sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Ausência de sintomas é comum em infecções por HPV


ADRIANA ALVES
da Revista da Hora

Se você notar que há verrugas nos seus órgãos genitais, fique atenta e procure um ginecologista. O surgimento de lesões é o principal sintoma de infecções causadas por HPV (papiloma vírus humano). Também podem estar relacionados ao vírus manchas ou caroços, coceira, corrimento e dor ou sangramento durante a relação sexual.

O vírus é transmitido quase que exclusivamente por meio das relações sexuais e pode causar lesões na vagina, na vulva, no colo do útero, no pênis e no ânus. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), do Ministério da Saúde, também existem estudos que demonstram a presença rara do vírus na pele, na laringe (cordas vocais) e no esôfago.

Embora os homens também possam ser atingidos pelo HPV, as mulheres são as principais vítimas. O vírus é a causa do câncer de colo do útero, o segundo mais freqüente entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama.

Segundo dados do Inca de 2005, os últimos disponíveis, 4.506 mulheres morreram por câncer de colo do útero naquele ano. "Mas ter HPV não é motivo para pânico", conforta o ginecologista e obstetra Sérgio Mancini Nicolau, professor e chefe da disciplina de oncologia ginecológica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Segundo ele, a minoria das mulheres com o vírus desenvolve câncer de colo do útero. "O câncer do colo uterino é um desfecho raro dentro do número de mulheres infectadas pelo vírus", afirma o médico.

Além disso, se diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer de colo do útero são de até 100%, de acordo com o Inca. Ainda conforme o instituto, na maioria dos casos, as infecções por HPV costumam transcorrer sem sintomas e regredir espontaneamente, sem necessidade de tratamento.

Cuidados para prevenir a doença

Se por um lado não há motivo para pânico, por outro não há razão para descuido. É preciso, acima de tudo, prevenir-se: use camisinha em todas as relações sexuais, procure ter parceiro sexual fixo, seja cuidadoso com a própria higiene pessoal e íntima e evite fumar e beber em excesso --esses vícios afetam o sistema de defesa do organismo, tornando-o mais vulnerável ao HPV.

Também é fundamental fazer exames preventivos. O papanicolaou é o principal deles. Segundo indicação do Inca, toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve se submeter a exame preventivo periódico, especialmente se tiver entre 25 e 59 anos de idade.

Inicialmente, um exame deve ser feito a cada ano e, caso dois exames seguidos (em um intervalo de um ano) apresentem resultado normal, o exame pode passar a ser feito a cada três anos.

Saiba mais sobre o HPV

O que é
O HPV (papiloma vírus humano) é um vírus transmitido por contato direto com a pele infectada. Os HPV genitais são transmitidos por meio das relações sexuais, podendo causar lesões na vagina, vulva, colo do útero, pênis e ânus. Também existem estudos que demonstram a presença rara dos vírus na pele, na laringe (cordas vocais) e no esôfago.

Incubado
O HPV pode infectar uma pessoa e ficar anos --até duas décadas, no caso de infecção genital-- sem se manifestar. A doença se manifesta mais em quem é imunodeprimido (como portadores de HIV e pessoas transplantadas).

Tipos
Existem mais de 100 tipos de vírus papiloma. Eles são classificados em de baixo risco de câncer e de alto risco de câncer. Somente os de alto risco, como os tipos 16, 18, 31, 33, 45 e 58, estão relacionados a tumores malignos

Sintomas
O sintoma mais comum é o surgimento de verrugas. Manchas ou caroços, coceira, corrimento e dor ou sangramento durante a relação sexual também podem estar relacionados a infecções por HPV

Mais mulheres
A doença atinge principalmente as mulheres. Nos homens, o vírus tem menor gravidade. Quando surgem sintomas, como verrugas, eles conseguem identificar mais rápido, pois o pênis é mais visível que os órgãos sexuais femininos

Câncer de colo de útero
O HPV é a causa do câncer de colo do útero. O vírus está presente em 100% dos casos deste tipo de câncer. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que este ano serão 18.860 casos novos, em cada 100 mil mulheres

Como prevenir
- Use preservativo em todas as relações sexuais
- Seja cuidadoso com a própria higiene pessoal e íntima
- Tenha parceiro sexual fixo
- Evite fumar, beber em excesso ou usar drogas. Esses vícios afetam o sistema de defesa do organismo, tornando-o mais vulnerável ao HPV

Vacinação
Recentemente foram liberadas duas vacinas para o HPV, com o objetivo de prevenir a infecção pelo vírus. No momento está em estudo no Ministério da Saúde o uso desta vacina pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Apesar das grandes expectativas e resultados promissores nos estudos clínicos, ainda não há evidência suficiente da eficácia da vacina contra o câncer de colo do útero.

A vacina quadrivalente é indicada para mulheres de 9 a 26 anos e a bivalente, para mulheres de 10 a 25 anos. A vacinação, porém, não dispensa o exame preventivo

Como detectar

Papanicolaou
É o principal exame preventivo. Não detecta o vírus, mas as alterações que ele provoca nas células. Mulheres grávidas também podem realizar o exame. Para garantir a eficácia dos resultados, a mulher deve evitar relações sexuais, uso de duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 72 horas anteriores ao exame.

Além disso, exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode alterar o resultado. Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade.

Inicialmente, um exame deve ser feito a cada ano e, caso dois exames seguidos (em um intervalo de um ano) apresentarem resultado normal, o exame pode passar a ser feito a cada três anos

Colposcopia
É um exame que amplia a visão da área afetada em cerca de 40 vezes. Assim, fica mais fácil identificar as alterações detectadas pelo papanicolaou

Biopsia
É a análise de um pequeno pedaço de tecido da área afetada

Captura híbrida
É um teste mais moderno e confiável. Uma técnica de biologia molecular que se baseia na detecção do DNA do HPV e é capaz de notar a presença do vírus mesmo antes que o paciente apresente algum sintoma

Tratamento
Atualmente são aplicados ácidos ou pomadas quimioterápicas para destruir as feridas
Outra opção é a cauterização elétrica ou a laser ou, ainda, a remoção do tecido afetado, por meio de cirurgia. Dependendo da gravidade da situação são combinados tratamentos diversos

Fontes: Sérgio Mancini Nicolau, ginecologista e obstetra, e Inca (Instituto Nacional de Câncer)

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