quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dominar os homens? O impacto de uma mentira sobre feminismo

Dominar os homens? O impacto de uma mentira sobre feminismo

Cynthia Semíramis - http://blogueirasfeministas.com

Este é o primeiro de uma série de posts contando um pouco sobre como a divulgação de mentiras sobre feminismo atrapalha a vida de feministas. Não costumo fazer posts falando de minha vida pessoal, mas acho que vale a pena contar um pouco sobre situações que passei pra mostrar que mesmo atitudes banais revelam a ignorância e o preconceito contra feministas, interferindo de forma prejudicial em nosso cotidiano.

Consequências da mentira: “feministas querem subjugar os homens”

Balance. Foto de Hans Splinter no Flickr em CC. Alguns direitos reservados.

Quando meios de comunicação falam de feminismo, a ilustração clássica é a mulher mais poderosa que o homem (ex: bem maior que um homem, comendo um homem com garfo e faca, humilhando, batendo ou mandando em um homem). Raramente vemos uma imagem colocando mulheres e homens no mesmo patamar. O problema é que acabam divulgando uma mentira sobre feminismo, como se feministas quisessem subjugar os homens. Na verdade, homens ainda têm mais direitos e poder do que mulheres. Feministas querem igualdade de poder, oportunidades e direitos, equilibrando a balança entre homens e mulheres.

Pode até existir feminista que queira inverter os pólos, dominando homens, mas são pouquíssimas as que pensam assim. Exatamente por esse posicionamento ser raro, não deveria ser divulgado pelos meios de comunicação como a única referência de todo o movimento feminista, da mesma forma que ninguém deveria achar que as propostas do PSTU são as únicas representantes da esquerda brasileira quando são apenas uma das possibilidades.

O estereótipo da feminista que quer subjugar homens interfere na minha vida o tempo todo, especialmente quando a fama de feminista chega antes da minha presença. São pessoas que avisam ao meu marido pra tomar cuidado pra eu não mandar nele (decisões conjuntas e relacionamento igualitário são impensáveis, pelo visto), são pessoas que acham que não sei contextualizar as situações, agindo agressivamente e procurando qualquer pretexto para literalmente destruir tudo ligado ao mundo patriarcal que aparecer na minha frente. São mães em tempo integral e donas-de-casa que não querem sequer conversar comigo, achando que vou julgar e condenar as escolhas que elas fizeram. São homens que têm medo de conversar ou desenvolver algum projeto profissional comigo, achando que minhas opiniões serão uma agressão à sua masculinidade e respeitabilidade profissional.

Nesse festival de achismos ninguém perguntou minha opinião, ninguém nem se deu ao trabalho de saber direito o que é feminismo. Acabam me tratando mal com base em um estereótipo de dominação e julgamento de posicionamento alheio, sem me perguntar nada nem me dar a oportunidade de explicar por que se tratam de mentiras. E aí eu sou vista como “aquela chata feminista que quer acabar com a minha vida” sem sequer ter tido a chance de emitir uma opinião.

Em alguns casos, é possível contornar a situação, e aí mais tarde ouço coisas do tipo “eu não queria conversar com você porque achava que feminista era tudo chata e que odiava homens; você não é assim e me fez mudar de opinião”. Mas na maioria das vezes, o pré-julgamento sobre o que é feminismo e o repúdio a feministas são mais fortes do que o bom senso e o diálogo, dificultando amizades e causando mal-estar em situações profissionais.

Fonte Universidade Livre Feminista

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