A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR) lançam em Belo Horizonte, na próxima terça-feira (14 de setembro), o livro “Luta, substantivo feminino: histórias de mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura”, em parceria com a editora Caros Amigos. O lançamento contará com a presença do ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, que fará uma palestra sobre a terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3), às 11h, na Universidade Federal de Minas Gerais.
Luta, substantivo feminino - O livro reúne os perfis de 45 mulheres assassinadas e/ou desaparecidas por agentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985), cujos casos foram julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos em seus quinze anos de atividade. A obra ainda traz informações sobre as circunstâncias em que essas mortes e desaparecimentos ocorreram.
Em praticamente todos os casos relatados, as vítimas morreram em decorrência das torturas, foram executadas ou passaram a ter seu destino desconhecido por seus familiares e amigos. Para não deixar que tais horrores caiam no esquecimento e contribuir para a elucidação desse terrível episódio de nossa história, o livro Luta, substantivo feminino apresenta também depoimentos corajosos de 27 mulheres que sobreviveram às torturas.
Entre os casos relatados, há seis de mulheres mineiras que foram vítimas da ditadura - A história mais conhecida é da estilista Zuzu Angel, natural de Curvelo, que morreu em um acidente no Rio de Janeiro. Ficou provada pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos que sua morte foi conseqüência da morte de seu filho Stuart Angel Jones, preso por agentes da repressão e que nunca mais foi visto. Zuzu transformou o desaparecimento do seu filho num acontecimento que provocou desgaste internacional para o regime militar, o que a transformou em uma ameaça para a ditadura.
As demais histórias, menos conhecidas, não deixam de carregar o peso dos anos de chumbo. As mineiras Áurea Eliza Pereira e de Walquiria Afonso Costa desapareceram em 1974 e suas famílias nunca mais tiveram notícia de seu paradeiro ou puderam enterrar seus corpos. Já Maria Auxiliadora Lara Barcellos, que foi exilada para o Chile depois de intensas sessões de tortura, cometeu suicídio em Berlim por conta das seqüelas psicológicas dos tempos de prisão. O livro traz ainda os corajosos depoimentos de Inês Etienne Romeu e Gilse Cosenza, que vivem hoje em Belo Horizonte, e contam um pouco sobre as torturas recebidas quando foram presas.
O objetivo da publicação é trazer à luz fatos essenciais para se restabelecer a verdade histórica. Na apresentação do livro, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos, destaca que “a leitura desta publicação jogará novas luzes sobre uma história que o Brasil não deve apagar da memória. (...) como passo necessário para uma reconciliação nacional pautada no respeito a todos os direitos humanos”.
A ministra Nilcéia Freire, da Secretaria das Mulheres, destaca a relevância desta publicação para o resgate do papel da mulher em momentos importantes da história brasileira, como na luta pelo restabelecimento da democracia no país. “Se nos impuséssemos o exercício de mapear os dez nomes que mais aparecem nos livros de história, dificilmente aparecerá um de mulher entre eles. (...) O relato oficial sobre a nossa trajetória como nação é estritamente masculino; nos retratos oficiais, nossos heróis têm, quase sempre, barba e bigode”.
Direito à Memória e à Verdade - O livro Luta, substantivo feminino é a terceira publicação originada a partir do livro-relatório Direito à Memória e à Verdade, lançado pela SDH em agosto de 2007, com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O livro-relatório apresentou todos os casos julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, desde que foi criada pela Lei 9.140, de 1995, para reconhecer a responsabilidade do Estado brasileiro na morte ou desaparecimento de pessoas durante o regime militar.
Como desdobramento do livro-relatório, a SDH lançou, em junho de 2009, uma publicação com a história de quarenta afrodescendentes que morreram na luta contra a ditadura. O projeto foi realizado em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Em dezembro de 2009, foi a vez do livro Histórias de meninas e meninos marcados pela ditadura, que focaliza violações de direitos humanos cometidas pelo aparelho da repressão política contra crianças, bem como casos de adolescentes torturados e mortos nos mesmos porões.
Lançamento do livro “Luta, substantivo feminino: histórias de mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura”
Data: 14 de setembro de 2010
Horário: 11 horas
Endereço: Teatro de Arena da FAFICH/UFMG – Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha/MG.
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