terça-feira, 21 de abril de 2009

MASTERCARD: O Que Tem Preço

Abaixo reflexão da Companeira Rebeca Olivira Duarte sobre a subjetividade do Racismo nas propagandas. Vale a pena ler.

Sempre gostei de observar os comerciais brasileiros; nada pelos produtos em si, mais pela perspectiva artística que a propaganda brasileira costumava ter. Em certos períodos, tive muitos contragostos, especialmente à época em que as cervejarias desbundaram em propagandas sexistas, mal-feitas e repetitivas, até que, felizmente, a justiça decidiu - por pressão das feministas - pôr os limites necessários à liberdade de expressão. Afinal, democracia não justifica agressão e discriminação contra mulheres; pelo contrário, requer a garantia de serem tutelados os direitos fundamentais de todos os segmentos sociais.

Bem, mas o que eu quero dizer é sobre a perspectiva artística das propagandas, e a respeito de como algumas delas marcam os telespectadores. Em Pernambuco, quem tenha mais de trinta anos não tem como não lembrar com um sorriso os jingles das Casas José Araújo, nos idos dos 1980, ou a cantiga doce de uma marca de açúcar cristal.
Mais recentemente, em nível nacional, uma dessas campanhas bem sucedidas é a da Mastercard, que associa o consumo às coisas não-consumíveis, seduzindo quem assiste geralmente pela afetividade. Pois bem. A última das versões da campanha "Não tem preço" espantou-me com um exemplar bem "sutil" do racismo brasileiro, daqueles que poucas pessoas "conseguem" perceber. Ou querem perceber.
Trata-se de um jovem franzino branco lutando no ringue com um homem negro grande e forte. Do lado do negro, a altura e os músculos; do lado do branco, a sua força está num computador, em livros e, o que quer nos levar a pensar a propaganda, pela aplicação intelectual do jovem branco. Ao final da luta, o negro desaba enquanto o jovem ergue os braços e o narrador finaliza: "passar no vestibular: não tem preço".
Muito interessante como a propaganda descreve exatamente o pensamento comum referente ao "lugar" do negro na perspectiva racista brasileira, principalmente em relação à educação. Se de um lado o negro aparece superior fisicamente, com sua "força bruta", muscular, o branco o supera pelo "mérito" individual da intelectualidade e, por isso mesmo, derruba o primeiro para ocupar um lugar de privilégio - a universidade. Assim é a idéia geral que povoa o imaginário brasileiro, principalmente em relação às cotas.
A propaganda da Mastercard parece ter sido escrita por aqueles intelectuais de gabinete que criticam as cotas como uma ameaça à meritocracia individual, elitista e racista; quem sabe, foi mesmo. Não duvidaria. Afinal, a igualdade racial é um preço muito caro que alguns segmentos da sociedade não querem pagar, para não terem de ver o negro e a negra se defenderem dos golpes que historicamente receberam. O medo, tão grande, desse "jovem branco franzino", é da reação; de ver-se contra-atacado, golpeado e jogado ao chão, humilhado, assim como fez ao outro.
Mas erra quem vai nesse caminho. Em nenhum momento, a defesa das cotas quer colocar as coisas como uma luta de boxe, no qual o "vencedor" deixa o outro derrubado na lona, vencido. Pelo contrário. Queremos sim que o vestibular saia do ringue e que a universidade seja um campo democrático, sem disputa ou concorrência - tão-somente de conhecimento. E, necessariamente, da socialização deste conhecimento.
Queremos que a educação não tenha preço, nem pagantes, nem excluídos. Sem os nocautes da injustiça social e do racismo, que fazem a pessoa negra pagar sempre muito caro por sua existência. O racismo causa, inclusive, um estrago que não tem valor que compense. Só a consciência social - e essa sim, não tem preço, apesar de ser ainda tão cara em nossa sociedade.
Rebeca Oliveira Duarte
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"Não me digas que não podes; querendo Deus e dando-te coragem, poderás."
(Sócrates, em Platão, "Teeteto")

Rebeca Oliveira Duarte
Observatório Negro
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Aids entre jovens

SEXO & SAÚDE
Jairo Bouer

Aids entre jovens
"Meu namorado tem o vírus HIV e, um dia antes de ele fazer o exame que deu positivo, fizemos sexo sem camisinha. Faço exames periódicos (método Elisa) há alguns anos e todos deram resultado negativo. Existe algum outro exame mais eficaz?"

"Sou HIV positivo há oito anos, mas meu médico diz que ainda não preciso tomar remédios. Sinto que não estou bem, tenho muito sono e mal consigo trabalhar. Será que tenho outro problema? Pela média, devo viver muito?"

DUAS DÚVIDAS de jovens leitores que convivem de perto com o vírus HIV, causador da Aids. Embora hoje se fale muito menos da doença, ela continua por aí. No Brasil, são mais de 30 mil casos novos por ano (cerca de 80 por dia).
Se o tratamento e o controle da doença avançaram muito na última década, a descoberta de uma vacina ou mesmo da cura completa ainda estão longe. Portanto, prevenção continua sendo a alma do negócio.
Em casais discordantes (em que um é soropositivo e o outro, não), os cuidados são muito importantes para evitar que a outra pessoa se contamine. Assim, o casal tem que usar camisinha sempre, em todas as formas de contato sexual mais íntimo. Se isso for feito de maneira correta, a pessoa que é negativa estará protegida.
Os exames mais modernos para anticorpos contra o HIV conseguem "captar" alterações já nas primeiras oito a 12 semanas depois da relação suspeita. Assim, se nossa leitora faz exames periódicos há tanto tempo, a chance de ela estar contaminada é bem pequena.
Testes mais específicos e mais rápidos são os que detectam o próprio material genético do vírus (carga viral) alguns dias após a infecção. Esses exames são também usados em pacientes que estão em tratamento para medir a contagem viral (quantidade de vírus no corpo). São testes mais caros e que devem ser reservados para situações especiais, o que não parece ser o caso da leitora.
Se uma pessoa com HIV começa a se sentir mal é importante procurar ajuda médica para fazer um diagnóstico preciso. Esses sintomas podem ser um sinal de desequilíbrio da defesa contra o vírus, o que poderia indicar a necessidade de iniciar um tratamento. Mas também podem sinalizar outros problemas de saúde, como distúrbios hormonais, estresse e até depressão (quando a pessoa apresenta sintomas como desânimo, falta de vontade e tristeza).
Os números mostram que os portadores do vírus HIV podem viver cada vez mais. Já existem no Brasil jovens que convivem com a Aids há mais de 20 anos. Se o tratamento for adequado, sem abandono dos medicamentos (adesão), a vida pode ser longa e com boa qualidade por um tempo indeterminado.
fonte: FSP 20/04/2009

quinta-feira, 16 de abril de 2009

HOMOFOBIA: A cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil

da Folha Online - 15/04

Relatório do GGB (Grupo Gay da Bahia) aponta que foram assassinados 190 homossexuais no ano de 2008 no Brasil --um a cada dois dias. O número é 55% maior que o registrado pela ONG (organização não governamental) em 2007, quando foram registrados 122 crimes do tipo. Das vítimas, 64% eram gays, 32% travestis e 4% lésbicas.

A entidade, a mais antiga associação de defesa dos direitos dos homossexuais no país, fundada em 1980, faz a pesquisa com base em notícias divulgadas pela imprensa nacional pois não existe um órgão oficial que realize essa estatística.

Dados do GGB mostram o Brasil como o pais com maior número de crimes homofóbicos, seguidos do México --com 35-- e Estados Unidos --com 25. Mesmo extraoficial, o relatório da associação é utilizado em citações da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

A pesquisa mostra que o risco de um travesti ser assassinado é 259 vezes maior que um gay. Pernambuco é o Estado mais violento para esse tipo de crime, com 27 mortes, e o Nordeste aparece como a região mais perigosa: um homossexual nordestino corre 84% mais risco de ser assassinado do que no Sudeste e no Sul.

Os homossexuais jovens, com menos de 21 anos, são 13% das vítimas. Segundo o levantamento, predominam entre as vítimas travestis que se prostituem, cabeleireiros, professores e vendedores ambulantes. Gays são mais assassinados dentro de casa a facadas ou por estrangulamento, enquanto travestis são mortos na rua a tiros, segundo o GGB.

A maioria dos assassinos --80%-- são desconhecidos das vítimas e, de acordo com a pesquisa, predominam nesse grupo garotos de programa e vigilantes noturnos. Ao menos 65% deles são menores de 21 anos.

O GGB disponibilizar o manual "Gay vivo não dorme com o inimigo" como estratégia para erradicar os crimes homofóbicos. A associação pede providências à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e ameaça enviar um relatório, contra o governo brasileiro, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA (Organização dos Estados Americanos) e à ONU (Organização das Nações Unidas), pelo crime de prevaricação contra os homossexuais.

O relatório é elaborado pelo GGB desde 1980. Até 2008 foram documentados 2.998 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% --1.168 casos-- a partir de 2000.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Pesquisa Instituto Avon/Ibope sobre violência contra as mulheres

Conheça a Pesquisa Instituto Avon/Ibope sobre violência contra as mulheres
14/04/2009 - 14:26

A pesquisa tem foco nas percepções da sociedade brasileira sobre o fenômeno da violência de gênero

A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, e o presidente da Avon Brasil, Luis Felipe Miranda, participam hoje de coletiva de imprensa sobre a Pesquisa Instituto Avon/Ibope – Percepções Sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil. O encontro acontece às 10h, no Festivo, no bairro de Pinheiros, São Paulo, e também conta com as presenças de Fátima Jordão, conselheira do Instituto Patrícia Galvão, Lírio Cipriani, diretor executivo do Instituto Avon, e Kátia Gianone, diretora de Comunicação da Avon.

A pesquisa foi realizada em âmbito nacional de 13 a 17 de fevereiro último, em cidades com mais de 20 mil habitantes e capitais. Trata-se de amplo estudo quantitativo sobre as percepções e reações da sociedade sobre a violência contra a mulher.

sábado, 11 de abril de 2009

Por dentro dos projetos

O Projeto Direito à Saúde da Mulher Negra também acaba de lançar seu website, que conta com um amplo banco de dados com artigos acadêmicos, dissertações e textos de legislação nacional e internacional sobre saúde e gênero. Não deixe de conhecer - www.saudemulhernegra.org.br.

Clique aqui

Centro de Direito a Saúde da Mulher Negra

Projeto Direito à Saúde da Mulher Negra inaugura Centro de Direitos
(
(PROGRAMA DE JUSTIÇA)

Equipe do Projeto apresenta o espaço às futuras frequentadoras

No último dia 14 de março, foi inaugurado o Centro de Direitos do Projeto Direito à Saúde da Mulher Negra, no bairro de São Mateus, em São Paulo.

Esse evento marca o início da terceira fase do projeto, implantado desde 2007 com o objetivo de criar um modelo de monitoramento da implementação das políticas públicas de saúde, bem como dos próprios serviços. O Projeto, desenvolvido pela Conectas Direitos Humanos em parceria com o Gelédes - Instituto da Mulher Negra, conta com o apoio da União Européia.

A criação desse espaço, que fica em frente ao maior hospital público da região, tem três objetivos principais: receber e encaminhar denúncias de discriminação racial, dar continuidade à formação e capacitação das lideranças negras da região e sensibilizar os funcionários da área de saúde para a questão. O Centro funcionará em horário comercial, às quartas, quintas e sextas - feiras. Os dois primeiros dias são destinados ao recebimento de denúncias de discriminação racial. Por isso, uma promotora legal popular estará de plantão no Centro para conversar com as mulheres e ajudar no encaminhamento das denúncias.

As sextas serão dedicadas a cursos e atividades culturais, como aulas, palestras, oficinas, debates, exposições, filmes, espetáculos de dança e performances artísticas. A proposta é desenvolver meses temáticos, nos quais serão abordadas as temáticas centrais do projeto: raça, saúde e gênero, sempre sob a perspectiva de direitos humanos.
A abertura do Centro em outros dias e horários ainda está em estudo. O endereço é Rua Ângelo de Cândia, n° 415, em São Mateus.

Aborto Legal X Planos de Saúde

Projeto aprovado no Senado gera questionamentos quanto à cobertura de atendimento ao aborto legal por planos de saúde

O projeto de lei que obriga os planos e seguros de saúde a cobrir procedimentos de planejamento familiar passou pelo Senado, ainda deve ser sancionado pelo presidente, mas já traz uma série de questionamentos.Leia Mais no Site CCR