Rogéria Araújo *
Adital - O fluxo de pessoas que deixa seu país de origem e o tráfico de seres humanos são dois problemas que estão ligados. Este é um dos temas que será abordado no VII Encontro Internacional sobre Tráfico de Pessoas, que será realizado de 19 a 21 de setembro deste ano, em São Paulo. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas on line, através do site www.memorial.org.br.
Este ano o eixo central do encontro será "A Migração e o Tráfico de Pessoas na América Latina". Considerado um crime invisível, mas que representa um dos maiores lucros mundiais, o tráfico de seres humanos vem mobilizando iniciativas da sociedade civil, setores públicos e entidades de direitos humanos numa articulação conjunta a fim de denunciar e cobrar dos Estados mais compromissos com os protocolos já assinados que proíbem o tráfico de pessoas.
Para Dimitri Sales, advogado e vice-presidente do Instituto Latino-americano de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (Iladh), é muito importante situar a questão da migração, sobretudo na região latino-americana, para que o assunto tenha mais visibilidade e para que seja possível conhecer mais a realidade e saber que direções tomar.
"Acima de tudo é muito importante lançar uma luz sobre um problema grave que até então não teve a devida atenção merecida, que é o tráfico da vida humana. Nossa intenção, nesse evento, é que possamos sair fortalecidos para fazer frente a isso", esclareceu Dimitri Sales.
A escolha pelo tema sobre migração é bastante oportuna. Mesmo não tendo um número definido, pois é encoberto muitas vezes pela clandestinidade, sabe-se que o fluxo migratório na América Latina é crescente. Atualmente, acrescenta Sales, existem mais facilidades de trânsito de um país a outro. "Mas chegando do outro lado, são muitos as dificuldades enfrentadas pelos/as migrantes como a xenofobia, as situações análogas à escravidão, muitos países não estão preparados para acolher esses migrantes. Isso gera uma série de problemas que só tendem a aumentar", falou o vice-presidente do Iladh.
Acrescenta que os avanços tecnológicos estabeleceram uma rede de contatos que facilita atravessar as fronteiras, mas - nesse contexto - o que era para ser um benefício termina resultando em violação aos direitos humanos.
Outro momento importante deste encontro é o que abordará o Brasil - que daqui a alguns anos será o foco mundial por conta dos eventos esportivos internacionais. Com a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 é provável que seja aberto um canal a mais para o tráfico de seres humanos.
Para isso, disse Dimitri, é preciso estar preparado para proteger a integridade das pessoas e garantir que seus direitos não sejam violados. "Vamos estar num calendário mundial e aqui temos uma situação de pessoas mais vulneráveis. É preciso proteger as pessoas nesses eventos, proteger nossos cidadãos e cidadãs e também os outros que vêm de fora", falou.
Falando sobre um contexto mais geral de América Latina e mundo, o vice-presidente do Instituto afirma que muito ainda há de se fazer por parte dos Estados. Ele cita como exemplo o Brasil que chegou a elaborar o I e o II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, mas que até agora não apresentou resultados concretos.
Da mesma forma essas articulações enfrentam dificuldades em todo o mundo. "São dificuldades financeiras, políticas, essa preparação, em nível de Estados, para lidar com o tráfico de pessoas ainda não aconteceu como deveria. Mas por outro lado, a sociedade civil está conseguindo se articular para ser uma voz de pressão frente a esse problema", ressaltou.
O Encontro
O VII Encontro Internacional sobre Tráfico de Pessoas é uma realização do Instituto Latino-Americano de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos e da Fundação Memorial da América Latina, e conta com o apoio do Movimento Contra o Tráfico de Pessoas.
As atividades serão realizadas de 19 a 21 de setembro, das 8h30 às 18h, na Sala de Espelho do Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina. A entrada é franca.
A programação completa em: www.memorial.org.br.
E-mail: contato@iladh.com.br
Dados
A globalização do mercado é apontada como um dos fatores que levou o incremento do crime. Hoje existem redes internacionais interligadas que movimentam milhares de dólares.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), se estima que em todo o mundo 2,5 milhões de pessoas sejam vítimas de tráfico. A maior parcela é formada por mulheres (66%).
Tráfico de Pessoas e Migração são temas de Encontro Internacional que será realizado em São Paulo
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