terça-feira, 7 de agosto de 2012

O que ninguém nunca vai te contar sobre feminismo

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Adivinha só: você é feminista. Se você é uma pessoa que vive nesse mundo, outras pessoas, tanto homens quanto mulheres, já te disseram que feministas são umas peludas, umas reacionárias que não transam, umas vacas que odeiam homens e precisam parar de ficar chorando por aí (afinal a gente até já pode votar! E já existe uma grande variedade de aspiradores de pó para nos ajudar!). ENFIM. ISSO É OBVIAMENTE IMBECIL.
Adivinha só: você é feminista!
Feminismo não é um movimento radical, nem marginal, nem um constrangimento, nem uma enganação. Feminismo é simples. O “patriarcado” “existe”. Identificar isso como feminista é reconhecer que mulheres são pessoas e, como tais, merecem os mesmos direitos sociais, econômicos e políticos, e as mesmas oportunidades de outros tipos de pessoas (tipo pessoas-homens). Ser feminista é reconhecer que o mundo não é, atualmente, um lugar justo e seguro para as mulheres viverem. Porque não é. Obviamente (ver em: tudo). Negar esses fatos faz de você, na pior das hipóteses, uma pessoa má que odeia mulheres, incluindo mas não limitando a: Sarah Michelle Gellar, Jennifer Garner, Jennifer Aniston, Jennifer Lopez, sua mãe, a mãe da Jennifer Lopez, a tia Marcy da Jennifer Garner, Michelle Obama, Dilma Rousseff, Ellen DeGeneres, Cher, Julie Andrews, Kim Kardashian, Khloe Kardashian, Kourtney Kardashian, Krokodila Kardashian, Kabeçona Kardashian, Kara-de-mamão Kardashian, Ki-suco Kardashian, e ATÉ A VIRGEM MARIA. E na melhor, faz de você um idiota complacente.
MAIS UMA VEZ: Se você não é feminista (ou alguma coisa inculpavelmente ignorante, como um bebê, um furão ou um calouro de faculdade), então você é uma má pessoa. Essas são suas únicas opções. Ou você acredita que mulheres são pessoas, ou você não. Pra te ajudar a escolher, damos aqui algumas informações!
Primeira onda de Feminismo: Podemos ser cidadãs, agora?
Essas eram as biscats do século 19 (obs: Chamar as mulheres de “biscats” sem o “e” no final é uma categoria elevada de ironia – por enquanto chame-as de “mulheres” mesmo) tipo Susan B. Anthony e Elizabeth Cady Stanton, que chegavam e falavam “E aí, rapaziada, a gente tava pensando que, se não for atrapalhar, talvez a gente pudesse ter direito a votar e tal. Que que cês acham?” E aí elas começaram imediatamente a detonar com tudo até que ratificassem a Emenda 19 em 1920, que deu às mulheres americanas o direito ao voto. Muitas das feministas da primeira leva eram racistas, e elas ainda acreditavam naquele negócio de que o serviço de uma mulher era calar a boca e esfregar a roupa. Sabe como é, ninguém é perfeito.
Segunda onda de Feminismo: Dá pra parar de nos estuprar, por favor?
Depois da Segunda Guerra Mundial, as mulheres começaram a pensar assim “Ah, acho que dá pra eu arrumar um emprego e pedir pro meu marido parar de me estuprar, né?”. Elas começaram a entender formas mais sutis de sexismo e misoginia – coisas que podiam até não ser legalmente obrigatórias (como o direito ao voto), mas estavam estragando suas vidas da mesma forma. Essas mulheres formaram a segunda onda. Em 1963, Betty Friedan deixou todo mundo louco ao sugerir que a família nuclear podia ser um balde de merda que sufocava o potencial das mulheres e as deixava infelizes. E aí um moooonte de coisa aconteceu! Pílula anticoncepcional, ilegalização do estupro marital (em todos os Estados, FINALMENTE, em 1993!), Griswold vs. Connecticut, direitos de ação positivos para as mulheres, Title IX,Roe vs. Wade, e MUITO MAIS – dá uma olhada nos links, sério. (Uma informação divertida: Nenhum sutiã foi queimado.) Havia muita discussão sobre pornografia (rrrronc). A Emenda de Direitos Iguais não foi aprovada. Uma vez que as coisas começaram a funcionar, alguns antifeministas perspicazes aproveitaram a oportunidade para declarar o fim oficial do sexismo, porque agora as mulheres não podiam ser estupradas (às vezes) e podiam trabalhar por um salário mínimo em fábricas de roupas e agências de publicidade, e portanto qualquer mulher que reclamasse de qualquer coisa a partir desse momento era uma vaca sovacuda e de peito caído. Mulheres continuaram a lutar porque mulheres são incríveis. Dane-se a Phyllis Schlafly!
Terceira onda de Feminismo: Talvez eu goste de estupro! Cala a boca! Talvez eu não goste! Cala a Boca!
Um dia, alguém teve a coragem de sugerir que o termo “mulheres” engloba mais do que “donas-de-casa brancas de classe média-alta descontentes”. Havia mulheres imigrantes. Havia mulheres trans. Havia donas-de-casa brancas de classe média-alta contentes. Havia profissionais do sexo. A terceira onda de feminismo é a ideia de que mulheres podem e devem definir sua feminilidade. Porque existem milhões de tipos diferentes de mulheres, a terceira onda é grande e pode ser um pouco confusa, ou talvez não existir por completo (a história é um contínuo, não uma série de ondas). Algumas partes do novo feminismo – particularmente a turma do “Eu uso minha sexualidade como uma arma!” – podem se parecer bastante com o velho sexismo. Mas não se preocupe. Siga seus instintos e continue chamando a atenção das pessoas por seus atos.
Pós-feminismo: O sexismo está morto! Viva o sexismo!
Grrrrrrrrrrr. Esses babacas pensam que o desigualdade de gênero acabou e que nós devemos dar uma festa porque Sex and the City 2 era super empoderador. Fodam-se esses babacas. Ou melhor, não os fodam.
Mulheres não existem para servir os propósitos da sua ereção
Muitos homens heterossexuais ficam bravos quando as mulheres não são do jeito que eles acham que elas “deveriam” ser. Mas quer saber? “Deveriam” não é uma coisa. O corpo das mulheres não é da sua conta. Os pêlos das mulheres não são da sua conta. O quanto elas pesam não é da sua conta. O que as mulheres vestem não é da sua conta. Se a mina quer ou não dar pra você, não é da sua conta, a menos que ela queira, aí nesse caso manda ver (toca aqui!).
Privilégio Masculino: é real e é totalmente de araque
Privilégio é invisível. Se você não faz ideia do que é privilégio masculino, há uma boa chance de você estar se beneficiando dele. É assim que o privilégio funciona. Essencialmente, por conta de estruturas de poder políticas e sociais que dominam o planeta, as coisas são mais fáceis para os homens. Mulheres ganham menos, possuem menor influência política, tem seus clitóris cortados (é verdade sim – joga no Google), e são vastamente tomadas como propriedade e tratadas como merda. O privilégio é real, e se alguém te disser o contrário, deve ser a Ann Coulter falando.
Uma nota final: SIM!
A menos que você seja um ser babacão que acha que pessoas são desiguais, você é feminista. VOCÊ é feminista. Você É feminista. VOCÊ É FEMINISTA. Boas vindas e chega mais!

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