Para a ministra Eleonora Menicucci, a luta continua!

O espaço de escuta que faltava ao feminismo no governo
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
"Pela primeira vez, a Secretaria de Políticas para as Mulheres será ocupada por uma feminista histórica, comprometida com as lutas populares e democráticas. Eleonora foi uma das mulheres que ajudaram a construir a política brasileira de atenção integral à saúde da mulher. Axé, Eleonora! Temos certeza de que você saberá levar adiante as nossas batalhas, considerando todas as necessidades das brasileiras, porque é incansável e do tempo do ‘caminhando e cantando e seguindo a canção’. A presidenta Dilma acerta e nos acena com grandes esperanças". Declaração que fiz ao "Vi o Mundo" ao saber que Eleonora Menicucci de Oliveira seria ministra (7.2.2012).




Eleonora já disse de onde fala. E eu não esperava menos... Ela conhece o seu papel na atual conjuntura e saberá estabelecer o espaço de escuta que faltava ao feminismo no governo Dilma. Ela no seu lugar e nós no nosso. Nem mais, nem menos. A sua incomensurável gana de trabalho e bom humor são contagiantes. Muitas vezes, eu a olhava incrédula e indagava aos meus botões: "Como quem passou o que ela passou consegue continuar inteira nas lutas?".
E o fiz inúmeras vezes, quando ela foi perseguida titanicamente pelo teor contundente do documento que produziu como relatora de saúde da Plataforma Dhesca (direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais), indicada pela Rede Feminista de Saúde, quando fui secretária executiva da referida articulação política. Uma das missões por ela realizada repautou para o mundo o caso da contaminação ambiental da Shell Química no Recanto dos Pássaros, em Paulínia, em São Paulo ("Caso Shell será levado à Corte Internacional da ONU", Vilma Gasques, 24.2.2003).

Quando a indicamos para a Dhesca, o seu tino de pesquisadora deu o tom. Não trastejou. Estava às ordens. Não era pouco, pois fazia parte da tarefa, como primeira relatora de saúde da Plataforma Dhesca, construir aquele lugar: dar nome e sentido... Escrevi, em "A vida continua": "Semana passada, recebemos em Beagá a relatora de saúde da Plataforma Dhesca, Eleonora Menicucci, que, sob a chancela do voluntariado da ONU, avaliou a atenção ao abortamento inseguro na rede pública de saúde e ouviu empregadas domésticas sobre as doenças de trabalho da categoria" (O TEMPO, 31.3.2004).

Sobre Eleonora, eu poderia escrever páginas e páginas dignificantes e edificantes. O espaço é exíguo. Contento-me com um resumo de Paulo Henrique Amorim ("Tortura: ministra Menicucci desafia Supremo", 11.2.2012): "A ministra Menicucci foi torturada na mesma época e pelos mesmos torturadores da presidenta Dilma (hoje, anistiados pelo Supremo). A presidenta deve saber o que ela pensa. E, por isso, levou-a para o ministério. Portanto, sua opinião sobre o papelão do Eros Grau e seus companheiros de toga deve ser do conhecimento da presidenta. Como também a presidenta deve saber o que ela pensa sobre o aborto". Em suma: "Pra quem sabe ler, um pingo é letra".


Publicado no Jornal OTEMPO em 14.02.2012

![]() | |
[Eleonora Menicucci toma posse como ministra da secretaria das mulheres (10.02.2012)] |

Você gostará de ler também:
1. Discurso de posse da ministra Eleonora Menicucci da Secretaria de Políticas para as Mulheres


Saiba mais:
Juíza obriga Shell e Basf a pagarem plano de saúde vitalício para ex-trabalhadores
CLIQUE AQUI para ler no site do Sindicato Químicos Unificados toda a história da contaminação ambiental e humana produzida pela Shell e pela Basf nos ex-trabalhadores e no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia, onde estava estabelecida a planta industrial.
fonte:
Tá lubrinando – escritos da Chapada do Arapari: Para a ministra Eleonora Menicucci, a luta continu...: O espaço de escuta que faltava ao feminismo no governo Fátima Oliveira Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_ "Pela prime...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grata por sua contribuição.