sábado, 30 de junho de 2012

filmes para ampliar visões sobre sexualidade e relações de gênero

Lista de filmes para ampliar visões sobre sexualidade e relações de gênero


A Insustentável leveza do ser (EUA, 1988, Philip Kaufman). Assunto predominante: Relações de amor e política.
Amigas de colégio (Suécia, 1998, Lukas Moodysson). Assunto predominante: sexualidade na adolescência; despertar para um amor lésbico.
Amores e outras catástrofes (Australia, 1996, Emma Kate Croghan). Assunto predominante: relações de gênero e sexualidade na juventude universitária.
As Bostonianas (Inglaterra, 1984, James Ivory). Assunto predominante: O filme, baseado no livro de Henry James (1886), narra a trajetória do feminismo nascente, na Nova Inglaterra pós-guerra civil, nos EUA.
As horas (EUA, 2002, Stephen Daldry). Assunto predominante: gênero e mulheres; literatura (baseado na obra Ms. Dollowey de Virginia Woolf).
Beleza Americana (EUA, 1999, Sam Mendes). Assunto predominante: relação conjugal; gênero e sexualidade no conflito de gerações; homofobia.
Billy Eliot (Reino Unido, 2000, Stephen Daldry) Assunto predominante: Gênero e classe; identidade sexual; dança (um garoto faz ballet).
Chocolate (EUA, 2000, Lasse Hallström). Assunto predominante: gênero, sexualidade e amor; relação mãe e filha; descobertas, transgressões.
Delicada atração (Inglaterra, 1996, Hettie Macdonald). Assunto predominante: juventude e sexualidade masculina; homoerotismo.
Desejos proibidos (EUA, 2000, Jane Anderson). Assunto predominante: homossexualidade feminina em três épocas históricas diferentes e seus contextos políticos.
Eternamente Pagu (Brasil, 1987, Norma Bengell). Narra a trajetória biográfica e política de Pagu e outras personalidades da época, como Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.
Felicidade (EUA, 1998, Todd Solondz). Assunto predominante: abuso sexual, gênero e sexualidade no contexto da decadência americana.
Felizes juntos (Wong Kar-wai, 1997, Hong Kong). Assunto predominante: homossexualidade masculina.
Frida (EUA, 2002, Julie Taymor). Assunto predominante: biografia da artista Frida Khalo; amor, relação homem-mulher; homoerotismo feminino.
Gaiola das Loucas (EUA,1996, Mike Nichols). Assunto predominante: homossexualidade masculina.
Garota, interrompida (EUA, 1999, James Mangold). Assunto predominante: gênero, sexualidade; transgressão e loucura do ponto de vista da repressão institucional.
Garotos não choram (EUA, 1999, Kimberly Peirce). Assunto predominante: sexualidade, identidade sexual e de gênero através da experiência de um/a transgênero; violência. EUA.
Geração Roubada (Austrália, 2002, Phillip Noyce). Assunto predominante: Opressão cultural e situação feminina. Sugestão enviada pela administradora Vanilde P. Ramos, visitante do nosso site.
Íris (Inglaterra, 2001, Richard Eyre). Narra a trajetória biográfica de Íris Murdoch, escritora e filósofa inglesa, sua relação com os homens, e seu casamento, até a morte por Alzheimer em 1999.
Jogo perigoso (EUA, 1986, Anthony Page). Assunto predominante: identidade sexual e gênero; tênis e transexualidade (um/a jogador/a de tênis famoso/a passa pela mudança de sexo).
Lolita (EUA, 1997, Adrian Lyne). Assunto predominante: adolescência; relacionamento inter-geracional.
Madame Satã (Brasil, 2002, Karim Aïnouz). Assunto predominante: identidade sexual, negritude, preconceito, política e arte.
Maurice (Inglaterra, 1987, James Ivory). Assunto predominante: amor e sexualidade; homossexualidade masculina.
Minha vida em cor de rosa (Bélgica, 1997, Alain Berliner) Assunto predominante: identidade sexual e gênero.
Morangos e chocolate (Cuba/México/Espanha, 1994, Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío). Assunto predominante: política, repressão, homofobia e homossexualidade masculina.
O closet (França, 2001, Katharine Houghton). Assunto predominante: homofobia, relações familiares e sexualidade.
O oposto do sexo (EUA,1998, Don Ross). Assunto predominante: sexualidade; homossexualidade masculina.
O Padre (Inglaterra, 1994, Antonia Bird) Assunto predominante: religião e sexualidade; homossexualidade masculina. Inglaterra.
O Sorriso de Mona Lisa (EUA, 2003, Mike Newell). Assunto predominate: Conservadorismo, resistência e relação professora - aluna. Sugestão enviada pela administradora Vanilde P. Ramos, visitante do nosso site.
Plata quemada (Argentina, 2000, Marcelo Piñeyro). Assunto predominante: homossexualidade masculina; violência. Argentina.
Priscila, a rainha do deserto (Austrália, 1994, Stephan Elliott). Assunto predominante: homens e sexualidades; identidades e relações familiares.
Procura-se Amy (EUA, 1997, Kevin Smith). Assunto predominante: gênero e sexualidade. Homossexualidade feminina; bissexualidade.
Quando a noite cai (Canadá, 1995, Patricia Rozema). Assunto predominante: amor e sexualidade. Homossexualidade feminina.
Regras da vida (EUA, 1999, Lasse Hallström). Assunto predominante: trajetória de um rapaz que vive em um orfanato; gênero, sexualidade e aborto; religião, moral e ciência.
Será que ele é? (EUA, 1997, Frank Oz). Assunto predominante: identidade, homossexualidade masculina.
Sexo, mentiras e videotape (EUA, 1998, Steven Soderbergh). Assunto predominante: sexualidade e relação homem-mulher.
Sob o sol de Toscana (EUA, 2003, Audrey Wells) Assunto predominante: Divórcio e recomeço. Sugestão enviada pela administradora Vanilde P. Ramos, visitante do nosso site.
Thelma e Louise (EUA, 1991, Ridley Scott). Assunto predominante : cultura e sociedade, relação entre mulheres, gênero e violência.
Tomates Verdes Fritos (EUA / Inglaterra, 1991, Jon Avnet). Assunto predominante: cultura e sociedade, relação entre mulheres, gênero e violência.
Três formas de amar (EUA, 1994, Andrew Fleming). Assunto predominante: Relações amorosas. Sugestão enviada pela administradora Vanilde P. Ramos, visitante do nosso site.
Tudo sobre minha mãe (Espanha/França, 1999, Pedro Almodóvar). Assunto predominante: relações familiares e sociedade; sexualidade, soropositividade e AIDS.
Um amor quase perfeito (Itália, 2001, Ferzan Ozpetek). Assunto predominante: amores, sexualidades, identidades.
Virgina (Yugoslavia, 1991, Srdjan Karanovic). Assunto predominante: Gênero.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Filme Não Sei Como Ela Consegue





Sinopse : Kate Reddy (Sarah Jessica Parker) é o modelo de mulher moderna. Divide habilmente seu tempo entre os afazeres domésticos como mãe de família e os profissionais, decorrentes de seu trabalho como analista financeira. Quando a grande oportunidade de ascender na carreira aparece, vê sua vida virar do avesso por causa das inúmeras viagens que têm de fazer ao lado de Jack Abelhammer (Pierce Brosnan), charmoso banqueiro com quem passa a desenvolver um projeto. Kate se vê, então, diante de um dilema: como conciliar amor, trabalho e família e não sucumbir aos encantos do colega de trabalho bonitão?
Veja trailler

 Filme  deliciosamente realista. Uma mulher penalizada de todos os lados. Oprimida no trabalho por ser mãe, oprimida na família por ser profissional. Um mercado abusivo, massacrante, masculino. O machismo implícito nas opiniões dos profissionais que trabalham com ela, quase todos homens, e das mães que optaram por não trabalharem, na comunidade escolar. Só me perguntei durante bastante tempo: e o marido?

Logo no início do filme é mostrado o casal. A protagonista é casada. Continuei me perguntando como é que ela era sobrecarregada, se era porque o marido não dava conta de fazer as tarefas, enfim, fiquei confusa. Pior, com receio de que o filme fosse apelar para uma solução do tipo: "não precisam incomodar seus maridos com tarefa doméstica, vocês conseguem meninas", o que também acho de um machismo gritante. Pois não é que até nisso o filme me deixou boquiaberta?

No fim das contas, de um título e cartaz de comédia-mulherzinha-tipo-chicklit que me desagradava, acabei assistindo a um filme... feminista! Feminista porque propõe, apesar dos momentos caricatos e mais ou menos estereotipados do cinema e, mais especificamente, da comédia, uma solução de igualdade. Mostra, entremeados aos recursos hollywoodianos de contar histórias, uma situação muito opressora, dramática e triste. Melhor de tudo: com diferentes personagens ilustrando os diferentes discursos sobre estas mulheres tão massacradas: as mães que trabalham fora.

Fica a dica pra quem anda a fim de ver um filme leve mas não por isso menos interessante ou inteligente. Eu curti (e até chorei, devo dizer, quando o marido diz no finzinho que vai ler uma coisa pra ela



Tô recomendando: http://www.mulheralternativa.net/2011/11/mamaes-que-trabalham-como-elas.html

terça-feira, 26 de junho de 2012

Quer uma excepcional empregada?


denise rangel é Profª de Literatura e Produtora de Rodas de Leitura; Feminista; Ecoconsciente; Sturm und drang!

Falar sobre trabalho doméstico é falar sobre poder. Poder sobre outra pessoa. Poder incondicional e, muitas vezes, humilhante. E, inevitavelmente, quando falamos de trabalho doméstico, falamos de mulheres.

uma "excepcional empregada" - Foto de Denise Rangel, em CC
Há cerca de um ano, em uma reunião só para meninas, conversávamos sobre o que as mulheres querem. Na ocasião, eu ainda não me declarara feminista, mas já trazia em mim todas as inquietações relacionadas à luta pelos direitos da mulher. Por isto, uma das “reivindicações” apresentadas me chamou a atenção: uma mulher desejar “ter uma excepcional empregada”, já que tal anseio traz embutido o jugo imposto a uma mulher, por outra mulher.
O fato de o contingente de empregados domésticos ser quase inteiramente composto de mulheres, mostra que as próprias mulheres, que sempre foram discriminadas por uma sociedade eminentemente machista, anseiam por ter uma empregada doméstica excepcional que lhe atenda todas as necessidades.
É fato também que muitas mulheres, profissionais de sucesso, só estão aptas e seguras para prosseguir em suas carreiras porque podem contar com os serviços de outra mulher em casa, e não é sobre isto que tratamos aqui. Estou a questionar o porquê de existirem pessoas (homens ou mulheres) que consideram um objeto de desejo ter alguém para servi-los incondicionalmente? Que fascínio há nesta relação em que alguém subordinado atende a todas as necessidades de outrem? Principalmente se considerarmos que o subjugado quase sempre é uma mulher.
Sabemos que o padrão de relações de gênero, socialmente difundido e ideologicamente dominante, é aquele em que a vida doméstica se concentra nas necessidades do homem – no qual a mulher serve e o homem provê, mesmo quando a mulher também seja provedora. Embora o contexto atual do trabalho doméstico seja permeado por uma disponibilidade de máquinas e serviços que permite um novo estilo de vida menos dependente de longas horas dedicadas aos afazeres domésticos, cuidar de uma casa continua sendo uma tarefa enfadonha e de que muitas mulheres querem se livrar, já que crianças e homens, em grande parte dos lares, podem optar por fazê-lo ou não.
Por mais natural que possa parecer para muitas pessoas, considero constrangedor que um ser, perfeitamente saudável, não seja capaz de sequer pegar um copo de água sem que este venha servido por uma empregada ou um empregado em uma bandeja. Necessidades tão elementares e pessoais, tão simples mas com grande poder de manter o outro subordinado a si.
Infelizmente, há até crianças, nas classes mais abastadas principalmente, em que a cultura de ser servido por uma pessoa de classe mais baixa (na maior parte dos casos, uma mulher) é reproduzida por comportamentos tais como, dar ordens às empregadas e empregados, e exigir que seus caprichos sejam inteiramente atendidos. Isto realmente me preocupa: uma geração de privilegiados treinados para viver como Aladins e suas “lâmpadas maravilhosas”, no caso, as empregadas.
Talvez se fosse um homem fazendo tal reivindicação não me espantaria tanto, já que seguem o padrão socialmente estabelecido, embora isto me deixe igualmente revoltada. Porém, acredito que, em uma sociedade em que as mulheres lutam por garantir seu espaço, por força dos movimentos feministas, é preciso repensar esta atitude que só corrobora o discurso de poder do mais abastado sobre o mais fraco, que, geralmente é uma mulher.
Quer uma excepcional empregada? | Blogueiras Feministas

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Meu nome é doença

Wanderley M. D. Fernandes, Cirurgião, docente de medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS0), integra o Grupo de Estudos da Saúde do Partido Verde (www.wanderleymd.com.br)

A frase do título foi ouvida no corredor de um hospital público do Distrito Federal. Mulher aparentando 60 anos entra pelo pronto-socorro desesperada, suplicando: “Estou morrendo, doutor, por Deus, me salve”. Logo foi interceptada por um guarda da segurança. Indicando o balcão da recepção, disse: “Tem que preencher uma ficha”. E adiantou: “Como é o seu nome?” “Meu nome é doença, senhor”, respondeu uma sôfrega senhora. Seu corpo todo tremia, as mãos formigavam e, parada em pé, chorou.


Cena como essa seria patética se não fosse rotineira, no contexto do que se convencionou aceitar como norma o segurança na chegada dos pacientes às emergências do Sistema Único de Saúde (SUS). É praxe: primeiro, o guarda. Disseminou-se a ideia de substituição do atendimento inicial, que preferencialmente deveria ser médico, qualificado e acolhedor, por abordagens de seguranças fardados na recepção às vítimas da dura realidade dos cidadãos comuns, nas cidades brasileiras.

Na verdade, o que se perde dia a dia é a identidade do ambiente hospitalar público, transvalorando-se como se feiras persas fossem, comunas tribais. Um amontoado de atendentes desinteressadas, numa cultura do multipartilharismo frenético: corredores superlotados, médicos do staff e médicos residentes, estudantes e estagiários, enfermagem e seus auxiliares, atualmente até anônimos, desuniformizados e sem sequer crachás; nutricionistas, fisioterapeutas, laboratoristas, psicólogos e assistentes sociais, todos ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Circulam carrinhos de alimentação e da lavanderia, pessoal de limpeza e dos serviços gerais, com máquinas e equipamentos, policiais civis e militares armados, motoristas de ambulâncias, técnicos e burocratas de toda ordem, além dos ditos seguranças fardados.

Conversas, risos e casos pessoais contados em alto e bom tom irrompem no ambiente, sem piedade. Pacientes e acompanhantes se acotovelam à espera ou se refestelam em leitos e macas improvisadas e juntas, na mesma hora e lugar. O silêncio sofre e a vozearia impera, parece os primitivos aglomerados de pestilentos da era babilônica, onde os enfermos eram expostos num mercado e os transeuntes obrigados a perguntá-los sobre suas doenças, para aplicar-lhes uma receita. Era proibido passar pelos doentes em silêncio. Todos tinham que indagar a causa das suas moléstias, retrata o historiador grego Dionysius de Halicarnassus — século 1 a.C (Livro I-197). Até hoje a Babel é o ambiente nos hospitais públicos brasileiros. Faltam direitos e humanos.

Na Idade Média, por influência da religião, os nosocômios se assemelhavam a templos e eram erguidos ao lado de santuários. As congregações prezavam pela associação entre a fé e a assistência médica. O silêncio era obrigatório e fazia parte integrante do tratamento. A modernidade tensiona, dilacera e implanta a cultura do caos hospitalar.

Dizia o professor Miguel Couto (1865-1934), em 1922: “Acima de tudo, o doente”. O desrespeito, a curiosidade indevida e o falatório estridente dos que se tornaram indiferentes ao infortúnio alheio invadiram o universo médico, que silencia frente às externalidades negativas.

Michel Foucault (1926-1984), em O nascimento da clínica (1980), enfatiza: “Quem deverá portanto denunciar os maus-tratos humanos se não os médicos que fazem do homem seu único estudo, e que todos os dias, com o pobre e o rico, com o cidadão e o mais poderoso, nas choupanas ou nos lambris, testemunham as doenças que não têm outra origem senão a tristeza e a servidão?”

“O encontro entre médico e paciente o é entre duas vidas e insubstituível. Cuidar do outro revela o divino entre os dois entes e torna possível um aprendizado e uma compreensão singular e inigualável do sofrimento, para muito além da queixa e do sintoma, do atendimento automático, hierárquico e friamente delimitado” (psiquiatra Luiz Ziegelmann, 2011, em Para muito além dos sintomas).

Aquela senhora brigou na família — o filho preso, o marido desempregado e a filha se prostituiu. Como diz o filósofo francês David Lapoujade: “O corpo se torna na vida doente para afastá-la do sofrimento”. O que estamos esperando?

fonte: artigo publicado em : 23/11/2011 no jornal Correio Braziliense e  Meu nome é doença

domingo, 24 de junho de 2012

A Insustentável leveza do ser- filme para ampliar visões sobre sexualidade e relações de gênero

A Insustentável Leveza do Ser (em checo Nesnesitelná lehkost bytí) é um livro publicado em 1984 por Milan Kundera. O romance se passa na cidade de Praga em 1968. Foi adaptado para o cinema pelo diretor Philip Kaufman sob o nome de The Unbearable Lightness of Being.

Sinopse

Nos anos 60 em Praga, Tchecoslováquia, Tomas (Daniel Day-Lewis), um médico totalmente apolítico, tem como hobby ter diversas parceiras sexuais, mas evitando sempre um maior envolvimento. Mas duas mulheres: Sabina (Lena Olin), uma artista plástica, e Tereza (Juliette Binoche), uma garçonete que sonha em ser fotógrafa, vão estar muito presentes na vida dele. Mas ao serem atingidos pelos acontecimentos de 1968, conhecido como "A Primavera de Praga", quando tanques soviéticos invadiram a capital tcheca para pôr fim a uma série de protestos, a vida deste triângulo amoroso afetada, pois seus sonhos foram destruídos e suas vidas mudariam para sempre.





O desenvolvimento dos enredos erótico-amorosos se conjuga com extrema felicidade à descrição de um tempo histórico politicamente opressivo e à reflexão sobre a existência humana como um enigma que resiste à decifração - o que lhe dá um interesse sempre renovado. Quatro personagens protagonizam essa história - Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.
A Drama coloca em questão a filosofia pré-socrática de Parmênedes que dissertava sobre a relação peso/leveza. Segundo o filósofo, a problemática estava na dualidade do Ser, onde afirmava que esta dualidade surge da presença e da ausência de entidades. Por exemplo, o frio é apenas a ausência de calor, as trevas são a ausência de luz, então, embora estejamos acostumados com o novo pensamento lógico da vida, para este filósofo a relação leveza/peso afirma o peso como ausência, como não não-leveza.

Trailller


A partir desta teoria (530 a.C – 460 a.C),  constrói-se  Tomas, um personagem que se recusa a carregar o peso da vida, vivendo sem nenhum compromisso com quaisquer problemas sejam de ordem política, nas relações amorosas, enfim, o personagem escolhe ser “leve”, ou seja, livre. O enredo também nos leva aos poucos à meditação Nietzscheana, quando pondera sobre o Eterno Retorno, teoria que prevê o angustiante vazio para quem assume levar uma vida linear, longe de buscas e aventuras.
Segundo Nietzsche a vida é um eterno retorno, porque precisamos, temos a obrigação de errar e voltar a errar quantas vezes for necessário desde que não cometamos o primário erro humano de levarmos uma vida dentro de um ciclo de mesmices. Esta teoria de Nietzsche nos convence, em suma, a levarmos uma vida de liberdade, uma vida que valha a pena ser vivida.
O autor trata ainda, da questão da Compaixão. Através da história, vemos que Compaixão nada mais é que um terrível sentimento de superioridade de um indivíduo sobre o outro que sofre. E na incapacidade egoísta deste indivíduo superior de sentir a dor do outro, faz com que o outro sofra duas vezes sua dor. Esta metáfora  é utilizada para construir a relação de Tomas com Teresa, porque Teresa é uma moça simples, do Interior, enquanto Tomas é um rapaz rico, médico renomado e muito bonito. Mas ainda existe Sabina, mulher com quem Tomas mantém uma realação amorosa de liberdade longe dos padrões pré-estabelecidos.
A sexualidade/sensualidade é um elemento importante no filme, e não à toa: a busca da beleza verdadeira, livre, pode estar, dentre muitos outros caminhos, aí.
O fechamento da obra é permeado pelo "incompleto". Tão somente a leveza paira sobre as personagens, Sabina pinta nuvens escuras que anunciam o "peso" de uma tempestade.
O filme termina como todas as possibilidades da vida: nunca se sabe o que poderia ter sido. É o "se", a conjectura, naturalmente inútil ao se tratar de escolhas já feitas, de caminhos já percorridos.

Quero dividir com vocês alguns trechos do livro e algumas partes que me marcaram. E se vocês se sentirem tocados como eu,  leiam a história completa, para que possam tiram também suas conclusões:
-        Transar com uma pessoa e dormir com ela, são coisas muito diferentes. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de pessoas), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só pessoa). Algumas pessoas com quem dormimos nos permitem viver isso. Dormir com alguém ao lado pode ser uma experiência muito mais profunda do que sexo em si. Mas não é uma experiência que se pode ter com qualquer um.
-        O que faz nos apaixonarmos por uma pessoa, e não por outra, visto que há diversas pessoas que admiramos ao longo da vida? Segundo Kundera, podemos encontrar pessoas das quais gostamos, apreciamos o caráter, inteligência, que estamos prontos para ajudar quando preciso. Mas existe no cérebro uma zona específica, que poderíamos chamar de “memória poética” que registra o que nos encantou, o que nos comoveu, o que dá beleza a nossa vida. Assim que alguém ocupa essa nossa memória poética, varremos todos os traços de outras pessoas. Só existe lugar para uma pessoa por vez.

- O drama de uma vida pode ser explicado pela metáfora do peso. Dizemos que temos um fardo sobre os ombros. Algumas pessoas aceitam carregá-lo, outras não. Essa é a verdadeira insustentável leveza do ser.
- É impossível sermos verdadeiros vivendo em público. Só conseguiríamos viver dentro da verdade, se estivéssemos sozinhos. Se há qualquer pessoa junto, nos adaptamos de um jeito ou de outro aos olhos dos que nos observam.
- Há pessoas que vivem de uma forma leve, outras que não suportam esse modo de vida. Um não é melhor que o outro, já que os dois podem trazer sofrimento.
- Somos forçados a nos portarmos de uma certa forma para sermos aceitos na sociedade. Em tudo, com a família, amigos, nos relacionamentos. Como falou Kundera, “nunca poderemos saber com certeza total em que medida nosso relacionamento com o outro é o resultado de nossos sentimentos, de nosso amor, de nosso não-amor, de nosso ódio. [...] A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda pureza, em relação aqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa a nosso olhar), são as relações com aqueles que estão a nossa mercê: os animais.”
LER LIVRO AQUI

Referências:

Filme: A Insustentável leveza do Ser

sábado, 23 de junho de 2012

Maternidade em dias modernos

Na semana passada, uma notícia comoveu o país: um bebê de 6 meses morreu, não se sabe ao certo em quais circunstâncias, em uma creche clandestina na periferia de São Paulo. A mãe tinha deixado o pequeno Gabriel no lugar e seguido para o trabalho, como fazia todas as manhãs. Quando voltou, já encontrou o filho no hospital, morto. Histórias como essa ou de nenéns que se ferem em creches, infelizmente, são relatadas com frequência inadmissível. leia reportagem no link Maternidade em dias modernos

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Gunga é nosso!

“Meu cabelo é bom, ruim é o racismo”.
Esta maravilha de slogan pertence ao CABELAÇO – evento que ocorre na rodoviária do Plano Piloto, no centro de Brasília. Uma mobilização organizada pelo coletivo de mulheres negras Pretas Candangas, cuja última edição ganhou um motivo a mais: “a abolição inacabada”. Somam forças à manifestação os grupos de capoeira angola sediados na capital. Leia matéria completa no link O Gunga é nosso!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

10 anos da Caminhada Lésbica de São Paulo

Este ano de 2012 serão 10 anos de construção de Caminha e luta contra a violencia de mulheres que ousam viver sua sexualidade e afetividade de forma livre. Leia materia completa Aqui
10 anos da Caminhada Lésbica de São Paulo

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Comissão Nacional: Excesso de Verdade Faz Mal à Saúde

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) do Brasil, instalada oficialmente em maio de 2012, passou desde 2010 por diversas transformações. Todas elas foram impostas pelos militares que não queriam sentir-se “difamados”. Leia mais no link Comissão Nacional: Excesso de Verdade Faz Mal à Saúde

terça-feira, 19 de junho de 2012

DF: Cobrador acusado de estuprar 13 mulheres

Um relato incomum repetido por diversas vítimas de estupro na cidade de Águas Lindas chamou a atenção dos policiais. Depois do abuso, o criminoso pedia para a mulher violentada rezar por ele. Em seis meses, 13 moças, duas delas menores de idade, teriam sido abusadas e obrigadas a pedir proteção divina para o agressor. A violência mais recente foi registrada no último sábado. Na terça-feira, após meses de investigação, a polícia chegou a um cobrador de ônibus de 25 anos, preso na empresa em que trabalha. O acusado é o quinto estuprador preso em Águas Lindas nos últimos 30 dias, segundo a delegacia da cidade goiana. Leia matéria completa neste link DF: Cobrador acusado de estuprar 13 mulheres

segunda-feira, 18 de junho de 2012

As mulheres, as células-tronco e os donos dos embriões

Formada em medicina pela então Escola Paulista de Medicina em 1972 (hoje Universidade Federal de São Paulo – Unifesp), a feminista Ana Reis tem pesquisado o tema da manipulação de embriões humanos com um recorte de gênero já há muito tempo. Fez parte do grupo técnico do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) e criou no Ministério da Saúde uma Comissão de Estudos dos Direitos da Reprodução. Veja matéria completano link As mulheres, as células-tronco e os donos dos embriões

domingo, 17 de junho de 2012

Paternidades como práticas políticas

A Revista Jurídica da Presidência publicou, em sua edição de fevereiro/maio de 2012, um artigo da pesquisadora Ana Liési Thurler, intitulado Paternidades como práticas políticas

RESUMO: Este artigo focaliza paternidades como, inescapavelmente, exercícios políticos: em práticas patriarcais ou em práticas cidadãs e igualitaristas, vinculadas a relações sociais – de sexo/gênero, raça/etnia, regionalidades, etc  .para receber o arquivo clique no link Paternidades como práticas políticas

sábado, 16 de junho de 2012

Desumanidades em nome de Deus

É uma medida mais do que sensata. Aliás, sensata e óbvia. O governo estuda orientar a mulher decidida a fazer aborto, mostrando-lhe o risco de cada opção.

Certamente vão dizer que, com isso, há um estímulo oficial ao aborto -- e o tema é capaz até de parar na campanha eleitoral assim como o material produzido no Ministério da Educação contra homofobia.
Clique no link para ler matéria completa  Desumanidades em nome de Deus

sexta-feira, 15 de junho de 2012

BRASIL & RACISMO: ESTE DES-CONHECIDO.

Como entender a ascensão de negros que não possuem a competência técnica ou política em cargos de confiança? Como entender a necessidade de acadêmicos não-negros tentarem tutelar os estudos acadêmicos negr@s? Como entender a invisibilidade das mulheres negras em postos de decisão? Como entender que a juventude negra continua sendo uma carne barata e descartável?
Clique no link para ler matéria completa BRASIL e  RACISMO: ESTE DES-CONHECIDO.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A Peste da Janice



Gênero: Ficção 
Subgênero: Drama, Infanto-juvenil 
Diretor: Rafael Figueiredo 
Elenco: Fernanda Maurici, Gabriela Iablonovski, Juliana Borges Rocha, Micaela Rocha, Yarsin Tedesco 
Duração: 15 min     Ano: 2007     Bitola: 35mm 
País: Brasil     Local de Produção: BA 
Cor: Colorido 
Sinopse: Início do ano letivo. Janice, filha da faxineira, é a nova aluna da escola. 

Revista Ciência e Cultura sobre o aborto

Recentemente lançada, a edição de abril/junho 2012 da Revista Ciência e Cultura (vol.64 no.2 São Paulo, ISSN 0009-6725), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, trata de um tema ao qual a sociedade brasileira é particularmente sensível: o aborto.
Clique no link para ler matéria completa Revista Ciência e Cultura sobre o aborto

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Parto humanizado domiciliar: direito das mulheres

No programa Fantástico do dia 10 de junho foi veiculada a reportagem: Parto humanizado domiciliar divide profissionais da área de saúde. O que motivou a matéria foi um vídeo no youtube que mostra o parto domiciliar de Sabrina parindo Lucas, feito pelo grupo Grupo Samaúma de Parto Humanizado.
Quando falo de parto, penso que o feminismo luta, acima de tudo, para que a gravidez e o parto sejam escolhas das mulheres. Escolhas conscientes e com todos os recursos que precisarem. Seja parto normal ou cesárea, isso deve ser uma decisão da mulher. Então, mulher nenhuma é menos mãe por ter feito cesárea e nenhuma mulher que tenha tido parto normal é uma mãe melhor. Parto é uma experiência pessoal que tem diferentes significados para cada pessoa.
Leia materia completa da Srta Bia no link abaixo
Parto humanizado domiciliar: direito das mulheres

Mulheres ainda precisam de autorização do cônjuge para cirurgia de ligadura - Agência Patrícia Galvão - notícias e conteúdos sobre direitos das mulheres

 (Correio Braziliense) Ela é maior de idade, independente, vacinada, mãe de um garoto de 8 anos, trabalhadora e paga as próprias contas. Aos 31 anos, a analista de comunicação Janaína Rochido acreditava que,  adulta, era dona do próprio nariz. Mas descobriu recentemente que, para tomar decisões sobre parte de seu corpo, ela ainda não tem tanta autonomia, pelo menos aos olhos da legislação brasileira. Durante uma consulta de rotina ginecológica, ao perguntar sobre o procedimento de laqueadura, ouviu a resposta categórica da médica: “Você não pode fazer essa cirurgia por ser solteira e não ter um marido que autorize a decisão com você”. A frase atordoou a paciente, que logo questionou: “O corpo é meu, mas é o meu marido quem decide?”. A especialista, de mãos atadas, foi direta: “É a lei brasileira”
Para ler a íntegra, clique aqui 
Fonte Agencia Patricia Galvão e Defensoria Publica

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A falência da educação pública é culpa de quem? Das mulheres que não!

Naturalização dos papéis sociais é algo tratado cotidianamente aqui pelo Blogueiras Feministas. Também é notório o fato de que normalmente quer manter o status quo da sociedade acaba por defender a naturalização dos papéis sociais, seja de homens e mulheres, negros e brancos, LGBTs e heterossexuais e tantas outras categorias em que os seres humanos se encaixam.
Porém tem momentos em que nos deparamos com comentários que deveriam sumir da face da terra, por seu total desconhecimento da realidade histórica, social e política do nosso país. O grande exemplo de pessoas assim é o jornalista  do SBT Santa Catarina (antes jornalista da RBS) Luiz Carlos Prates, não seria de se indignar de ver tão reacionária pessoa defender a família heteronormativa como detentora dos valores morais e dos bons costumes. Até por que ele publicamente defende a ditadura militar e a TFP, não seria estranho nenhum pouco ele relacionar pudor a famílias heteronormativas, né?
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A falência da educação pública é culpa de quem? Das mulheres que não!

sábado, 2 de junho de 2012

Mulher: Democracia, Políticas Públicas e Cidadania

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou #DebateOnlineCFP em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado dia 8 de março. A transmissão fio realizada dia 28/03 às 10h com o tema "Mulher: Democracia, Políticas Públicas e Cidadania". O CPF convidou mulheres de diferentes áreas de atuação e profissões distintas para debater o tema, sob pontos de vista diversos. http://bit.ly/GB312x

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Vagina: motivo de se envergonhar?

Desde pequena sabia que não podia tocar lá, principalmente na frente dos outros.
– Tira a mão daí, é feio, menina! – dizia minha mãe, apesar de nunca dizer o motivo. E eu tirava! Não sabia o porquê e também nunca questionei. E toda vez que minha mãe queria falar sobre “ela” usava outros nomes: bichinha, xana, etc… Leia reportagem completa neste link Vagina: motivo de se envergonhar?