quinta-feira, 28 de julho de 2011

Homem Grávido Pode Abortar?

O Grupo Católicas pelo Direito de Decidir é uma entidade feminista, de caráter inter-religioso, que busca justiça social e mudança de padrões culturais e religiosos vigentes em nossa sociedade, respeitando a diversidade como necessária à realização da liberdade e da justiça. Entre suas ações está a produção de vídeos como Homem Grávido?
A idéia é nos fazer refletir sobre o quanto somos donos de nossos corpos e o quanto podemos decidir sobre eles. Então, uma das perguntas é: se homem engravidasse o aborto seria proibido? Seguidas de outras: aborto seria crime? Quem tem direito de decidir sobre o corpo das mulheres? É uma situação hipotética, porém nos ajuda a pensar como, socialmente, o corpo do homem e da mulher são vistos e tratados de maneira diferentes. A idéia da maternidade como símbolo maior da mulher e, como representação do seu destino na terra, contribui para desenvolver políticas que anulem a autonomia da mulher sobre seu corpo. Mas e o homem? Socialmente qual a responsabilidade que é cobrada dele em relação a paternidade? Apenas o de provedor. Esses papéis sexuais acabam tornando nossa sociedade menos autônoma, pois as pessoas não são livres para decidirem sobre suas vidas.

Eu fiz um aborto. Imagem de Lorenzo D' Uva, no Flickr em CC alguns direitos reservados.
Nossa luta pela descriminalização e pela legalização do aborto quer proporcionar um aborto legal, seguro e raro. Há várias mentiras espalhadas sobre essa questão que precisam ser esclarecidas, como mostra o texto Aborto: 10 razões para legalizar, do Sapataria – Coletivo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais do DF, que reproduzo aqui:
- Legalizar o aborto não vai fazer todas as mulheres “saírem abortando” bebês de até 9 meses, todos os dias em hospitais públicos e, fazendo com que o números de abortos aumente drasticamente gerando um caos social. Os números já são drásticos: aproximadamente mil mulheres morrem por ano ao realizarem abortos na clandestinidade. Fora essas, estima-se que 2 milhões de abortos clandestinos são realizados por ano. Essa soma é apenas aproximada porque é ilegal. Se o aborto fosse legalizado, o governo teria oficialmente o número de abortamentos, poderia controlá- los e saberia onde tem mais ou menos abortos para tentar diminuir este número. Se o aborto é crime não se tem controle, o número de abortos não diminui, mais mulheres morrem, mais pessoas são presas e o governo não pode fazer nada para mudar isso.
- Em países ocidentais onde o aborto foi legalizado, observa-se a cada ano uma diminuição do número de abortos. Porque quando se legaliza, fala-se mais sobre o assunto aumentando a informação e promovendo a prevenção.
- As clínicas clandestinas funcionam em condições precárias oferecendo riscos a vida das mulheres ou praticam preços abusivos e só conseguem ser frequentadas por pessoas com alto poder aquisitivo. O problema do abortamento clandestino acaba sendo das mais pobres, em sua maioria negras, que não encontram opções e ainda correm o risco de serem presas. Criminalização só aumenta a hipocrisia e os bolsos de muita gente.
- Se o aborto for legalizado nenhuma mulher será obrigada a abortar. Não haverá uma sala de abortamento em cada hospital, pronta para obrigar toda e qualquer grávida a isso. A mulher que decidir abortar terá é direito a atendimento médico, podendo fazer o procedimento de forma segura.
- Legalizar o aborto não é incentivar o aborto. Junto com a legalização, o Estado vai reforçar campanhas de educação sexual, direitos sexuais e reprodutivos, aumentar o acesso de mulheres e homens para os métodos contraceptivos, como também aos métodos de uma gravidez saudável. Abortar não é algo prazeroso, mas se alguma mulher precisar fazer, que ela não seja presa e tenha assistência para isso.
- A legalização do aborto não vai encher os hospitais de milhares de mulheres querendo abortar, não sobrando espaço para as que querem dar à luz, isso é uma mentira. Os hospitais atendem diversos casos de mulheres que abortaram na clandestinidade e quase morreram por causa disso. Acaba que isso tem um custo bem maior do que a realização de um aborto seguro e legal.
- Se você pensa que com a legalização do aborto, você mata 1 vida, com a criminalização do aborto você mata mais vidas: a do feto e a de milhares de mães que morrem tentando o processo de abortamento.
- A legalização não defende que abortar é bom. Se você pensa que abortar é ruim, abortar na clandestinidade, ser presa ou até morrer é muito pior.
- Ser contra o aborto é decidir por você. Ser contra a legalização do aborto é decidir por todas. Ser contra o aborto é não achar certo fazer um aborto. Ser contra a legalização do aborto é ser a favor da morte de milhares de mulheres.



Homem Grávido Pode Abortar?
Fonte: Blogueiras Feministas | Blogueiras Feministas

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sexualidade no SUS


Descrição O programa debate como o profissional de saúde lida com as questões de sexualidade. Como profissionais de saúde e o próprio sistema trabalha a sexualidade humana na sua diversidade e complexidade?

Participantes – a coordenadora do Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade, Claudia Penalvo; a coordenadora da Rede Feminista de Saúde no Rio de Janeiro, Santinha Tavares; e a coordenadora de Políticas e Ações Intersetoriais, da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, Viviane Castelo Branco; e a representante do Ministério da Saúde, Lidiane Gonçalves.
Vejam video Aqui Canal Saúde - FIOCRUZ

Um guia para você que tem vergonha de se assumir como feministaBlogueiras Feministas | Blogueiras Feministas

Você é feminista? Opa, opa, não responda. Antes de qualquer coisa, deixa eu te falar que entendo o quanto essa palavra traz um fardo enorme por trás dela. Não é a mesma coisa de dizer “ah, sou socialista”. Ser socialista é bonito e justo. Ser feminista é ser implicante e falar de assuntos polêmicos. Ou você não sabe, que sendo feminista, rola a maior tensão no meio de um papo quando as pessoas começam a falar sobre mulheres? Todos olham para você com uma cara de medo esperando começar a terceira guerra mundial.

Crédito da Foto: The Justified Sinner no Flickr em CC.
Carla Rodrigues fez uma entrevista com Maitena, a autora do livro “Mulheres Alteradas” e questionou se ela é feminista. A resposta foi a seguinte:
“Bem, o termo feminismo foi muito degradado ultimamente, mas não gosto de dizer que não sou feminista, por que acredito que se não fosse pelo trabalho que este movimento realizou nos últimos cem anos, ainda estaríamos todas passando roupa.”
Na entrevista, Maitena fala diversas vezes sobre como o feminismo é importante, mas nessa fala podemos perceber que o feminismo é reconhecido sim, mas ainda há um medo de simplesmente se colocar como feminista justamente por mitos que foram criados com o passar do tempo. Afinal, quem degradou o termo feminista? Por que um termo que já foi revolucionário para muit@s é visto hoje como “o contrário do machismo”?
Em outro texto de Carla Rodrigues, “Feministas são bacanas”, ela mostra algumas pesquisas sobre o que as pessoas acham do feminismo.
“Algumas respostas podem ser encontradas na visão negativa que 33% homens – e 20% das mulheres – têm do feminismo. Para 19% dos homens e para 12% das mulheres, ser feminista é defender a superioridade da mulher sobre o homem. Já 16% dos homens e 8% das mulheres associam feminismo a autoritarismo das mulheres.”
Muitas pessoas ainda associam o feminismo com a superioridade da mulher perante o homem e podemos associar com o velho mito de que a o feminismo quer acabar com os homens. O feminismo conta hoje com vários homens no movimento e, lutamos também para mostrar como o machismo também prejudica os homens. Se queremos acabar com os homens, por que os queremos ao nosso lado nessa luta?
Carla Rodrigues ressalta que muit@s acham que feministas são donas da verdade, arrogantes que não aceitam a “verdade”. Pensando sobre isso, podemos questionar o motivo de tanto estranhamento para o termo feminista. Bem, não fomos educad@s para entender o feminismo, a mídia não mostra o que realmente aconteceu (nas muitas manifestações feministas não fica claro qual é o motivo de estarem ali, isso quando alguma manifestação é mostrada), ou seja, não visualizamos em quase nenhum lugar o que é realmente o tal feminismo. Normalmente, quando as pessoas ouvem falar sobre o movimento é carregado de piadas e preconceitos e com aquela frase “lá vem a chata inventar machismo onde não existe”.
Muitas pessoas manifestam opiniões sobre o feminismo sem saberem ao certo o que é o movimento e o que ele significa. Por ser desconhecido, o feminismo acaba despertando um certo receio nas pessoas. Além disso, o feminismo luta por mudanças e alterar o status quo também gera medo. Como viver de forma diferente? O objetivo dessa campanha é mostrar o que é o feminismo para que o movimento deixe de ser algo estranho para as pessoas e mostrar a que veio o feminismo, mostrando que mudanças são bem-vindas e que podem beneficiar a tod@s. O que fazer para desmitificar, para fazer com que as pessoas entendam que feministas são seres humanos acima de qualquer coisa e por isso tem escolhas individuais? O fato de ser feminista não me faz ter obrigação de não me depilar, não passar maquiagem ou não assistir novela e me divertir. Ser feminista não me faz ter ódio de homens ou ser uma mal comida. Enfim, ser feminista me faz ter uma visão de mundo que vai de encontro à igualdade entre as diferenças não só das mulheres, mas dos homens também.
Por isso pensamos em fazer uma campanha para desmitificar o feminismo. A intenção dessa campanha é chamar todas as pessoas que são feministas e também aquelas que não são. Você pode falar de um mito especifico, como por exemplo: Feminista não usa maquiagem e falar um pouco sobre, tentando falar sobre como essa afirmação incomoda e não é verdadeira. Pode falar sobre os mitos de uma forma geral e pontuar sobre a importância de acabar com eles e levantar a bandeira do feminismo. Ou seja, a intenção é desmitificar de alguma forma. E pode ser através de posts no blog, vídeos, desenhos, músicas, twitter, facebook, Google +, tumblr, as redes sociais como um todo.
Vamos encher a internet com a hashtag #mitosfeminismo e mostrar que o feminismo vai além dessas histórias que são plantadas por aí. Vamos mostrar do que o feminismo realmente trata!
Campanha: 29/07 a 05/08. Participe e cole o selo em seu blog!

Selo para a Campanha por Tatiana Anzolin Michels



Um guia para você que tem vergonha de se assumir como feminista
Fonte: Blogueiras Feministas | Blogueiras Feministas

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Casamento x inteligência feminina: o dilema de Hermione « Cynthia Semíramis

Casamento x inteligência feminina: o dilema de Hermione « Cynthia Semíramis

Casamento x inteligência feminina: o dilema de Hermione
Gosto muito da série Harry Potter, e admiro a forma como Joanne Rowling conseguiu transformar uma historinha infantil em uma série sobre política. Ou vocês acham que ela não está falando de política ao criticar diversas formas de discriminação, escravidão, restrição à liberdade de expressão e de imprensa? E ela ainda reforça valores importantes ao tratar a tortura, a interferência na liberdade da outra pessoa e a pena de morte como ações imperdoáveis.
As personagens mulheres são maravilhosas, ativas, e com personalidades bastante diferentes. Particularmente, adoro a Hermione Granger: é inteligente, estudiosa, e não tem vergonha de participar nas aulas e mostrar que sabe a matéria. Espero que ela tenha inspirado mais meninas a se manifestarem nas aulas e não terem vergonha de gostarem de estudar. Precisamos lembrar que mulheres só tiveram direito à alfabetização e acesso aos estudos em tempos bastante recentes, e que ainda somos discriminadas em diversas áreas – portanto, valorizar o estudo feminino nunca é exagero.
Lembro que quando saiu o último livro, várias pessoas ficaram indignadas por Hermione ter um “final feliz”, se casando com Ron Weasley. Já ouvi várias coisas: que ela é inteligente demais pra ele, que ele é um idiota, que ela deveria ficar com Harry, que ela é nerd demais pra se casar. Podemos até chamar essa discussão de “dilema de Hermione”. Não porque ela tenha dúvidas, mas porque nós, fofoqueir@s de plantão, temos dúvidas por ela.
Indo para além da antipatia por Ron (que considero injusta), são bastante interessantes os comentários sobre o que deveria ser a vida afetiva de Hermione. Eles mostram que, embora cada vez mais mulheres estejam tendo acesso a altos estudos, na hora dos relacionamentos afetivos o estudo interfere contra a mulher. De certa forma, estamos repetindo velhos preconceitos machistas, que opõem a inteligência e os estudos das mulheres à satisfação emocional.
Em um mundo machista, o homem ocupar posição inferior à da mulher é uma tragédia. Não à toa, a maioria dos ditos populares sobre mulheres afirma que a esposa deve ser menos que o marido em termos de idade, altura, dinheiro e… inteligência. Afinal, a mulher inteligente não será boa esposa, pois terá habilidade suficiente para desafiar e mandar no marido.
Seguindo essa linha de raciocínio, parece que a pergunta de fundo sobre o dilema de Hermione é outra: quem será o homem que terá a infelicidade de ser dominado intelectualmente pela esposa? Será que ele tem fama ou riqueza que possam fazer contraponto à inteligência dela? Ou será um relacionamento desigual, em desfavor dele?
Pelo menos nos livros, todos os personagens admiram e respeitam a inteligência de Hermione, e não há problema com quem ela escolhe para se relacionar. Ao final, ela escolhe Ron, e o máximo que ele tem a oferecer ao casamento é pertencer a uma família de sangue puro – o que, nas circunstâncias do final da série de livros, não tem importância alguma.
Pela ótica machista, o relacionamento entre Ron e Hermione é desigual, e ele está se rebaixando em relação a ela (mais pobre, menos inteligente, menos famoso). Porém, estamos julgando os livros repetindo os velhos padrões machistas, negando a possibilidade de um casamento “desigual” quando a mulher está em posição superior à do marido. E estamos negando a uma mulher o direito de ter vida afetiva quando é inteligente e gosta de estudar. E estamos negando a um homem não tão inteligente quanto a namorada o direito de se casar com ela sem ser xingado ou perder status por isso.
O dilema de Hermione, na verdade, é o dilema de qualquer mulher minimamente inteligente nos dias atuais. Ela é cobrada incessantemente: negam a ela o direito a vida afetiva, ou defendem a sua solidão até que encontre o parceiro “perfeito”, que necessariamente deverá ser mais que ela. Com isso, forçamos as mulheres a escolher entre estudar e cultivar a inteligência, ou ter vida afetiva. Essas não são situações opostas, e não deveriam ser tratadas dessa forma, pois limitam as possibilidades de felicidade das mulheres.
Fonte    Cynthia Semíramis

Ligue SUS para orientação sobre aborto e contracepção | SedeDeQuê?

Ligue SUS para orientação sobre aborto e contracepção
Categories: Feminismo

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Proposta cria serviço telefônico do SUS para orientação sobre aborto

A Câmara analisa o Projeto de Lei 1618/11, do deputado Roberto Britto (PP-BA), que cria um serviço telefônico para oferecer informações sobre métodos contraceptivos e aborto.

De acordo com a proposta, o governo criará um número de três algarismos, a ser adotado em todo o País. As informações serão prestadas por psicólogos da equipe do Sistema Único de Saúde (SUS).

A medida, segundo Britto, vai possibilitar “às mulheres que recorrem a abortos clandestinos receberem a devida orientação por parte de profissionais preparados”. Outro objetivo é prevenir o aborto, a partir do acesso a informações sobre saúde.

Políticas públicas

O projeto também obriga a divulgação do número nas listas telefônicas e nas contas de telefone. Além disso, estabelece que os atendimentos realizados pelo serviço deverão ser gravados, resguardado o sigilo dos usuários, para compilação de dados. O objetivo é compreender a situação do aborto no País e fundamentar a elaboração de políticas públicas.

“Levantamentos indicam a ocorrência de mais de 1 milhão de abortos por ano no País, que se dão, em grande parte, em precárias condições técnicas e de higiene, resultando em grande número de internações hospitalares devido a complicações, como sangramento e infecções”, afirma Britto. “Trata-se, portanto, de um sério problema de saúde pública”, complementa.

Tramitação

A proposta, de caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da Proposta:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=509425

Reportagem – Lara Haje
Edição – Daniella Cronemberger

Fonte da imagem: http://www.flickr.com/photos/bzzt_bzzt/5782634611/sizes/m/in/photostream/
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Fonte : Ligue SUS para orientação sobre aborto e contracepção | SedeDeQuê?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Página na internet para denúncias

Página na internet para denúncias

Durante a audiência pública do día óntem -sobre o ECA - e efetuada na Cámara de Deputados, foi lançado um novo instrumento de denúncia que está disponível na página da Comissão de Direitos Humanos na internet. Ao entrar no site, qualquer pessoa pode fazer denúncias de páginas da internet que contêm pornografia infantil, racismo, apologia e incitação a crimes contra a vida, xenofobia, neonazismo, intolerância religiosa, homofobia e tráfico de pessoas.

O diretor de Prevenção da associação civil SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, explica como funciona a ferramenta de denúncia. "De forma completamente anônima, basta copiar o endereço da página [que será denunciada] e colar no formulário. Imediatamente, todas as informações ficam registradas e são encaminhadas para a Polícia Federal, dentro de uma cooperação que existe entre a SaferNet, a Secretaria de Direitos Humanos e a Polícia Federal, e que agora ganha como aliado importantíssimo a Comissão de Direitos Humanos aqui da Câmara dos Deputados."

A deputada Manuela d'Ávila ressaltou que a ferramenta vai unificar as denúncias que eram recebidas pela Comissão de Direitos Humanos de forma dispersa.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Por que não reagimos mais à corrupção dos políticos?

Lucas Hackradt - revista Época

Recebi hoje um artigo do jornal espanhol El País com um título que me chamou muito a atenção: “Por que os brasileiros não reagem frente à corrupção de seus políticos?”. A análise, feita pelo jornalista Juan Arias, foi publicada na quinta-feira da semana passada (7), mas seu conteúdo não perdeu em nada a importância. Apesar de ser uma análise de um europeu, ou seja, de um cidadão de um país politicamente desenvolvido e relativamente estável, o mais importante é que é uma visão que aponta para o fato de que, em todo o mundo – em especial na África e no Oriente Médio, mas também na Ásia e em outras regiões -, os jovens e a sociedade estão se levantando contra seus governantes corruptos ou autoritários enquanto que aqui parece que ninguém se incomoda mais.

Sociólogos se perguntam por quê nesse país, onde a impunidade dos políticos chegou a criar uma verdadeira cultura de que “todos são ladrões” e de que “ninguém vai preso”, não existe o fenômeno, hoje em voga em todo o mundo, do movimento dos indignados.

Será que os jovens, em especial, não têm motivos para exigir um Brasil não apenas mais rico – ou pelo menos menos pobre -, mais desenvolvido e com maior força internacional, como também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual – onde um secretário municipal ganha quase dez vezes mais que um professor e um deputado 100 vezes mais, ou em que um cidadão comum, depois de 30 anos de trabalho, se aposente com R$ 650 (€ 400) e um funcionário público com quase R$ 30.000 (€ 13.000)?

A pergunta é interessante. Segundo constatou o repórter espanhol, dois importantes ministros do governo Dilma Rousseff já caíram – Antonio Palocci, da Casa-Civil, e Alfredo Nascimento, dos Transportes. Um deles, Palocci, era simplesmente o ministro mais poderoso do governo, mas nem isso parece ter afetado minimamente a sociedade. Curiosamente, aponta Juan Arias, a pessoa que mais se irritou e combateu essas denúncias de corrupção até agora foi apenas a presidente Dilma Rousseff, que mostrou-se intolerante com o menor indício de corrupção. O artigo vai além na crítica aos brasileiros:

As únicas causas que parecem ser capazes de atrair cerca de dois milhões de pessoas às ruas são as dos homossexuais, as dos seguidores das igrejas evangélicas na Marcha para Jesus e as que pedem a legalização da maconha.

Há quem diga que a apatia dos jovens a serem protagonistas de uma renovação ética no país está ligada a uma propaganda muito bem desenhada que os haveria convencido de que hoje o Brasil é invejado por todo o mundo – e o é, só quem em outros aspectos. Outros atribuem ao fato de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dados aos protestos, um povo que gosta de viver feliz com o pouco que tem e que trabalha para viver, mas não vive para trabalhar.

De fato, as análises que o jornalista faz parecem estar certas – apesar de ser um olhar estrangeiro sobre nossa sociedade. Resta então a pergunta que ele próprio põe: por que é que nós simplesmente nos calamos e não reagimos à corrupção mais? Dê sua opinião em nossa enquete.



Fonte: Por que não reagimos mais à corrupção dos políticos?

Eu gosto do meu cabelo

DIONY MARIA OLIVEIRA SOARES
Cabe somente a nós mesmos, mulheres negras e homens negros, buscarmos a fórmula adequada para a nossa própria representação.
Dia desses uma pequenina nota com apenas 108 palavras, divulgada na versão digital de um veículo da grande imprensa brasileira aparentemente com a pretensão de abordar o complexo tema "o poder do cabelo", mereceu muitos comentários de internautas. Mulheres e homens ora posicionaram-se a favor dos termos utilizados para a redação, ora teceram críticas por considerá-los discriminatórios.
Ainda que isto possa soar antipático, não vou fornecer maiores detalhes nem da nota nem dos comentários. Assumo tal decisão por entender que, sendo um veículo de comunicação a serviço dos afro-descendentes, convém sintonizar com a reflexão de Stuart Hall (2000) para a relação da identidade cultural com as questões: "'quem nós podemos nos tornar', ‘como nós temos sido representados' e ‘como essa representação afeta a forma como nós podemos representar a nós próprios'". Hall argumenta que a fala ocorre sempre a partir de uma posição histórica e cultural específica, sendo fundamental levar em conta quem fala e qual é a representação que advém desta fala.
Ou seja, cabe somente a nós mesmos, mulheres negras e homens negros, buscarmos a fórmula adequada para a nossa própria representação. A grande mídia brasileira definitivamente não fará isso. Regra geral, explicita Muniz Sodré (1999), o discurso midiático catalisa expressões políticas e institucionais sobre as relações inter-raciais a partir de "uma tradição intelectual elitista que, de uma maneira ou de outra, legitima a desigualdade social pela cor da pele"; modela as atitudes discriminatórias e desempenha "papel central tanto na produção quanto na reprodução do preconceito e do racismo".
Pois bem, voltemos ao tema abordado pela tal notinha do tal veículo da grande mídia. Segundo Nelma Lopes Cardoso (2007), "mais de 70% dos brasileiros têm cabelos crespos, que vão do encaracolado ao mais crespo". Um dado bastante significativo, uma vez que vários estudos consideram que o cabelo é um dos pontos mais vulneráveis no corpo negro.
Tal consideração me fez lembrar de três episódios que vivenciei tendo o meu cabelo crespo como protagonista. O primeiro ocorreu na minha infância quando, ao chegar à escola com os cabelos recém-alisados a frio com aquelas famigeradas pastas, fiz uma simples alusão a tal prática e isso gerou o desconforto e a mudez das colegas. Naquela época, idos 70 do século XX, talvez o assunto fosse tabu e não pudesse ser comentado entre meninas.
O segundo diz respeito a minha vida profissional e aconteceu no início dos anos 90, quando o editor-chefe de um jornal localizado em município da Serra Gaúcha, no qual eu trabalhava como subeditora, achou que tinha o direito de criticar o meu cabelo em plena reunião de pauta. Eu estava chegando à redação do jornal recém-saída de um salão de beleza (corte, hidratação e penteado). O cabeleireiro havia me incentivado a "assumir os crespos". Incomodado, o editor me recomendou: "você deveria prender esse cabelo".
Já o terceiro ocorreu em 2006, na casa de uma mulher negra idosa e pobre que, quando me viu com os cabelos crespos naturais amarrados para cima por um lenço colorido, reclamou mal-humorada: "não adianta você se arrumar, com este cabelo sempre vai parecer uma mendiga". Nessas três ocasiões, lembro nitidamente, eu estava me sentindo bem bonita.
Tais lembranças incitaram-me a resgatar abordagem de Nelson Inocêncio (1999) sobre as relações raciais e implicações estéticas, na qual este professor explicita que a palavra estética "deriva de ‘sentir', mais especificamente das formas de sentir", e destaca que, no Ocidente, o dispositivo estético proporcionou uma "relação maquiavélica entre a cultura hegemônica e culturas emergentes", tendo em vista o componente racial.
Segundo Inocêncio, "existe no Brasil um padrão estético que nega o perfil multirracial do país", sendo que "a divulgação desse padrão condiciona a sociedade a pensar, a se comportar e a almejar vitórias no campo simbólico e até material que esbarram nesse limite".
Assim, ao lembrar que historicamente esta construção discursiva está relacionada com as ambições do processo de colonização desencadeado pelos europeus, o professor sustenta que "o olhar europeu em relação aos africanos e aos ameríndios não foi um olhar casual, mas causal", o que resultou em dicotomias, nas quais "noções de bem e mal, bonito e feio, nobre e vulgar são definidoras do status cultural".
Ou seja, a manutenção de uma condição privilegiada de poder depende de dispositivos que impedem (tentam impedir) aqueles que podem contestar tal privilégio de perceberem o seu próprio potencial de contestação e, consequentemente, de poder resistente.
A lista de dispositivos neste sentido é grande. Em relação ao tema deste artigo, entre outras coisas, para manter a dominação "os mesmos" precisam insistir na pregação de crendices para baixar a nossa auto-estima: juram que somos feias (os). O jogo é assim e não há como escapar dele. Urge aprender a jogar com maestria.
Mais uma lembrança surge à tona. Um trecho de uma canção escrita por Cristiane Sobral para a peça teatral Uma boneca no lixo, a cuja estréia tive a felicidade de assistir em 1998, em Brasília: "quero viver em paz com meu cabelo / eu tenho muito zelo com meu cabelo / qual será o preconceito / porque você quer me ver sempre do seu jeito / de entender, de saber [...] eu gosto do meu cabelo / eu gosto desse meu zelo / do zelo por mim".
Eu também, Cristiane. Eu gosto desse zelo por mim. Eu gosto do meu cabelo.
Diony Maria Oliveira soares é Jornalista, especialista em Antropologia Social e mestra em Educação/UFePel


Fonte Eu gosto do meu cabelo

Entre "Miss" e

fatima_oliveira1Fátima Oliveira - Médica, membro do Conselho Diretor da CCR
Pense numa doidice: nas meninas, o negócio é retardar um rito de passagem, a menarca, a primeira menstruação; nas jovens, suprimir o ciclo menstrual; e, nas climatéricas, mantê-lo ad infinitum, como signo da eterna juventude! Falo de lucrativos negócios da indústria farmacêutica, nada saudáveis. Iatrogenia, talvez. Sabe-se o lugar da menstruação, desnecessária na maioria dos mamíferos, na procriação humana. Ignora-se por que as mulheres menstruam. A menopausa foi confirmada apenas em elefantas, baleias jorobadas e mulheres! O curto ciclo de vida e a teoria do envelhecimento de Medawar não respondem.


Sem mencionar o desconhecimento dos danos de submeter a hipófise e os ovários a longos períodos de repouso forçado, por ação da "pílula", a Food and Drug Administration dos Estados Unidos comunicou que os efeitos colaterais da pílula antimenstruação são os mesmos da pílula anticoncepcional, cuja decorrência frequentíssima é a trombose venosa profunda (TVP) - coagulação do sangue nas veias em momento ou local inadequados, ocasionando obstrução venosa parcial ou total e inflamação da parede da veia, podendo causar embolias pulmonar e cerebral (AVC). É a inofensiva!

Fui aos meus guardados, incomodada com as matérias louvando as benesses de não menstruar e a inutilidade de menstruar, como a publicidade "Viva sem menstruar" - invocando a "sujeira", a falta de higiene e até o "veneno" do sangue menstrual! -, que "quase" diz que menstruar faz mal, a exemplo do ginecologista Elsimar Coutinho no livro "Menstruação, a Sangria Inútil". Escrevi "As regras e a camisinha" (2003); "As cobaias da terapia de reposição hormonal" e "O estado da arte da terapia de reposição hormonal (TRH)", sobre a menopausa - palavra de origem grega: fim dos períodos menstruais, estágio fisiológico da vida da mulher.

Neles discorro sobre as formas de "regulação social" de processos biológicos naturais das mulheres, como menstruação e menopausa, via "medicalização" - instrumento de poder político de apresentar e traduzir velhos conceitos e mentiras misóginas com novas roupagens. No tópico "Um olhar da sociologia na medicalização do corpo da mulher", destaco que fatos naturais inerentes à menstruação e à menopausa são diagnosticados e tratados como doenças!

Em "As regras e a camisinha", escrevi: "As minhas filhas foram festejadas quando menstruaram a primeira vez. No jantar de uma delas, o Gabriel disse: “Não sei por que a gente tem de jantar fora só porque essa menina ficou ´misturada´. E ainda ganhou flores porque agora vai usar Modess!".

Tive menarca quando Rita Lee não cantava "Mulher é bicho esquisito/ Todo o mês sangra" ("Cor de rosa choque"). Um trecho: "No Maranhão se dizia: “ficar moça”. Estava com 11 anos. Acordei uma tarde suja de sangue. Apavorada, tomei banho. Vovó perguntou por que eu estava “banhando” tão cedo da tarde. Disse que sentia calor... Naquele noite, não brinquei de roda. Sentia um medo que me apertava o peito. Foram horas de sofrimento solitário...

Voltei para o internato com peças novas em meu enxoval, as toalhinhas da menstruação, embora levasse também seis caixas de “Miss” - uma marca de absorvente da época. Vovó e mamãe brigaram. Vovó mandou fazer as toalhinhas e mamãe dizia que era para levar o “Miss”. Como não se entenderam, coloquei os dois na mala. Nunca usei as toalhinhas, porém guardei-as durante anos. Se perderam no tempo. Eram uma dúzia, arrematadas em “ponto Paris”. Verdadeiras joias!".
Publicado no Jornal O TEMPO em 05.07.2011
fonte: CCR - www.ccr.org.br


Fonte Entre "Miss" e toalhinhas arrematadas em "ponto Paris"

Orientações para as etapas municipais e estaduais da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

ato-chamada2SPM - 29/06/2011
As conferências municipais e estaduais vão debater e elaborar o seu Plano de Políticas para as Mulheres
A Comissão Organizadora da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, presidida pela ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), disponibiliza a partir desta terça-feira (28/6), orientações gerais para municípios e estados realizarem as conferências locais. As conferências municipais acontecem no período de 1º de julho a 31 de agosto; e as conferências estaduais no período de 1º de setembro a 31 de outubro.

As conferências municipais e/ou regionais e as conferências estaduais são um momento privilegiado para a discussão e elaboração de uma plataforma de políticas para o município e o estado, na perspectiva da construção de um Plano de Políticas para as Mulheres. As/os delegadas/os que participarão da etapa nacional serão eleitas/os na etapa estadual, devendo obrigatoriamente ter participado da etapa municipal e/ou regional.
A 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres vai acontecer nos dias 12 13 e 14 de dezembro, em Brasília. As mais de três mil mulheres que estão sendo esperadas para a Conferência Nacional vão debater e elaborar políticas públicas voltadas à construção da igualdade, tendo como perspectiva o fortalecimento da autonomia econômica, cultural e política das mulheres, contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para o exercício da cidadania das mulheres no Brasil.

Veja aqui as orientações gerais.
Comunicação Social da SPM


Fonte Orientações para as etapas municipais e estaduais da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

terça-feira, 12 de julho de 2011

Concurso: texto jornalístico sobre aborto | SedeDeQuê?

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/concurso-premia-textos-jornalisticos-sobre-descriminalizacao-do-aborto-terapeutico/262897/

Concurso premia textos jornalísticos sobre descriminalização do aborto terapêutico
1/7/2011 15:16

Com o mote “Porque a vida de cada mulher conta”, o Grupo Estratégico pela descriminalização do aborto terapêutico na Nicarágua e a ONG Ipas Centroamérica promovem a segunda edição do concurso nacional “Conchita Palacios”, cujo tema é “Violência sexual e aborto terapêutico”.
Voltado para jornalistas e estudantes de comunicação social, o concurso premiará trabalhos que “deem conta do impacto da violência sexual e gravidez produto de violação de meninas, adolescentes e mulheres” e, além disso, que “reflitam sobre o envolvimento da lei na prestação de serviço de saúde a vítimas de violência sexual e incesto”.
Podem concorrer ensaios, reportagens ou artigos de opinião publicados entre junho deste ano e maio de 2012, na categoria de profissionais. Já para os estudantes interessados, basta ter publicado a produção em qualquer meio impresso ou blog. O material será recebido até abril de 2012, nos escritórios do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), devendo ser entregue pessoalmente ou por correio e com uma cópia para o e-mail ochoam@ipas.org.
Os promotores do concurso destacam que na Nicarágua, desde 2006, todas as formas de aborto estão tipificadas como delito, mesmo quando a gravidez oferece risco para a vida da gestante ou quando foi fruto de violência sexual, o que torna a gestação um “trauma adicional”.
Na Nicarágua, de acordo com o Instituto de Medicina Legal, somente no ano de 2009 foram reportados 4.961 casos de violência sexual, 89% deles relativos a meninas e meninos menores de 17 anos. Os dados revelam ainda que a maioria das violações foi cometida por conhecidos, padrastos, tios ou pais.
Além do sofrimento causado pela violação em si, segundo a Anistia Internacional, muitas vítimas não denunciam a situação, pois há um tabu em torno do abuso sexual, com estereótipos e discriminação. A justiça também é bastante lenta no julgamento dos processos, e os custos financeiros que isso acarreta, bem como a falta de proteção aos direitos humanos, constituem um obstáculo.
Premiação
Os trabalhos vencedores serão publicados e divulgados nas páginas na Internet do Grupo Estratégico pela descriminalização do aborto terapêutico na Nicarágua e das organizações que apóiam o concurso, dando o crédito aos autores.
A solenidade de premiação ocorrerá em junho de 2012. O primeiro lugar na categoria jornalista ganhará US$ 1000, e o segundo, US$ 700. Entre os estudantes, o primeiro lugar receberá US$ 500, e o segundo, US$ 300.
Fonte da imagem: http://limpa-vias.blogspot.com/2008/02/tenho-um-blogue-em-papel.html

Concurso: texto jornalístico sobre aborto | SedeDeQuê?

‪Novos generos e relacionamentos‬‏

 Parte do programa Café Filosofico da série sobre "Novos Sujeitos e Relacionamentos" sobre as novas formas de ser de genero e se relacionar (sexualmente ou não) de formar famílias ou apenas se amarem 2010



YouTube - ‪Novos generos e relacionamentos‬‏

Diferenças na criação de meninos e meninas podem prejudicar a criança

Diferenças na criação de meninos e meninas podem prejudicar a criança; veja exemplos - Comportamento - UOL Estilo: Moda, dicas de beleza, comportamento e estilo de vida

KATIA DEUTNER
Quem nunca ouviu as frases: "Seu irmão pode porque é homem" ou "Você é homem e não precisa disso"? Uma verdadeira chatice para os filhos, mas para os pais, não. Criar de forma diferente meninos e meninas ainda é comum nas famílias brasileiras. "Elas são educadas para serem meigas, delicadas, cuidadoras, com incentivo à maternidade, à domesticidade e ao embelezamento. Já eles são encorajados a serem agressivos, ativos, independentes", diz a psicóloga Jane Felipe, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
As expectativas que a sociedade estabelece entre homens e mulheres. "Há pesquisas que mostram o quanto os adultos se preocupam, até mesmo com bebês, de forma diferenciada em função do sexo. Por exemplo, quando um menino tem sono inquieto, isso não é motivo de preocupação, pois espera-se que eles sejam mais agitados. No entanto, para as meninas, os pais consideram preocupante, pois acham que elas devem ser mais calmas."
E isso é certo?

Há diferença na criação de meninos e meninas? Veja opiniões colhidas nas ruas


Diferenças existem e devem ser respeitadas. "Entretanto, os pais precisam se atentar para que essas especificidades não sejam traduzidas em forças e fraquezas, em qualidades e defeitos, mas em comportamentos próprios, não só ao gênero ao qual pertencem, mas também ao ambiente social e ao comportamento que é esperado neste meio", afirma a psiquiatra Ivete Gianfaldoni Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatra da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo.

"Cada filho deve ser criado diferentemente, já que se trata de um ser único, com necessidades, desejos, potencialidades e limitações únicas. Depende da demanda de cada um, se estiver estritamente ligada ao gênero, sim, haverá diferenças de criação, do contrário não", explica a psiquiatra.
Oportunidades iguais
De acordo com os especialistas, diferenças entre os sexos não são naturais, mas construídas socialmente. "Cabe aos pais dar oportunidade a experiências diversas a seus filhos e filhas. Por exemplo, dar às meninas brinquedos e brincadeiras que incentivem o raciocínio lógico-matemático da mesma forma que incentivam os meninos", afirma Jane Felipe. "Os mesmos cuidados com um filho, que sai para a balada e volta de madrugada, também deve ser dado à filha. Ensinar a arrumar seu próprio quarto, preparar sua refeição são atribuições de todos, sejam meninos ou meninas", segundo Ivete Gattás.

Para eles e para elas


Conheça algumas dicas do best seller Criando Meninos, do escritor Steve Biddulph (ed. Fundamento) para incentivar seu filho durante a vida toda

1. Não comenta o erro de tratar o menino com rispidez. Infelizmente, os adultos têm essa péssima mania. “Estudos demonstram que os pais abraçam e acariciam muito mais as filhas, mesmo quando recém-nascidas, e falam menos com os meninos. As mães dos meninos tendem a bater neles com mais força e com mais frequência do que o fazem com as meninas.”

2. Demonstre interesse e prazer em ensinar e conversar com seu filho. “O cérebro dele desenvolve maior habilidade verbal e ele se torna mais sociável.”

3. Mães devem ser mais presentes nos primeiros anos. Privar o filho de calor e afeto de sua presença faz com que o menino desligue a parte mais terna e amorosa. “Ele conclui que dói demais amar alguém sem ser correspondido. No futuro, terá problemas tornando-se um homem tenso e irritável.”

4. Decisões devem ser tomadas em conjunto pelos pais. Não deixe o trabalho difícil só para a mãe. Há maneiras de disciplinar calmas e firmes. “Faça questão do respeito. Não seja você também uma das crianças.”

5. Seja expansivo. Abrace, beije, brinque com atividades calmas. “Alguns pais temem que, por darem carinho a seus filhos, eles se tornem 'maricas' ou, talvez, gays. Não é assim. Na verdade, pode ser o contrário. Muitos gays ou bissexuais dizem que a falta de afeto paterno contribuiu para tornar a afeição masculina mais importante para eles.”

6. Tenha uma estrutura familiar. Meninos se sentem inseguros em perigo. “Se ninguém está no comando, eles começam a competir para determinar a ordem social. Sua natureza movida a testosterona os leva a querer estabelecer hierarquias.”

7. Pai deve ensinar qualquer coisa ao menino – ele irá adorar. “Se você não sabe pescar, fabricar objetos ou consertar carrinhos e computadores, tudo bem; vocês podem aprender juntos. O importante é tentar.”

8. Encontre algo que ocupe o espírito do menino quando ele completar 14 anos. Dê asas à sua existência. “Todos os pesadelos que povoam a imaginação dos pais (álcool, drogas, crimes) só acontecem quando não encontramos canais para o desejo que o jovem tem por glória e papéis heroicos.”

ENTRE ELES E ELAS
Diferenças na educação dada pelos pais (e que podem ser repensadas):

Meninos Meninas
Praticam artes marciais Fazem balé
Brincam de carrinho Brincam de boneca
Não ajudam em afazeres domésticos Precisam ajudar nos afazeres domésticos
Podem sair sozinhos Não podem sair sozinhas
São menos contrariados e têm poucos limites Recebem educação mais rígida
Aprendem a não levar desaforo para casa Aprendem que jamais podem se meter
em confusão
São cobrados a ter desempenho intelectual e
físico superior
Menos estimuladas a se destacarem intelectualmente
ou serem fisicamente fortes
Podem falar palavrão Proibidas de falar palavrão
Estímulo da sedução mais agressiva Estímulo do jogo de sedução casta
Podem brincar na rua Não podem sair

Fonte: UOL

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Projeto endurece pena para médico que realizar aborto

Projeto endurece pena para médico que realizar aborto

Brizza Cavalcante
Eduardo Cunha
Eduardo Cunha: penas atuais são “extremamente brandas”.
A Câmara analisa o Projeto de Lei 1545/11, do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prevê pena de 6 a 20 anos para médico que realiza aborto, além da cassação do registro profissional. A proposta altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40).
A lei permite o aborto apenas em dois casos: quando não há outro meio de salvar a vida da gestante e quando a gravidez for resultado de estupro. Pelo projeto, em qualquer situação fora dessas hipóteses, a pena será a mesma: 6 a 20 anos.

Atualmente, o Código Penal pune o médico com um a quatro anos de prisão caso o aborto seja feito com o consentimento da gestante, e com 3 a 10 anos se não houver consentimento. Se a gestante sofrer lesão corporal grave durante o procedimento, a pena pode chegar a 13 anos e 4 meses. Só em caso de morte da mãe, a prisão máxima é de 20 anos.
Segundo o autor da proposta, as penas para o aborto são “extremamente brandas”. “Ao aborto praticado por médico deve ser atribuída penalidade mais grave do que quando o crime é praticado por terceiro, pelo compromisso profissional de preservar a vida”, disse.
Tramitação
A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e, depois, pelo Plenário.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Daniella Cronemberger

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara de Notícias'

terça-feira, 5 de julho de 2011

TORTURA NO CONFESSIONÁRIO

Marcos Rolim

A experiência democrática no Brasil é uma ilha cercada de incompreensões por todos os lados. Natural, vez que somos sujeitos e testemunhas do maior período democrático em nossa história republicana e ele tem apenas pouco mais de 20 anos.
Todas as tiranias pretendem a supressão da pluralidade que caracteriza a agência humana e alimentam a loucura da uniformidade, do regramento capaz de impor, não raro pelo terror, a paz dos cemitérios. Os regimes ditatoriais e totalitários constroem, por isso mesmo, a experiência radical da solidão: a impotência absoluta. Incapazes de manifestar aquilo que os diferencia dos demais – opiniões, modos de vida, hábitos –os indivíduos se transformam em sombras de si mesmos. Em seu belo livro “Heróis Demais” (Cia das Letras, 240 pg.), Laura Restrepo conta a história de um filho à procura de seu pai, um ex-ativista de esquerda que lutou contra a ditadura militar argentina. Há uma passagem em que a mãe do menino, Lorenza, toma um ônibus em Buenos Aires, no auge da repressão. A personagem usava um vestido levemente transparente quando alguns senhores a insultam por conta da roupa. Percebe, então, que nenhuma ditadura se estabelece sem o moralismo que recusa aos demais o direito à diferença, inclusive nos modos de se vestir. As mulheres, é claro, são as primeiras vítimas deste “olhar normalizador” que chegou por aqui com os colonizadores, irmanados pelo que imaginavam ser a “palavra de Deus” e tementes do Santo Ofício.

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos, afirmou em entrevista recente que “não há verdadeiramente mulheres vítimas de estupro já que, em alguma medida, elas sempre consentem com o ato”. Para mostrar às mulheres que não devem abortar por conta do estupro, o Bispo usa em seu confessionário a “técnica da caneta”. Pega a tampa da caneta e solicita que a mulher enfie o cilindro na tampa. Então, movimenta a tampa impedindo o encaixe. Para ele, “uma mulher que não consente com o ato sexual resiste ao encaixe do cilindro na tampa da caneta”. Ao serem confrontadas com a “técnica da caneta”, as mulheres desistiriam do aborto, pois o estupro seria uma “mentira”.

Assim, ao invés do conforto, o Bispo de Guarulhos oferece às vítimas a noção de culpa. Não deixa de ser impressionante que o espírito da Inquisição seja tão presente entre nós e que pessoas como este Bispo – protegidos pelo manto da Igreja – reinventem a tortura, agora no confessionário. Que ele imagine uma vagina como uma tampa de caneta é até compreensível, já que, em tese, bispos não devem ter a menor noção deste tema; mas que erga sua ignorância e sua carga de preconceitos contra as mulheres, vitimando-as uma segunda vez, me parece algo repugnante. Mulheres vítimas de estupro são, freqüentemente, paralisadas pelo terror. A agressão é tamanha e a humilhação é de tal ordem que não se pode exigir das vítimas qualquer tipo de conduta. Mulheres violentadas estão à beira da morte, por definição. Morte do corpo transformado em um objeto – um pedaço de carne para a sanha do agressor - e mortificação da “alma”; vale dizer, de sua dignidade. É em favor da morte destas mulheres e ao lado dos estupradores que o Bispo de Guarulhos atua. Pior: há quem concorde com ele.




Fonte : Marcos Rolim - Direitos Humanos e Segurança - TORTURA NO CONFESSIONÁRIO

Pesquisa mostra que famílias chefiadas por mulheres aumentaram dez vezes em 13 anos

Pesquisa mostra que famílias chefiadas por mulheres aumentaram dez vezes em 13 anos
Questões de Gênero e Orientação Sexual
Ivan Richard - repórter da Agência Brasil

Brasília - Em 13 anos, o total de famílias formadas por casais com filhos e chefiadas por mulheres cresceu 10 vezes, passando de 3,4%, ou 247.795 famílias, em 1993, para 14,2%, ou 2.235.233 lares, em 2006.

Os dados divulgados hoje (9) fazem parte da 3ª edição da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

O estudo revela que ao longo da última década, a proporção de famílias chefiadas por mulheres passou de 19,7% em 1993 para 28,8% em 2006. “Supondo-se um padrão de família tradicional formado por mãe, pai e filhos, sem considerar os novos arranjos familiares contemporâneos, esse dado nos leva a pensar num horizonte cultural mais igualitário entre homens e mulheres dentro das famílias, seguido de maior empoderamento para as mulheres”, diz o texto da pesquisa.

A doméstica Ana Lúcia Cardoso, 53 anos, faz parte dessa nova realidade dos lares brasileiros apontada pelo Ipea. Desde os 28 anos, quando teve a primeira das duas filhas, ela é responsável pelo lar. Com R$ 600 de renda, ela sustenta uma das filhas, três netos e o genro, que está desempregado.

“É um aperto, porque se for calcular o aluguel que custa R$ 300 dá para ter uma idéia da dificuldade. Meu genro está desempregado, faz alguns bicos e ajuda com as contas de água, mas a gente sabe que o que pesa mesmo [no orçamento] é a comida. Em alguns meses, compro R$ 300 de comida, mas três crianças pequenas gastam muito”, afirmou.

De acordo com o estudo, em 2006, 31,3% das famílias que vivem nas zonas urbanas eram chefiadas por mulheres, um crescimento de 9,6 pontos percentuais em relação a 1993. Nas áreas rurais, no mesmo período, o percentual de mulheres que chefiavam as famílias era de 14,6%, o que corresponde a uma elevação de 3,2 pontos percentuais na comparação com 1993.

“Em se tratando de um fenômeno de natureza tão complexa, como são as transformações de padrões culturais e visão de mundo, do ponto de vista simbólico uma mudança desse tipo num período de dez anos é significativa e impactante. Tais dados, tais mudanças apontam para um questionamento do lugar simbólico do homem como o provedor exclusivo”, acrescenta o estudo.

O levantamento divulgado pelo Ipea teve como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 1993 a 2007. A pesquisa traça o perfil sobre diferentes temáticas relacionadas às desigualdades de sexo e de raça. O estudo aborda temas como população; chefia de família; educação; saúde; previdência e assistência social; mercado de trabalho; trabalho doméstico remunerado; habitação e saneamento; acesso a bens duráveis e exclusão digital; pobreza, distribuição e desigualdade de renda; e uso do tempo.


Fonte: Agência Brasil

sábado, 2 de julho de 2011

São Paulo recolhe 1,3 milhão de contraceptivos

São Paulo recolhe 1,3 milhão de contraceptivos - vida

Um terço das amostras de anticoncepcionais analisadas pela Secretaria de Saúde estava comprometida: a maioria por falhas na composição

01 de julho de 2011
Felipe Oda, Jornal da Tarde
Pelo menos 1,3 milhão de anticoncepcionais irregulares que seriam distribuídos pelo Programa de Saúde da Mulher, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, foram recolhidos nos últimos quatro anos pela Vigilância Sanitária. Quase um terço do medicamentos analisados (28%) apresentaram problemas na quantidade do princípio ativo, o que pode comprometer a eficácia do contraceptivo - e alguns (1% da amostra) tiveram falhas de rotulagem.

A secretaria não informou se medicamentos com qualidade comprometida chegaram a ser entregues às mulheres no período. Foram identificados com problemas 34 lotes de Noregyna, do laboratório Cifarma; Norestin, da Biolab Sanus; Nociclin e Contracep, do EMS. Por meio de nota, os fabricantes afirmaram ao JT que os lotes foram recolhidos e não chegaram ao varejo.

A situação mais grave foi encontrada entre os anticoncepcionais injetáveis: a maioria das amostras analisadas (55%) apresentou problemas. Já entre os comprimidos, 10% das pílulas analisadas tinham algum tipo de irregularidade. Coordenadora das análises, a pesquisadora Blanca Markman, do Adolfo Lutz, ressalta que os "desvios mais sérios" foram observados na "composição físico-química" dos medicamentos.

Volume menor

"Registramos contraceptivos com volume menor que o adequado (no caso dos injetáveis)", afirma Blanca. Para garantir a quantidade correta do medicamento injetável, os fabricantes devem colocar um pouco a mais na ampola ao declarado na embalagem. "O volume declarado é de 1 milimetro, mas o fabricante deve colocar 1,15 ou 1,18 milimetro. É uma margem de segurança para evitar que o líquido se perca na agulha. Em outras situações, a ampola era tão pequena que impossibilitava a ‘agitação’ da substância."

Os contraceptivos injetáveis também apresentaram problemas de aspecto da substância, com a presença de nódulos. "É outro problema de má formulação do produto. A substância pode entupir a agulha ou ocasionar graves lesões após a aplicação, como necrose muscular", fala Blanca.

As pílulas também tiveram problemas de dosagem. "No ensaio (teste) de dissolução (dos comprimidos), que avalia a liberação do fármaco em determinado tempo, os lotes insatisfatórios não liberaram a quantidade certa", detalha Blanca. Segundo ela, as falhas inutilizam o princípio ativo dos anticoncepcionais. "Com a liberação menor, a absorção do organismo também será menor. Pode comprometer a eficácia terapêutica."

Blanca explica que as caixas dos anticoncepcionais reprovados não informavam o nome genérico da substância ativa nem o telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) dos fabricantes. Ao todo, de 2007 a 2010, o Instituto Adolfo Lutz analisou 154 amostras de anticoncepcionais - entre injetáveis, de emergência e pílulas tradicionais.
Fonte: Estadão


sexta-feira, 1 de julho de 2011

O poder, as mulheres e a mídia

O poder, as mulheres e a mídia

Renata Noiar
No dia 13 de junho passado, ao começar a entrevista com a ex-candidata à presidência da República Marina Silva (PV) no programa Roda Viva(TV Cultura), a apresentadora Marília Gabriela questionou a existência de um comportamento preconceituoso por parte da mídia quanto à inédita participação de mulheres no atual governo federal, tendo como expoente maior a própria presidenta da República, Dilma Rousseff. Do alto de uma sobriedade impressionante para uma candidatada derrotada no pleito presidencial, Marina alegou estar no ineditismo à falta de habilidade da imprensa em lidar e noticiar a nova realidade da política brasileira.
Mas o que não foi respondido pela ex-senadora – a existência ou não de preconceito no comportamento da mídia – vai se evidenciando no teor do conteúdo da agenda da mídia por parte de uma parcela significativa dos meios de comunicação. Este preconceito se concretizou com as recentes mudanças feitas na equipe de governo. A saída do ministro Pallocci e troca de cadeiras entre os ministros das Relações Institucionaise da Pesca foram o ponto de partida para conteúdos onde gênero é usado a partir do viés do preconceito.
A escolha da senadora Gleise Hoffmannpara Casa Civil e da também ex-senadora Ideli Salvati para o Ministério das Relações Institucionaisabriu espaço para o tom jocoso por parte da imprensa quanto à participação das mulheres no governo federal, que segue em descompasso tanto com a trajetória política das escolhidas da presidenta, quanto com a trajetória de avanços e conquistas obtidos pelas mulheres ao longo de um século. Em sua maior parte noticiado, e muitas vezes festejado, pela própria imprensa. A "República do salto alto, da saia justa", entre outros, são alguns dos estereótipos escolhidos pela mídia para "qualificar" o governo federal.
O sopro machista
Mas mais do que tentar desqualificar, previamente, as mulheres que exercem os três cargos mais altos da República, a imprensa brasileira dá sinais de sua falta de preparo em lidar, por conveniência, com as mudanças vividas pelo mundo em um século de avanços feministas. Ou, o que é pior, de não saber se ajustar a uma nova realidade, ao se valer de machismo em uma tentativa rasa de fazer graça. Não que o humor não se apropriará deste momento e o fará da melhor forma possível, tirando boas gargalhadas de todos, inclusive de mim. Contudo, trata-se aqui do papel de quem deve informar, e não fazer humor. Ao tentar inverter papeis com o humor, a grande mídia deixa claro que se valerá, sempre que lhe for conveniente, de artifícios machistas para desacreditar o governo. Não se importando em retroceder um século, ao tempo em que as mulheres que lutavam por seus direitos eram tidas como loucas, duronas, briguentas, destemperadas... E tantos outros predicados tão em voga nas últimas semanas!
O novo sempre impõe, primeiramente, estranhamento e, em seguida, a adaptação. Entretanto, o cenário atual da agenda da mídia que se utiliza negativamente do gênero em sua pauta seja para criticar, analisar ou noticiar ações do governo federal, não tem nada de inédito, considerando as experiências durante o governo de Luiza Erundina à frente da prefeitura de São Paulo (1988-1992) e de Marta Suplicy, também à frente da prefeitura da maior cidade brasileira (2001-2002) e sede dos maiores veículos de comunicação do país, deixando sinais claros de onde vem o sopro machista que ecoa na mídia brasileira.
Publicado no Observatório da Imprensa, em 27/06/2011 na edição 648
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[Renata Noiar é jornalista, Brasília, DF]
Fonte Universidade Livre Feminista

Vacina gratuita contra HPV pode ser garantida a mulheres dos 9 aos 45 anos

Vacina gratuita contra HPV pode ser garantida a mulheres dos 9 aos 45 anos

Gorette Brandão / Agência Senado
Mulheres com idade entre nove e 45 anos poderão ter o direito de receber gratuitamente a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É o que prevê projeto aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta quinta-feira (30). A ideia é oferecer para a população nessa faixa etária um aliado no combate ao HPV, vírus transmitido por contato sexual que vem sendo considerado a principal causa do câncer do colo de útero.
O projeto, de iniciativa da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), foi a exame com voto favorável da relatora, a senadora Ângela Portela (PT-RR). A matéria seguirá agora para exame na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde receberá decisão terminativa . Portanto, se aprovado, poderá passar diretamente a exame na Câmara dos Deputados.
Vanessa Grazziotin observa no projeto que o câncer de colo uterino é o segundo tumor maligno de maior incidência na população feminina no país, só perdendo para o câncer de mama. Citando dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), afirma que são estimados 18.430 novos casos da doença e 4.800 mortes por ano. Além disso, observa que a maior incidência ocorre entre mulheres de baixa renda e menor escolaridade nas regiões Norte e Nordeste.
Apesar dos altos custos associados a um programa abrangente de vacinação contra o HPV, a relatora, Ângela Portela, afirma que os avanços sociais e sanitários vão superar os gastos com ampla vantagem. Atualmente, a vacina é oferecida apenas em clínicas privadas, por preços nunca inferiores a R$ 600,00 pelas três doses necessárias e que podem chegar perto de R$ 1.500,00 em alguns estabelecimentos.
No debate, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) observou que pode ser difícil assegurar a vacina a toda a população feminina, de forma imediata, em país tão grande. Porém, salientou que nada impede que a vacina comece a ser aplicada, especialmente nas regiões onde se registra a maior incidência de infecção pelo HPV.

Fonte : Universidade Livre Feminista