sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Até quando? Mães que abandonam e mães abandonadas

Neste dia de Luta pela não violência contra mulher, me deparei com este artigo com o título Mães que abandonam e mães abandonadas" no Blog das Católicas pelo Direito de Decidir escrito por Maria Antonieta Pisano Motta .
Neste dia de Luta pela noão violencia contra mulheres, vamos refletir também sobre esta violência.Cito aqui algumas de suas colocações:

ALÉM DA ADOÇÃO
Inicia o texto assim "A tragédia do abandono de crianças se repete, inunda o noticiário e comove a opinião pública sem suscitar ações capazes de solucionar ou pelo menos atenuar significativamente os problemas sociais que a motivam. Para transformar essa realidade, precisamos superar mitos, temores e maniqueísmos"

SOBRE O MITO DO AMOR MATERNO
"O mito do amor materno nos impede de examinar com objetividade e clareza a questão para que possamos encontrar as soluções necessárias e adequadas para tal quadro, que retrata uma realidade social crônica, grave, mas que só vem à tona quando bebês boiam em lagoas."

SOBRE O PAPEL DA MÍDIA

Espetáculo do “bem” e do “mal”
"A mídia, por sua vez, acredita dar conta de seu papel social entrevistando mães que vivem com numerosos filhos, mulheres que esperam há anos pela adoção e outras que se sujeitaram aos processos dolorosos da fertilização assistida para tentar ter essa experiência, dita, incomparável. Em contraste com as atitudes de abandono, essas experiências reforçam o estigma que recai sobre a mãe quase assassina, “abandonante”, que contraria as “leis naturais”, cuja  “monstruosidade” não merece compreensão.
Não há entrevistas com as mães que não permanecem com os filhos; ninguém pergunta a elas o que as leva a tomar tal decisão. A respeito das que abandonam os filhos, ou mesmo daquelas que, embora com muita dor, entregam-nos em adoção, constroem-se hipóteses, especula-se, critica-se, julga-se e condena-se, mas poucos querem se aproximar, ouvir e, efetivamente, saber.
Poucos querem penetrar no mundo sombrio dessas almas para desvendar seus segredos, apurar suas dores e compreender seu desespero, sua loucura e até mesmo sua “maldade”.

SOBRE A AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PUBLICAS

"Bebês continuam nascendo, mães continuam com a mesma dificuldade de permanecer com eles. Nada mudou. Não se criaram políticas públicas de atendimento, a população não teve sua compreensão do fato ampliada, a mídia pouco se esclareceu e a rede paralela continua forte e firme colocando bebês em famílias que os esperam ansiosamente sem que ninguém se indigne, se contorça ou diga uma palavra para reclamar, denunciar. Julga-se, critica-se a mulher que pare, mas que não pode, e talvez não deva mesmo, permanecer com o filho que deu à luz.
As mulheres continuam sem saber o que fazer com os filhos indesejados. Os pretendentes a pais continuam ansiando pelo recém-nascido que imaginam lindo, sem marcas, sem história, a quem poderão criar à sua imagem e semelhança e cujo passado é, de preferência, “apagado”.


UMA PROPOSTA
"Nós, que nos chocamos com a irresponsabilidade das mães que abandonam os filhos, precisamos assumir a responsabilidade pela situação de abandono dessas mulheres numa realidade social da qual fazemos parte. E as nossas ações serão mais bem-sucedidas se, além disso, tivermos a coragem de assumir nosso desconforto ao lidar com situações que expõem velhos mitos a recobrir nossas próprias imperfeições como mães e pais meramente humanos, cujo amor nem sempre  é tão “natural”, automático, infinito ou incondicional.
Nossa proposta é a de que conheçamos minimamente essas mães para que a mentalidade em relação a elas possa mudar e, assim, iniciativas necessárias e urgentes possam se multiplicar e transformar a sociedade, tornando-a efetivamente mais justa e acolhedora."

Maria Antonieta Pisano Motta é Psicóloga e psicanalista, autora do livro Mães Abandonadas: a entrega de um filho em adoção (Cortez, 2008)

Leia reportagem completa AQUI

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