domingo, 8 de novembro de 2009

Ministra condena medida e diz que expulsão de aluna é intolerância

da Agência Brasil
da Folha Online
A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, afirmou neste domingo que vai cobrar da Uniban explicações sobre a decisão de expulsar a aluna Geisy Arruda, que usou um microvestido e foi hostilizada no dia 22 de outubro.
Nilcéa condenou a decisão e disse que a atitude demonstra "absoluta intolerância e discriminação". "Isso é um absurdo. A estudante passou de vítima a ré. Se a universidade acha que deve estabelecer padrões de vestimenta adequados, deve avisar a seus alunos claramente quais são esses padrões."
Segundo a ministra, a ouvidoria da secretaria já havia solicitado à Uniban explicações sobre o caso, inclusive perguntando quais medidas teriam sido tomadas contra os estudantes que hostilizaram a moça. Nesta segunda-feira (9), ela deve publicar nota condenando a expulsão e provocando outros órgãos de governo, como o Ministério Público Federal e o Ministério da Educação, a se posicionarem.
As cerca de 300 participantes do seminário "A mulher e a mídia", do qual Nilcéa participou, decidiram divulgar moção de repúdio à universidade pela expulsão.
A decisão da Uniban também foi reprovada pela deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), uma das participantes do seminário. Segundo a deputada, a expulsão de Geisy não se justifica e parte de um "moralismo idiota". "Mesmo que ela fosse uma prostituta, qual seria o problema da roupa? Temos que ter tolerância com a decisão e postura de cada um", afirmou Erundina.
A socióloga e diretora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Pacheco, questionou o argumento da universidade de que a aluna "teria tido uma postura incompatível com o ambiente acadêmico", conforme diz a nota da Uniban. "Ela não infringiu nada. Ela estava vestida do jeito que gosta, da maneira que acha adequado para seu o corpo e a interpretação do abuso, da falta de etiqueta, é uma interpretação que não tem sentido", disse Fátima.
"É uma reação à mulher e à autonomia sobre o seu corpo. Não se faz isso com rapazes sem camisa, com cueca para fora ou calças rasgadas", completou a socióloga.
Para a psicóloga Rachel Moreno, do Observatório da Mulher, a reação dos estudantes e da universidade refletem posições contraditórias e "hipócritas" da sociedade em relação à mulher. "Por um lado, a nossa cultura diz que a mulher tem que valorizar o corpo, afinal de contas, tem que ser bonita, gostosa, e tem que se mostrar. Por outro lado, a mulher é punida quando assume tudo isso com tranquilidade."
O Movimento Feminista de São Paulo prepara manifestação para esta segunda (9), às 18h, em frente à Uniban. Na convocação, o movimento pede que as manifestantes compareçam usando minissaias ou vestidos curtos.
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No anúncio em que divulgou a expulsão da aluna, a universidade afirma que ela frequentava a unidade com trajes inadequados "indicando uma postura incompatível com o ambiente".
A nota diz ainda que "a atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar".
Geisy afirmou à Folha Online neste sábado (7) que a decisão da universidade é absurda. "Eu fui a vítima. Como que eu posso ser expulsa? A vítima é expulsa da faculdade?"
O advogado da universitária, Nehemias Melo, disse que ainda não foi notificado pela universidade a respeito da expulsão. "Fui informado pela imprensa. Lendo a nota, fiquei perplexo. Estou atordoado."
Educadores, advogados e entidades de defesa das mulheres também criticaram a decisão.
Em entrevista ao blog do Josias, o advogado da reitoria da Uniban, Décio Lencioni Machado, disse que a aluna "sempre gostou de provocar os meninos". "O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar."

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