Neste dia de Luta pela não violência contra mulher, me deparei com este artigo com o título Mães que abandonam e mães abandonadas" no Blog das Católicas pelo Direito de Decidir escrito por Maria Antonieta Pisano Motta .
Neste dia de Luta pela noão violencia contra mulheres, vamos refletir também sobre esta violência.Cito aqui algumas de suas colocações:
ALÉM DA ADOÇÃO
Inicia o texto assim "A tragédia do abandono de
crianças se repete, inunda o noticiário e comove a opinião pública sem
suscitar ações capazes de solucionar ou pelo menos atenuar
significativamente os problemas sociais que a motivam. Para transformar
essa realidade, precisamos superar mitos, temores e maniqueísmos"
SOBRE O MITO DO AMOR MATERNO
"O mito do amor materno nos
impede de examinar com objetividade e clareza a questão para que
possamos encontrar as soluções necessárias e adequadas para tal quadro,
que retrata uma realidade social crônica, grave, mas que só vem à tona
quando bebês boiam em lagoas."
SOBRE O PAPEL DA MÍDIA
Espetáculo do “bem” e do “mal”
"A mídia, por sua vez, acredita
dar conta de seu papel social entrevistando mães que vivem com
numerosos filhos, mulheres que esperam há anos pela adoção e outras que
se sujeitaram aos processos dolorosos da fertilização assistida para
tentar ter essa experiência, dita, incomparável. Em contraste com as
atitudes de abandono, essas experiências reforçam o estigma que recai
sobre a mãe quase assassina, “abandonante”, que contraria as “leis
naturais”, cuja “monstruosidade” não merece compreensão.
Não há entrevistas com as mães
que não permanecem com os filhos; ninguém pergunta a elas o que as leva
a tomar tal decisão. A respeito das que abandonam os filhos, ou mesmo
daquelas que, embora com muita dor, entregam-nos em adoção,
constroem-se hipóteses, especula-se, critica-se, julga-se e condena-se,
mas poucos querem se aproximar, ouvir e, efetivamente, saber.
Poucos querem penetrar no mundo
sombrio dessas almas para desvendar seus segredos, apurar suas dores e
compreender seu desespero, sua loucura e até mesmo sua “maldade”.
SOBRE A AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PUBLICAS
"Bebês continuam nascendo, mães
continuam com a mesma dificuldade de permanecer com eles. Nada mudou.
Não se criaram políticas públicas de atendimento, a população não teve
sua compreensão do fato ampliada, a mídia pouco se esclareceu e a rede
paralela continua forte e firme colocando bebês em famílias que os
esperam ansiosamente sem que ninguém se indigne, se contorça ou diga
uma palavra para reclamar, denunciar. Julga-se, critica-se a mulher que
pare, mas que não pode, e talvez não deva mesmo, permanecer com o
filho que deu à luz.
As mulheres continuam sem saber
o que fazer com os filhos indesejados. Os pretendentes a pais
continuam ansiando pelo recém-nascido que imaginam lindo, sem marcas,
sem história, a quem poderão criar à sua imagem e semelhança e cujo
passado é, de preferência, “apagado”.
UMA PROPOSTA
"Nós, que nos chocamos com a
irresponsabilidade das mães que abandonam os filhos, precisamos assumir
a responsabilidade pela situação de abandono dessas mulheres numa
realidade social da qual fazemos parte. E as nossas ações serão mais
bem-sucedidas se, além disso, tivermos a coragem de assumir nosso
desconforto ao lidar com situações que expõem velhos mitos a recobrir
nossas próprias imperfeições como mães e pais meramente humanos, cujo
amor nem sempre é tão “natural”, automático, infinito ou
incondicional.
Nossa proposta é a de que
conheçamos minimamente essas mães para que a mentalidade em relação a
elas possa mudar e, assim, iniciativas necessárias e urgentes possam se
multiplicar e transformar a sociedade, tornando-a efetivamente mais
justa e acolhedora."
Maria Antonieta Pisano Motta é Psicóloga e psicanalista, autora do livro Mães Abandonadas: a entrega de um filho em adoção (Cortez, 2008)
Leia reportagem completa AQUI
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