O roteiro
desenvolve as desventuras Ludovic menino de 7 anos vive com seus pais e irmãos e acha que é um
menino-menina e que vai se transformar em menina a qualquer momento, cresce imaginando
que nasceu no corpo errado. A
criança como protagonista levanta a questão da homossexualidade (neste
caso, transexualidade) como condição inata, retira a perversão, opção e
escolha consciente, elucidando ser apenas uma característica da pessoa,
alheia à sua vontade. Ludovic, inocente e de uma doçura ímpar que nos
conquista com seu sorriso e olhar verdadeiros, sofre preconceito e
rejeição causados pela intolerância e obtusidade da vizinhança, apenas
por ser quem ele é, sem fazer mal a ninguém. Um filme especial, no tom
certo, que fará com que pessoas com um mínimo se sensibilidade repensem
alguns de seus preconceitos. Recebeu 1 Globo de Ouro, 11 outros prêmios e
5 indicações.
A ação se concentra na rejeição social ao
comportamento transex do garoto, desde sua família aos seus “amigos” e
irmãos, incluindo até a repressão que outros meninas/os sofrem durante a
descoberta e construção de sua identidade sexual.
Comentário feminista:
Esta é uma importantíssima pérola cinematográfica, pois consegue
traduzir em imagens e diálogos um dos preceitos fundamentais da
feminista Shulamith Firestone, ainda nos anos de 1970: “a luta pela
libertação das mulheres perpassa a libertação sexual das crianças”, ao
trata de um dos mais difíceis temas referentes ao “novo feminismo”:
homossexualidade e transexualidade na infância. Algumas feministas
poderiam se encomodar com o fato da personagem principal ter adoração
por “um objeto”, entretanto, neste caso, a abordagem lida com a idéia de
transcendência física e não exatamente com imposição de padrão de
beleza e coisificação do corpo. Indicadíssimo para oficinas de
sexualidade, tanto para adolescentes quanto para adultos, já que o
enredo consegue esplendorosamente solucionar questões mais dramáticas,
desarmando os preconceitos de qualquer expectador que consiga se
indispor a assisti-lo. É sem dúvida um filme que feministas devem ter em
casa.
O filme trata não apenas da questão da sexualidade, mas principalmente
das relações família-sociedade, da pressão social para que tudo e todos
sejam perfeitamente enquadrados dentro das estruturas convencionadas,
onde os diferentes são rejeitados, desrespeitados e ignorados
sistematicamente. O que nos leva a refletir sobre o nosso papel dentro
deste contexto social, ainda tão conservador.Vejam o trailer:
Fontes; Maças podres Curso de Psicologia;
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