sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ALERTA PARA AÇÃO - em defesa do Kit de Combate à Homofobia nas escolas

O Programa Nacional Brasil Sem Homofobia, através de uma pesquisa realizada por gestores do MEC e ONG’s realizam diversos apontamentos:

• Em geral, havia desconhecimento dos conceitos, orientação sexual e identidade de gênero, conforme definidos os marcos da pesquisa. A sigla LGBT é pouco conhecida. Gênero é o jeito da pessoa, a personalidade.

• Existe uma invisibilidade dos estudantes LGBT nas escolas. A percepção é que a quantidade de gays é muito pouca, mas é maior do que a de lésbicas. Não foi visto nenhuma travesti ou transexual nas 44 escolas analisadas. “Nunca existiu na escola um caso de gay ou lésbica, porque os alunos daqui são muito novos. É depois dos 15 anos que você vira gay.” “O homem, para diagnosticar, é mais fácil, percebemos alguma coisa.”

• Percepção da escola como ambiente hostil. “Travestis frequentam essa escola ou não?” “Não, não, não, graças a Deus, não!” Um aluno disse isso: “Graças a Deus, não!”

• Percepção da diversidade sexual com base nos estereótipos. “Gay a gente conhece pelo jeito de andar, a própria anatomia, porque geralmente as lésbicas não têm cintura afinada”, disse um professor.

• O sentimento de autoridades, educadores e de estudantes em relação à pessoa LGBT variaram, em uma escala que vai de normal até estranhamento, repulsa e nojo. “Eu, quando vejo dois caras se beijando, acho supernojento”. Disse um estudante. Uma professora de Goiânia disse: “Eu não acho normal, eu não acho bonito. Eu não. Para mim não é normal. Eu acho que Deus fez o homem e a mulher. Só, só.”

• Postura, atitudes da escola perante estudantes. Não há uma diretriz oficial. A postura da escola é tratar todos com igualdade e respeito, mas, na prática, a escola dificulta que estudantes LGBT assumam sua orientação sexual. “Se o comportamento deles fosse condizente com o dos outros normais, não haveria problema”.

• Existe a homofobia na escola, mas, de certa forma, é negada, primeiro, pelo discurso que refuta a existência de LGBT estudantes “Não, aqui não tem estudante LGBT, então, não pode ter homofobia.”

• A percepção da homofobia na escola é maior entre os estudantes que as autoridades. Os estudantes sabem mais que a homofobia está lá que os professores. “Teve outra vez que ele apanhou, veio à Secretaria e falou, mas não adiantou muito. Ele foi para outra escola, trocou de turma, mas não adianta, os garotos pegaram e bateram nele mesmo.”

• A homofobia é vista como fenômeno natural. Existe uma influência religiosa importante, a culpabilidade da população LGBT. Causa e conseqüências: “Isso é coisa do diabo”, disse um professor de Porto Velho. Acho que é um certo machismo dos homens, mas muito forte.

• As consequências da homofobia relatadas foram: tristeza; depressão; baixa autoestima; perda de rendimento escolar; evasão escolar; violência e suicídio.
 
Conclusões como estas serviram de base para a criação de um material didático, em forma de kit, para estudantes do Ensino Médio e chama-se Kit de Combate a Homofobia nas Escolas. Seu objetivo é tornar a escola um ambiente menos hostil a diversidade sexual

Conforme Karla Joyce, do blog Eleições Hoje:

 O projeto Escola sem Homofobia é um braço do programa Brasil sem Homofobia. Um grupo de trabalho foi criado para discutir a questão da homofobia em ambiente escolar. É composto por gestores do MEC (Ministério da Educação) e ONG’s como a ABGLT, Ecos – Comunicação em Sexualidade, Pathfinder, Reprolatina, Galé International , entre outras. A primeira ação do grupo foi realizar uma pesquisa nacional para diagnosticar a situação das escolas públicas brasileiras no que diz respeito da homofobia.


O projeto ainda está sob avaliação do MEC, porém há uma forte pressão para o impedimento de sua realização. O Deputado Federal Jair Bolsonaro do Partido Progressista (PP) do RJ vem dando declarações contundentes em que se opõe ao Kit. Recortes como esses:

“Atenção, pais de alunos de 7, 8, 9 e 10 anos, da rede pública: no ano que vem, seus filhos vão receber na escola um kit intitulado Combate à Homofobia. Na verdade, é um estímulo ao homossexualismo, à promiscuidade. Esse kit contém DVDs com duas historinhas. Seus filhos de 7 anos vão vê-las no ano que vem, caso não tomemos uma providência agora”.

“Dá para continuar discutindo esse assunto? Dá nojo!
Esses gays e lésbicas querem que nós entubemos, como exemplo de comportamento, a sua promiscuidade. Isso é uma coisa extremamente séria”.

“Essa história de homofobia é uma história de cobertura para aliciar a garotada, especialmente os garotos que eles acham que têm tendências homossexuais. Está na pesquisa, publicada aqui, o número de garotos gays ou de meninas lésbicas, repito, de 7, 8, 9 e 10 anos”.

A declaração na íntegra pode ser vista aqui: 
 


A diversidade sexual deve ser tema de estudo e discussão no ambiente escolar, tanto para o combate da homofobia, a compreensão das diferentes formas afetivas, para aprimoramento de conhecimento e prática dos Direitos Humanos e combate ao bullying.

Com o objetivo de apoiar e dar continuidade ao projeto assine o Abaixo-Assinado em Apoio ao Kit de Combate a Homofobia nas Escolas aqui.
 
Fonte GEPAF

Vencedor

“Entregar-se de corpo e alma lutar por um mundo melhor, um pequeno jardim, ou uma condição social justa ter brincado e gargalhado com entusiasmo e cantado com fervor saber que alguém suspira mais aliviado porque você está vivo isso é ter vencido”. (Ralph Waldo Emerson)

Entre meninas e mulheres - Erotização na Infância pela publicidade

Por Fernanda / Equipe em 21 Janeiro 2011

No Brasil, existem 241 rotas de tráfico de crianças e adolescentes para fins de exploração sexual, 1.820 pontos de exploração sexual infantil nas rodovias federais, 13.472 denúncias de pornografia infantil na internet apenas no primeiro semestre de 2010 e 3.600 denúncias telefônicas de abuso e exploração sexual infanto-juvenil no mesmo período.

Esses dados mostram que a violência sexual infantil é, sem dúvida, uma questão delicada no Brasil. Segundo a World Childhood Foundation, além da vulnerabilidade econômica, existem outros fatores que podem favorecer esse tipo de violência. Um deles é a erotização precoce da criança e do adolescente pela mídia.

Para Anna Flora Werneck, existe, também, uma relação que se estabelece entre a exploração sexual e o consumo, que não pode ser analisada como causa isolada, mas que certamente contribui como um fator de vulnerabilidade. Em estudo recente da WCF, 65% das meninas declararam usar o dinheiro da exploração sexual para comprar celular, tênis, roupa. A exploração sexual não se restringe a bolsões de pobreza e se manifesta de diversas formas, assim como o desejo de consumo não é despertado apenas naqueles investidos de poder aquisitivo.  

Recentemente recebi uma reprodução da campanha publicitária da grife de biquínis Água de Coco, publicada na Revista Joyce Pascowitch (abaixo). No anúncio, uma criança é retratada como uma mini-mulher. Fotografada em uma pose apelativa, vestida de maneira sensual, mexendo em um aparelho celular, a imagem rompe com a fronteira entre mulher e menina – o que pode ser perigoso num país onde as barreiras que delimitam e protegem a infância já são notavelmente embaçadas.

A infância é uma construção social, uma convenção que visa a proteger aqueles que estão em desenvolvimento, e por isso, mais vulneráveis. Quando desconstruímos a imagem de uma criança, estamos colocando em risco alguns de seus direitos. Além disso, vale lembrar que mesmo as crianças que não podem adquirir os produtos oferecidos pela publicidade acabam absorvendo e reproduzindo os comportamentos que o anúncio propõe como adequados, já que a publicidade apela para a necessidade de pertencimento da criança.
Campanha água de coco

Fonte: Consumismo e Infância

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

STJ entende que processos de violência contra a mulher podem ser suspensos

STJ entende que processos de violência contra a mulher podem ser suspensos

Por: Débora Zampier, da Agência Brasil
Publicado em 19/01/2011

Brasília – Processos envolvendo a Lei Maria da Penha podem ser suspensos condicionalmente por um período de dois a quatro anos. Além disso, a punibilidade do agressor pode ser extinta após esse período caso ele não tenha cometido alguma falta. A decisão, da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que alterou entendimento anterior que proibia a suspensão, é de dezembro, mas só foi divulgada na terça-feira (18).
Segundo a nova regra, o processo contra o agressor enquadrado na Lei Maria da Penha pode ser suspenso se o réu se comprometer a atender a requisitos como reparação do dano (quando possível); se obedecer à proibição de frequentar determinados lugares e de se ausentar da cidade; e se o acusado comparecer mensalmente para informar e justificar suas atividades.
A mudança no entendimento do STJ foi motivada por uma reinterpretação que envolve a própria Lei Maria da Penha e a Lei de Juizados Especiais. Segundo a Lei de Juizados Especiais, de 1995, o Ministério Público pode propor a suspensão de qualquer processo desde que a pena máxima em caso de condenação seja de até um ano. A lei também estabelece que o réu precisa atender a determinados requisitos, como não estar sendo processado ou ter sido condenado por outro crime.
Aprovada 11 anos mais tarde, a Lei Maria da Penha criou uma exceção ao estabelecer que a suspensão do processo não poderia ser aplicada em casos de violência contra a mulher.
Em seu voto, o relator Celso Limongi defendeu que ambas as leis estão no mesmo patamar de hierarquia e que a Lei Maria da Penha não tem poder de suprimir todas as normas previstas na Lei dos Juizados Especiais, dentre elas a suspensão condicional do processo.
Segundo o relator, a suspensão condicional do processo tem caráter pedagógico e intimidador em relação ao agressor, uma vez que o processo pode voltar a correr caso ele volte a agir de forma criminosa. Limongi ainda defendeu que a suspensão condicional do processo não ofende os princípios da proteção da família.

Fonte Rede Brasil Atual

Maria da Penha Fala da Decisão do STJ

Maria da Penha: "Sempre tem alguém querendo passar a mão na cabeça do agressor" 

 19/01/2011 

São Paulo – A farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que dá nome à Lei Maria da Penha, disse nesta quarta-feira (19) que considera um retrocesso a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de suspender alguns casos envolvendo a lei.
Com a decisão tomada em dezembro e só divulgada na última terça-feira (18), o agressor pode ter a pena suspensa em período de dois a quatro anos.
"Sempre tem alguém querendo passar a mão na cabeça do agressor", disse a biofarmacêutica, que defendeu a causa contra violência doméstica até que a lei fosse sancionada pelo então presidente Lula. "Nós já temos Estatuto da Criança, Estatuto do Idoso, mas sempre quando se trata da defesa à mulher, alguém defende quem faz o crime", completou.

Questionada sobre as causas da suposta proteção do STJ aos agressores, Maria da Penha atribui a questão a uma "raiz machista" na cultura do Poder Judiciário.
O caso de agressão sofrida por Maria da Penha – e a demora do sistema judiciário em sua solução – foi apresentado à Organização dos Estados Americanos (OEA) por ela e outras entidades, como o Centro de Justiça pelo Direito Internacional (Cejil) e o Comitê Latino-americanos de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem). Na ocasião, o Brasil foi condenado por negligência e omissão em relação à violência doméstica.
A respeito dos caminhos que podem ser tomados para que o retrocesso em relação ao vigor da lei não aconteça de fato, Maria da Penha espera que entidades que defendem os direitos da mulher firmem unidade, apesar de não estar mais ativa na causa. "Assim como aconteceu para que a lei fosse aprovada, é preciso que essas decisões sejam encaminhadas para a OEA pelas entidades que lutaram para que a impunidade deixasse de existir", afirmou.

Fonte: Rede Brasil Atual

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Limites da tolerância

Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram suas vidas porque ergueram sua voz e tiveram a coragem de dizer: "Não te é permitido fazer o que fazes...". Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibildade ética ou comodismo.

Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida humana do Planeta e de destruir grande parte da biosfera. Há que submetê-los a controles severos.

Não devemos ser tolerantes com aqueles que assassinam inocentes, abusam sexualmente de crianças, traficam órgãos humanos. Cabe aplicar-lhes duramente às leis.

Não devemos ser tolerantes com aqueles que escravizam menores para produzir mais barato e lucrar no mercado mundial. Aplicar contra eles a legislação mundial.

Não devemos ser tolerantes com terroristas que em nome de sua religião ou projeto político cometem crimes e matanças. Prendê-los e levá-los às barras dos tribunais.

Não devemos ser tolerantes com aqueles que falsificam remédios que levam pessoas à morte ou instauram políticas de corrupção que delapidam os bens públicos. Contra estes devemos ser especialmente duros, pois ferem o bem comum.

Não devemos ser tolerantes com as máfias das armas, das drogas e da prostituição que incluem seqüestros, torturas e eliminação física de pessoas. Há punições claras.

Não devemos ser tolerantes com práticas que, em nome da cultura, cortam as mãos dos ladrões e submetem mulheres a mutilações genitais. Contra isso valem os direitos humanos.

Nestes níveis não há que ser tolerante, mas decididamente firme, rigoroso e severo. Isso é virtude da justiça e não vício da intolerância. Se não formos assim, não teremos princípios e seremos cúmplices com o mal.

A tolerância sem limites liquida com a tolerância, assim como a liberdade sem limites conduz à tirania do mais forte. Tanto a liberdade quanto a tolerância precisam, portanto, da proteção da lei. Senão, assistiremos a ditadura de uma única visão de mundo que nega todas as outras. O resultado é raiva e vontade de vingança, fermento do terrorismo.

Onde estão então os limites da tolerância? No sofrimento, nos direitos humanos e nos direitos da natureza. Lá onde pessoas são desumanizadas, aí termina a tolerância. Ninguém tem o direito de impor sofrimento injusto ao outro.

Os direitos ganharam sua expressão na Carta dos Direitos Humanos da ONU, assinada por todos os países. Todas as tradições devem se confrontar com aqueles preceitos. Se práticas implicarem violação daqueles enunciados, não podem se justificar. A Carta da Terra zela pelos direitos da natureza. Quem os violar perde legitimidade.

Por fim, é possível ser tolerante com os intolerantes? A história comprovou que combater a intolerância com outra intolerância leva à aspiral da intolerância. A atitude pragmática busca estabelecer limites. Se a intolerância implicar crime e prejuízo manifesto a outros, vale o rigor da lei e a intolerância deve ser enquadrada. Fora deste constrangimento legal, vale a liberdade.

Deve-se confrontar o intolerante com a realidade que todos compartilham como espaço vital. Deve-se levá-lo ao diálogo incansável e fazê-lo perceber as contradições de sua posição.

O melhor caminho é a democracia sem fim, que se propõe incluir a todos e a respeitar um pacto social comum.

Leonardo Boff

A Idade e a mudança

A Idade e a mudança

 por Lya Luft -


"Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.
  
  Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres  de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
  
  Foi um momento inesquecível...  A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
  
  Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório
há quase uma hora exibindo minha inteligência,
e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?
Onde é que nós estamos?'  

Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.
  
    Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
  
  Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se 'mudança'.
 
De fato, quem é escravo da repetição está condenado
a virar cadáver antes da hora.
  
  A única maneira de ser idoso sem envelhecer
é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
  
  Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
  
  Mudança, o que vem a ser tal coisa?
  
  Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme
em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
  
  Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
  
  Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens
do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
  
  Rejuvenesceu.
 
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou
um baita emprego por um não tão bom,
só que em Florianópolis,
onde ela vai à praia sempre que tem sol.
  
  Rejuvenesceu.
 
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
  
  Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada,
chora-se muito, os questionamentos são inúmeros,
a vida se desestabiliza.
  
  Mas então chega o depois, a coisa feita,
e aí a recompensa fica escancarada na face.
 
Mudanças fazem milagres por nossos olhos,
e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
  
  Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem,
só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
  
  Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
 
Olhe-se no espelho..."

Lya Luft

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Rede Feminista de Saúde é recebida por dois Ministérios em Brasília

Rede Feminista de Saúde é recebida por dois Ministérios em Brasília
Entidade apresentou reivindicações históricas do movimento de mulheres quanto à saúde e direitos humanos

Representação da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos foi recebida em audiência à convite do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha e da Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, na tarde de quarta-feira, 12, em Brasília/DF. Estiveram presentes a Secretária Executiva da RFS, Telia Negrão, a Conselheira Nacional de Saúde, Maria do Espírito Santo Tavares (RJ), a Conselheira Nacional dos Direitos das Mulheres, Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos (SP), e a integrante da Comissão Intersetorial da Saúde da Mulher – CISMU, Lílian Marinho (BA). Na ocasião, a RFS apresentou o documento " A  saúde das mulheres merece seu voto"  e uma carta com reivindicações do movimento de mulheres relativo a saúde integral das mulheres.
 
No encontro com o Ministro, a Rede Feminista apresentou uma pauta relacionada às políticas de saúde, enfatizando os temas da mortalidade materna, humanização do parto, planejamento familiar, violência sexual contra as mulheres, os cânceres de mama e colo de útero e a epidemia de HIVAids. O tema do aborto inseguro foi relacionado como resultado das fragilidade das políticas de saúde reprodutiva e da legislação restritiva dos direitos reprodutivos no país. A Organização defendeu o enfoque da integralidade no tratamento à saúde das mulheres, observando as desigualdades de gênero, raça e etnia, diversidade sexual, ciclos de vida, mulheres com capacidade reduzida e as que estão privadas de liberdade.
 
A Rede enfatizou, também,  o fortalecimento da Área Técnica da Mulher e solicitou a reversão de sua invisibilidade na estrutura do Ministério e perda de capacidade de  elaboraçao conceitual e política. A entidade recomendou  ao Ministro que  a escolha da nova coordenadora do setor seja pautada por critérios que envolvam  conhecimento técnico e experiência em saúde da mulher reconhecida, comportamento ético e capacidade de interlocução com o movimento de mulheres e feministas.
 
Um outro assunto abordado foi a construção da  II Conferência Nacional de Saúde da Mulher no curso da Conferência Nacional de Saúde  com realização prevista para o final deste ano. O Ministro Alexandre Padilha  afirmou que se identifica profundamente com a visão de integralidade da saúde das mulheres e reconheceu  a necessidade de recuperar com a devida urgência  o papel da área técnica da saúde da mulheres. Aproveitou para solicitar à Rede Feminista assessoramento na construção de uma avaliação das atuais políticas em andamento no Ministério. Quanto à realização da II Conferência Nacional da Saúde da Mulher - aguardada há 26 anos -  Padilha garantiu que esta deverá ser uma das primeiras conferências temáticas a ser realizada durante o seu mandato.

Direitos Humanos: agenda articulada com outros ministérios
 No final da tarde de ontem, 12, as dirigentes da Rede foram recebidas pela  Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, com a finalidade de construírem uma agenda articulada  com outros segmentos do Governo. A Ministra solicitou à  Rede Feminista que encaminhe de imediato os documentos  elaborados  pela missão da Relatoria do Direito Humano à Saúde Sexual e Reprodutiva da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais – Plataforma Dhesca Brasil - realizados nos presídios brasileiros para  verificar as violações dos direitos à saúde das mulheres nos espaços prisionais.
 
A Rede Feminista, através da relatora nacionalda Dhesca, Maria José de Oliveira Araújo, visitou quatro penitenciárias femininas no país, em 2010, identificando uma gravíssima condição de saúde incompatível com o patamar de direitos humanos. Além desse tema, a Ministra  propôs que as discussões sobre o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos seja feita com todo o movimento de mulheres em articulação com a Secretaria de Políticas para as Mulheres- SPM, Ministério da Saúde e a Secretaria de Políticas para a Igualdade Racial – Seppir. A Rede Feminista de Saúde foi convidada para atuar como facilitadora dos contatos com os  movimentos de mulheres e feministas.
 
Vera Daisy Barcellos – Reg. Prof. 3.804
Assessoria de Imprensa da Rede Feminista de Saúde