terça-feira, 10 de novembro de 2009

CONTRAPONTO

Escrito por Sueli Carneiro

Pertenço à geração 68. Uma geração que sonhou e lutou, venceu e perdeu, acertou e errou, mas nunca  barateou os seus ideais. Nossos inimigos eram gigantes, contra os quais como guerreiros e guerreiras da luz travávamos o bom combate: contra as ditaduras militares no Brasil e em toda a América Latina, por liberdade de expressão e de crença, contra o imperialismo capitalista, contra o racismo, a segregação e o apartheid, contra o machismo, contra a hipocrisia da moralidade pequeno burguesa; contra dogmas e fundamentalismo de diferentes ordens, sobretudo os religiosos. Sonhávamos com paz e amor, com liberdade sexual, com sociedades igualitárias e sem preconceitos.

Uma geração libertária que jamais cogitou que ser jovem pudesse, em algum tempo vindouro ser sinônimo de vanguarda do atraso. Menos nos ocorreria que no século 21 jovens universitários se ocupariam de se manifestar contra o  tamanho da saia de uma colega de classe e teriam como palavras de ordem contra a "abusada", "Vamos estuprar, prostituta!

Mas tudo pode ainda ser pior. O conservadorismo expresso pelos alunos que hostilizaram uma aluna por seu micro vestido poderia ser a oportunidade para os dirigentes daquela universidade repensarem o seu papel na formação de valores, e buscar explicações para o paradoxo de parte da juventude atual resgatar valores arcaicos e práticas de violência e intolerância que pareciam incompatíveis com a vivência num campus universitário. Longe disso, a universidade opta por legitimar a barbárie, expulsando a aluna em nome da preservação de uma duvidosa moralidade atuando, assim, como instituição proselitista e correia de transmissão do que há de mais retrógado na sociedade. Alunos e dirigentes trocam o papel de educandos e educadores pelos de xerifes normatizadores do comportamento alheio e arautos do reacionarismo.

Mas nem tudo está perdido. Na contramão desse conservadorismo extemporâneo a Unb nos oferece um exemplo de vanguarda. Jaqueline Jesus é a primeira transexual brasiliense a chegar a um doutorado na UnB. Sua bela trajetória pode ser conhecida na seção Em Debate  Blog Geledes..LEIA TEXTO COMPLETO

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