O enfrentamento à violência contra as mulheres deve ser conjugado a uma discussão ampla, capaz de desvendar e desconstruir as amarras da cultura milenar que estruturou e consolidou as desigualdades de gênero. A violência contra a mulher se expressa como forma de exercício de poder de masculinidade, numa visão do corpo da mulher como patrimônio do homem ou território da sociedade. A violência sexual, por exemplo, utiliza o meio sexual com a finalidade de obter ou exercer esse poder.
Mas a violência contra as mulheres não se manifesta apenas por meio de agressão física. Das conversas entre vizinhas/os às condutas das/os agentes do Estado, mulheres ainda são avaliadas por usarem roupas “recatadas” ou não, por terem atitudes passivas e delicadas ou não, pelo estado civil, por serem “boas filhas, esposas e donas-de-casa” ou não, entre outras atitudes ou situações. Muitos homens e mulheres compreendem controle econômico e de sociabilidade do homem sobre a mulher como ato de proteção ou de autoridade natural. O contexto explica a dificuldade da discussão e do enfrentamento às violências sutis contra as mulheres, naturalizadas no decorrer da história da civilização e disseminadas de forma massiva como parte de comportamentos considerados “normais”, preceitos morais religiosos e valores familiares.
Nesse sentido, em 2009, a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres dará visibilidade às diferentes formas de violência contra as mulheres, a fim de sensibilizar a sociedade e o Estado para seu enfrentamento. Assim, será retomado o tema geral da violência contra as mulheres, valendo-se do acúmulo de experiências e materiais já produzidos ao longo dos sete anos da Campanha 16 Dias de Ativismo em âmbito nacional, e em articulação com o tema da campanha mundial promovida pelo Centro para Liderança Global das Mulheres (Center for Womens´s Global Leadership). Estimular a sociedade a se comprometer nesse processo e as mulheres em especial a tomar uma atitude diante da violência, exigindo que seus direitos sejam respeitados, é o desafio que está colocado para toda a sociedade. Nós podemos acabar com a violência contra as mulheres.
Uma vida sem violência é um direito das mulheres. Comprometa-se. Tome uma atitude. Exija seus direitos.
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