Homem Grávido Pode Abortar?
Fonte: Blogueiras Feministas | Blogueiras Feministas
Fonte: Agência Câmara de Notícias
A Câmara analisa o Projeto de Lei 1618/11, do deputado Roberto Britto (PP-BA), que cria um serviço telefônico para oferecer informações sobre métodos contraceptivos e aborto.
De acordo com a proposta, o governo criará um número de três algarismos, a ser adotado em todo o País. As informações serão prestadas por psicólogos da equipe do Sistema Único de Saúde (SUS).
A medida, segundo Britto, vai possibilitar “às mulheres que recorrem a abortos clandestinos receberem a devida orientação por parte de profissionais preparados”. Outro objetivo é prevenir o aborto, a partir do acesso a informações sobre saúde.
Políticas públicas
O projeto também obriga a divulgação do número nas listas telefônicas e nas contas de telefone. Além disso, estabelece que os atendimentos realizados pelo serviço deverão ser gravados, resguardado o sigilo dos usuários, para compilação de dados. O objetivo é compreender a situação do aborto no País e fundamentar a elaboração de políticas públicas.
“Levantamentos indicam a ocorrência de mais de 1 milhão de abortos por ano no País, que se dão, em grande parte, em precárias condições técnicas e de higiene, resultando em grande número de internações hospitalares devido a complicações, como sangramento e infecções”, afirma Britto. “Trata-se, portanto, de um sério problema de saúde pública”, complementa.
Tramitação
A proposta, de caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da Proposta:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=509425
Reportagem – Lara Haje
Edição – Daniella Cronemberger
Lucas Hackradt - revista Época
Recebi hoje um artigo do jornal espanhol El País com um título que me chamou muito a atenção: “Por que os brasileiros não reagem frente à corrupção de seus políticos?”. A análise, feita pelo jornalista Juan Arias, foi publicada na quinta-feira da semana passada (7), mas seu conteúdo não perdeu em nada a importância. Apesar de ser uma análise de um europeu, ou seja, de um cidadão de um país politicamente desenvolvido e relativamente estável, o mais importante é que é uma visão que aponta para o fato de que, em todo o mundo – em especial na África e no Oriente Médio, mas também na Ásia e em outras regiões -, os jovens e a sociedade estão se levantando contra seus governantes corruptos ou autoritários enquanto que aqui parece que ninguém se incomoda mais.
Sociólogos se perguntam por quê nesse país, onde a impunidade dos políticos chegou a criar uma verdadeira cultura de que “todos são ladrões” e de que “ninguém vai preso”, não existe o fenômeno, hoje em voga em todo o mundo, do movimento dos indignados.
Será que os jovens, em especial, não têm motivos para exigir um Brasil não apenas mais rico – ou pelo menos menos pobre -, mais desenvolvido e com maior força internacional, como também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual – onde um secretário municipal ganha quase dez vezes mais que um professor e um deputado 100 vezes mais, ou em que um cidadão comum, depois de 30 anos de trabalho, se aposente com R$ 650 (€ 400) e um funcionário público com quase R$ 30.000 (€ 13.000)? |
A pergunta é interessante. Segundo constatou o repórter espanhol, dois importantes ministros do governo Dilma Rousseff já caíram – Antonio Palocci, da Casa-Civil, e Alfredo Nascimento, dos Transportes. Um deles, Palocci, era simplesmente o ministro mais poderoso do governo, mas nem isso parece ter afetado minimamente a sociedade. Curiosamente, aponta Juan Arias, a pessoa que mais se irritou e combateu essas denúncias de corrupção até agora foi apenas a presidente Dilma Rousseff, que mostrou-se intolerante com o menor indício de corrupção. O artigo vai além na crítica aos brasileiros:
As únicas causas que parecem ser capazes de atrair cerca de dois milhões de pessoas às ruas são as dos homossexuais, as dos seguidores das igrejas evangélicas na Marcha para Jesus e as que pedem a legalização da maconha.
Há quem diga que a apatia dos jovens a serem protagonistas de uma renovação ética no país está ligada a uma propaganda muito bem desenhada que os haveria convencido de que hoje o Brasil é invejado por todo o mundo – e o é, só quem em outros aspectos. Outros atribuem ao fato de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dados aos protestos, um povo que gosta de viver feliz com o pouco que tem e que trabalha para viver, mas não vive para trabalhar. |
De fato, as análises que o jornalista faz parecem estar certas – apesar de ser um olhar estrangeiro sobre nossa sociedade. Resta então a pergunta que ele próprio põe: por que é que nós simplesmente nos calamos e não reagimos à corrupção mais? Dê sua opinião em nossa enquete.
Meninos | Meninas |
Praticam artes marciais | Fazem balé |
Brincam de carrinho | Brincam de boneca |
Não ajudam em afazeres domésticos | Precisam ajudar nos afazeres domésticos |
Podem sair sozinhos | Não podem sair sozinhas |
São menos contrariados e têm poucos limites | Recebem educação mais rígida |
Aprendem a não levar desaforo para casa | Aprendem que jamais podem se meter em confusão |
São cobrados a ter desempenho intelectual e físico superior | Menos estimuladas a se destacarem intelectualmente ou serem fisicamente fortes |
Podem falar palavrão | Proibidas de falar palavrão |
Estímulo da sedução mais agressiva | Estímulo do jogo de sedução casta |
Podem brincar na rua | Não podem sair |
Questões de Gênero e Orientação Sexual |
Ivan Richard - repórter da Agência Brasil |
Brasília - Em 13 anos, o total de famílias formadas por casais com filhos e chefiadas por mulheres cresceu 10 vezes, passando de 3,4%, ou 247.795 famílias, em 1993, para 14,2%, ou 2.235.233 lares, em 2006. Os dados divulgados hoje (9) fazem parte da 3ª edição da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O estudo revela que ao longo da última década, a proporção de famílias chefiadas por mulheres passou de 19,7% em 1993 para 28,8% em 2006. “Supondo-se um padrão de família tradicional formado por mãe, pai e filhos, sem considerar os novos arranjos familiares contemporâneos, esse dado nos leva a pensar num horizonte cultural mais igualitário entre homens e mulheres dentro das famílias, seguido de maior empoderamento para as mulheres”, diz o texto da pesquisa. A doméstica Ana Lúcia Cardoso, 53 anos, faz parte dessa nova realidade dos lares brasileiros apontada pelo Ipea. Desde os 28 anos, quando teve a primeira das duas filhas, ela é responsável pelo lar. Com R$ 600 de renda, ela sustenta uma das filhas, três netos e o genro, que está desempregado. “É um aperto, porque se for calcular o aluguel que custa R$ 300 dá para ter uma idéia da dificuldade. Meu genro está desempregado, faz alguns bicos e ajuda com as contas de água, mas a gente sabe que o que pesa mesmo [no orçamento] é a comida. Em alguns meses, compro R$ 300 de comida, mas três crianças pequenas gastam muito”, afirmou. De acordo com o estudo, em 2006, 31,3% das famílias que vivem nas zonas urbanas eram chefiadas por mulheres, um crescimento de 9,6 pontos percentuais em relação a 1993. Nas áreas rurais, no mesmo período, o percentual de mulheres que chefiavam as famílias era de 14,6%, o que corresponde a uma elevação de 3,2 pontos percentuais na comparação com 1993. “Em se tratando de um fenômeno de natureza tão complexa, como são as transformações de padrões culturais e visão de mundo, do ponto de vista simbólico uma mudança desse tipo num período de dez anos é significativa e impactante. Tais dados, tais mudanças apontam para um questionamento do lugar simbólico do homem como o provedor exclusivo”, acrescenta o estudo. O levantamento divulgado pelo Ipea teve como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 1993 a 2007. A pesquisa traça o perfil sobre diferentes temáticas relacionadas às desigualdades de sexo e de raça. O estudo aborda temas como população; chefia de família; educação; saúde; previdência e assistência social; mercado de trabalho; trabalho doméstico remunerado; habitação e saneamento; acesso a bens duráveis e exclusão digital; pobreza, distribuição e desigualdade de renda; e uso do tempo. Fonte: Agência Brasil |