de organizações, grupos, ONGs e movimentos de mulheres em todo o território nacional, vem a público manifestar seu apoio ao Programa Nacional de Direitos Humanos III (PNDH III) e expressar os nossos cumprimentos ao Ministro Vannuchi, que mesmo sabendo dos riscos que correria por parte da ofensiva conservadora brasileira, optou por ser fiel aos anseios dos milhares de pessoas que participaram da construção do PNDH III.
Fruto de um amplo processo participativo que envolveu debates, seminários, conferências e negociações do qual participaram milhares de representantes do governo e de diversos setores da sociedade civil, o PNDH III representa um avanço substantivo na efetivação dos direitos humanos como política de Estado, essencial para a construção de um país verdadeiramente democrático.
O PNDH III toca em questões fundamentais para a justiça social e a democracia, dentre as quais a democratização da propriedade e dos meios de comunicação, a revisão de leis do período da ditadura militar que embasaram violações de direitos humanos, a efetivação da laicidade do Estado, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto.
Em meio a pressões dos setores conservadores e fundamentalistas, o presidente Lula, infelizmente, aponta para a revisão do PNDH III, tanto no que se refere à punição de torturadores na ditadura militar, como na revisão da lei que pune o  aborto no Brasil, que segue a mesma desde 1940, alegando que o Plano, neste ponto, não expressa a posição do governo.
Esta afirmação é no mínimo estranha, considerando que o PNDH III foi assinado por trinta e um dos(as) trinta e sete ministros(as) do governo e  construído ao longo de um ano, tendo como marco inicial os debates da XI Conferência Nacional de Direitos Humanos e tendo permanecido por meses no site da Secretaria de Direitos Humanos para consulta nacional.
Pode ser que o PNDH não expresse a posição pessoal do presidente Lula, que é de foro íntimo e se ampara em crenças religiosas, mas, certamente, ele expressa a posição da maioria das mais de 14 mil pessoas que participaram da elaboração do plano. Isto porque o Plano deve expressar as resoluções de uma política de Estado – laico, no caso do Brasil – e o compromisso deste com a efetivação dos direitos humanos, incluindo os direitos das mulheres, que são violados quando não se assegura às mulheres a autonomia sobre seu próprio corpo e reprodução.
A descriminalização e a legalização do aborto são mais que questões de saúde pública. Significam a garantia de uma vida digna para todas as mulheres e o respeito a uma série de direitos fundamentais que lhes são atribuídos por documentos como a Declaração Universal de Direitos Humanos e a Constituição Federal. A revisão de uma legislação anacrônica – que se mantém intocável por quase 60 anos à custa da inflexibilidade moralista dos setores políticos alinhados à Igreja –, atende às recomendações de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas, que já debateram a temática dos direitos reprodutivos em diversos tratados e convenções internacionais e conclamaram os governos do mundo inteiro a rever suas políticas de planejamento familiar e reprodutivo de forma a não punirem as mulheres pela inadequação dessas políticas às suas realidades.
Entendemos que qualquer mudança no PNDH III representará um retrocesso para a democracia brasileira e para o sistema de construção participativa das políticas públicas, significando a negação das vozes e lutas travadas ao longo de décadas pelos movimentos de Direitos Humanos e dos Movimentos de Mulheres, seu respaldo no direito constitucional e internacional e sua legitimidade na construção de um documento que, acreditava-se, marcaria um momento de maturidade política e liberdade democrática em nosso país.
Por isso, nós, da AMB, afirmamos que nos manteremos atentas e firmes em nosso apelo por coerência, justiça e respeito à vida das mulheres, pois este é um compromisso que precede oportunismos partidários e eleitoreiros. Não podemos admitir seguir vivendo num país onde o direito ao reconhecimento de nossa humanidade é visto como algo menor, que pode ser adiado ou cerceado em prol do conservadorismo moralista de forças políticas funamentalistas. Nós brasileiras também desejamos, como outras mulheres do mundo, o reconhecimento de nosso direito de escolha, de nossas liberdades individuais e de nossas lutas coletivas!
  
13 de janeiro de 2010

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Meninas de 13 a 19 anos são foco de campanha do Ministério da Saúde


Da Agência Brasil
Durante o Carnaval de 2010, o Ministério da Saúde vai priorizar a campanha de prevenção à Aids no grupo de meninas de 13 a 19 anos.
O motivo é o crescimento de casos entre as garotas dessa faixa etária nos últimos anos. Segundo o último Boletim Epidemiológico da Aids e de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), divulgado em novembro, foram registrados mais casos entre as garotas dessa idade em relação aos meninos desde 1998.
Atualmente, a cada 8 meninos infectados existem 10 casos de meninas. Antes, a proporção eram 10 mulheres para cada grupo de 15 homens. Segundo o diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa, a maioria dos jovens busca o preservativo na primeira relação sexual. Mas quando o relacionamento fica estável, o uso da camisinha é deixado de lado.
“Na medida que vão tendo confiança no companheiro abandonam o preservativo”, disse Barbosa, em entrevista à Agência Brasil. Com veiculação nas emissoras de televisão e rádio, a campanha vai orientar os jovens sobre as formas de contágio da doença e os cuidados para a prevenção, além da distribuição de camisinhas nos sambódromos e blocos de rua.
O Ministério da Saúde já encomendou 1,2 bilhão de preservativos para ações da pasta no decorrer dos próximos dois anos, conforme Barbosa. Uma das políticas do ministério para o público de 13 a 24 anos de idade é o programa Saúde e Prevenção nas Escolas, em que o estudante recebe orientações sobre o contágio, sintomas, prevenção, tratamento e como viver com o vírus HIV.
Conforme Barbosa, 50.214 escolas públicas e particulares já integram o programa. Em 10 mil, o aluno pega o preservativo no próprio colégio.
A decisão de distribuir ou não é tomada pela comunidade escolar. Segundo a representante da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, em São Paulo, Micaela Cyrino, poucas escolas da capital paulista entraram no programa. Ela atribui a baixa adesão às diferenças sociais na metrópole e o preconceito da sociedade em falar de sexo com adolescentes.
“As pessoas encaram como incentivo ao sexo e não como prevenção”, afirmou. A estimativa é que existam 630 mil pessoas infectadas com o vírus HIV no Brasil.

domingo, 3 de janeiro de 2010

ONU: Mais planejamento e assistência reduziriam mortes de bebês em 50%


Se o mundo dobrasse a quantia que gasta hoje com planejamento familiar e assistência durante a gravidez em países em desenvolvimento, 70% das mortes de mães e 50% das mortes de bebês recém-nascidos poderiam ser evitadas, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas, ONU.

Investimentos direcionados também poderiam reduzir em dois terços o número de gravidezes indesejadas e de abortos realizados de forma perigosa, contribuindo também para uma redução na pobreza - diz o documento.
Produzido pelo Guttmacher Institute e UNFPA, o Fundo da População das Nações Unidas, o relatório diz que meio milhão de mães e 3,5 milhões de bebês recém-nascidos morrem todos os anos em países em desenvolvimento.
Segundo os especialistas, essas mortes poderiam ser facilmente evitadas.
"Investir em um punhado de serviços básicos de saúde, como planejamento familiar e assistência de rotina durante a gravidez e no parto, poderia salvar milhões de mulheres e bebês", disse a presidente do Guttmacher Institute, Sharon Camp.
"Não é ciência espacial. São serviços básicos que podem ser oferecidos a baixos custos e localmente, suplementados por assistência de emergência quando necessário".
Maior Eficiência
Cerca de US$ 12 bilhões são gastos anualmente no mundo em planejamento familiar e assistência à mãe e bebê - a maior parte desse dinheiro vem de países desenvolvidos e das próprias famílias.
O relatório sugere que o investimento total necessário para evitar milhões de mortes em países pobres seria pouco mais do que o dobro desse valor, cerca de US$ 24,6 bilhões.
Intitulado Adding It Up: The Costs and Benefits of Investing in Family Planning and Maternal and Newborn Health, ("Fazendo a Soma: Os Custos e Benefícios de se Investir em Planejamento Familiar e Saúde da Mãe e do Bebê", em tradução livre), o relatório também ressalta que o investimento em planejamento familiar aumenta a eficiência de cada dólar gasto com a oferta de assistência à mãe durante a gravidez e ao recém-nascido.
Ou seja, investir simultaneamente em planejamento familiar e em serviços para a mãe e bebê pode produzir os mesmos benefícios, gastando-se US$ 1,5 bilhão a menos, do que quando o investimento é feito apenas em assistência à mãe e ao recém-nascido.
O relatório quantifica os benefícios de se oferecer planejamento familiar e assistência à mãe e bebê.
O efeito potencializador da combinação, segundo o documento, é dramático: as mortes de 400 mil mães e 1,6 milhões de bebês seriam evitadas; o número de gravidezes indesejadas cairia mais de dois terços, abortos perigosos e complicações resultantes diminuiriam em 75%.
Tudo isso, segundo os especialistas, levaria a uma redução na pobreza e maior desenvolvimento econômico de países pobres.

"O investimento é modesto em relação aos vastos benefícios", disse Thoraya Ahmed Obaid, diretora executiva da UNFPA.
Dinheiro gasto com planejamento familiar produz um aumento no uso de preservativos e tem, portanto, o efeito adicional de prevenir o alastramento do vírus HIV e de outras doenças transmitidas sexualmente, dizem os especialistas.
"O relatório mostra a melhor forma de se direcionar os recursos para alcançar os maiores ganhos. Investir nas mulheres tem benefícios enormes, não apenas para indivíduos e famílias, mas para a sociedade como um todo", disse a presidente do Guttmacher Institute, Sharon Camp.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Casos de Aids em mulheres com mais de 50 anos quase dobra em 10 anos


Dados do Boletim Epidemiológico de DST/Aids 2009 divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que a incidência de Aids em mulheres acima de 50 anos em 2007 praticamente dobrou em relação a 1997, passando de 5,2 casos por 100 mil habitantes para 9,9 casos em 2007. No mesmo período, a taxa entre homens nessa faixa etária passou de 12 para 18.
Leia materia

Sexo precoce aumenta risco de câncer do colo do útero, diz estudo


Sexo precoce aumenta risco de câncer do colo do útero, diz estudo



da BBC Brasil
Um estudo com 20 mil mulheres revelou uma associação entre a iniciação sexual precoce e índices mais elevados de câncer do colo do útero.
O objetivo da pesquisa era entender por que mulheres mais pobres correm maior risco de desenvolver esse tipo de câncer.
Os especialistas constataram que essas mulheres tendem a iniciar sua vida sexual em média quatro anos antes do que mulheres de classes sociais mais elevadas.
Por conta disso, elas entrariam em contato mais cedo com o vírus que leva ao desenvolvimento do câncer do colo do útero, dando ao vírus mais tempo para produzir a longa cadeia de eventos que, anos mais tarde, levaria ao câncer.
Acreditava-se anteriormente que a disparidade era resultado de baixos índices de controle preventivo em regiões mais pobres.
O estudo, feito pela International Agency for Research on Cancer, parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi publicado na revista científica British Journal of Cancer.
Sem explicação
Embora a diferença na incidência do câncer do colo do útero entre ricos e pobres --verificada em todo o mundo-- tenha sido constatada há muitos anos, os cientistas não sabiam explicá-la.
Especialmente porque os índices de infecção pelo vírus HPV (sigla inglesa para papiloma vírus humano) --uma infecção por transmissão sexual que é responsável por boa parte dos casos de câncer do colo do útero-- pareciam ser semelhantes em todos os grupos.
O estudo confirmou que os índices mais altos de câncer do colo do útero não estavam associados à maior incidência de infecção pelo HPV.
O que a pesquisa revelou foi que o risco, duas vezes mais alto, é explicado pelo fato de que mulheres mais pobres iniciam sua vida sexual mais cedo.
A idade em que uma mulher tem seu primeiro filho também pareceu ser um fator importante.
O estudo revelou que exames preventivos, como o papanicolau, exercem um certo efeito sobre o nível de risco.
Mas o número de parceiros sexuais que uma mulher tem, e o hábito de fumar, não pareceram interferir nos resultados.
Tempo
A responsável pelo estudo, Silvia Franceschi, disse que os resultados não se aplicam apenas a jovens adolescentes. Por exemplo, o risco de desenvolver câncer do colo do útero também é maior em mulheres que tiveram sua primeira relação sexual aos 20 em vez dos 25 anos.
"No nosso estudo, mulheres mais pobres se tornaram sexualmente ativas em média quatro anos antes."
"Então, elas também podem ter sido infectadas pelo HPV mais cedo, dando ao vírus mais tempo para realizar a longa sequência de eventos que são necessários para o desenvolvimento do câncer."
A representante da entidade britânica de pesquisas sobre o câncer Cancer Research UK, Lesley Walker, disse que o estudo levanta questões importantes.
"Embora mulheres possam ser infectadas pelo HPV a qualquer idade, a infecção em idade menor pode ser especialmente perigosa, já que (o vírus) tem mais tempo para causar os danos que levam ao câncer."
"Os resultados parecem reforçar a necessidade de vacinação contra o HPV em escolas, antes que (as meninas) comecem a ter relações sexuais, especialmente entre meninas de áreas mais pobres."