quinta-feira, 1 de março de 2012

Sec XVI- viagem no tempo na luta das Mulheres por direitos

 
Mulheres:uma historia de luta
“Durante muito tempo foi questão incongruente ou ausente. Voltadas ao silêncio da reprodução materna e doméstica, na sombra da domesticidade que não merece ser quantificada ou narrada, terão mesmo as mulheres uma história?"
Duby e Perrot. História das mulheres e antiguidade, Edições Afrontamento, Porto: 1990)

A luta das mulheres, por um mundo melhor, mais justo e igualitário é milenar. Muitas mulheres antes de nós trilharam um caminho árduo, sofreram com torturas, foram estupradas nas guerras, queimadas vivas em fogueiras  e fábricas

A partir destas lutas e ações sociais, as mulheres passaram a ser consideradas sujeitos de direitos específicos e obtiveram avanços na proteção dos seus direitos, nas esferas internacional e em consequência também a nível nacional.
Di Cavalcanti- Mulheres prostentando
Sabemos que as últimas décadas do século 20 foram caracterizadas por um processo de consolidação da nova linguagem dos direitos humanos, que passou a contemplar também preocupações com a cidadania feminina e as relações de gênero, desencadeando políticas públicas, tais como: dos direitos trabalhistas e previdenciários; dos direitos políticos e civis; da saúde sexual e reprodutiva; e da violência de gênero. Todo este avanço e resultado da militância de mulheres ao longo da história.  quero  a partir de hoje fazer uma viagem no tempo e dar visibilidade a estas mulheres.
Século 16
Na colonização do Brasil – séc. XVI - A Coroa Portuguesa, diante de recursos limitados ou falta de interesse, delegou a tarefa de colonização de determinadas áreas a particulares, através da doação de lotes de terras a nobres e pessoas de confiança do Rei Dom João VI.  Este sistema ficou conhecido como Capitanias Hereditárias. Entre as Capitanias que mais prosperaram estavam, exatamente, as que foram governadas, não exclusivamente pelos donatários que receberam a Carta de Doação, mas por suas esposas.Vejamos três destas mulheres a seguir:

Ana Pimentel :procuradora de Martins Afonso de Souza, donatário da Capitania de São Vicente. Coube a ela a administração da capitania a partir de 1534. Implantou entre outras coisas, o cultivo da laranja, arroz, trigo e criação de gado. O importante papel desempenhado por Ana na administração da capitania não mereceu da história oficial o reconhecimento devido, embora ela o tenha exercido por mais de uma década.
Em 1536, Ana fez uma carta de doação de sesmaria para Brás Cubas, que só tomou posso efetiva das terras em 1540. Nomeou ainda, sucessivamente, como capitão-mor da capitania de São Vicente, Antônio de Oliveira e Cristóvão de Aguiar d´Altero.
Em 1544, nomeou Brás Cubas capitão-mor e ouvidor da capitania e, contrariando ordenes do marido, autorizou, o acesso dos colonos ao planalto paulista, onde se encontravam terras mais férteis e um clima mais ameno do que no litoral.
Ana Pimentel providenciou o cultivo de laranja na capitania com o objetivo de combater o escorbuto, uma doença provocada pela falta de vitamina C que atacava os embarcados durante a travessia do Atlântico. É responsável também pela introdução do cultivo do arroz, do trigo e da criação de gado na região.
O papel administrativo de Ana Pimentel na capitania, por mais de uma década, foi reconhecido pelo sociólogo Gilberto Freire em seu discurso na Academia Pernambucana de Letras, em 11 de novembro de 1986.

 Também merece destaque dona Brites Mendes de Albuquerque, esposa de Duarte Coelho Pereira, donatário da capitania de Pernambuco. Em 1554, com a morte do marido e estando os dois filhos homens estudando em Portugal coube a dona Brites assumir o comando da capitania. Nesse período enfrentou às investidas dos indígenas hostis ao avanço dos portugueses, destruição dos engenhos e coordenou o trabalho de centenas de colonos e escravos até sua morte em 1584.

Luiza Grimaldi assumiu a Capitania do Espírito Santo em 1589, após a morte do marido Vasco Fernandes Coutinho Filho. Em 1592, organizou a defesa da baía da Vitória contra a invasão inglesa. Essas mulheres representavam o rei de Portugal na colônia, exerciam plena autoridade no campo judicial e administrativo para nomear funcionários e aplicar justiça 

Adriana de Holanda(c.1540-1640). Colonizadora de Pernambuco, juntamente com seu marido estabeleceu-se na região de Porto Calvo, hoje estado de Alagoas, fundando sete engenhos de cana-de-açúcar.
 Ana Barroso (séc. XVI). Na ocasião em que o governador-geral Mem de Sá distribuiu sesmarias para garantir o domínio português na baía do Rio de Janeiro, Ana Barroso recebeu terras numa região bastante valorizada, indicando ter sido uma colona de prestígio.
 Ana de Paiva (séc. XVI). Chegou ao Brasil na armada do primeiro governador-geral, Mem de Sá, juntamente com outras seis órfãs. O grupo recebeu a denominação de órfãs da rainha.
 Ana Roiz (séc. XVI). Denunciadas pela Inquisição e Expressões Religiosas- Cristã-nova de origem portuguesa, manteve vestígios de práticas do judaísmo por pura superstição, sendo condenada pelo Tribunal do Santo Ofício, a suplício e morte.
 Andresa Dias (séc. XVI). Denunciadas pela Inquisição e Expressões Religiosas. Vivia em Salvador (BA), quando o padre José de Anchieta profetizou que sua filha prematura morreria aos 11 anos, o que realmente aconteceu. Anos mais tarde estabeleceu-se com seu marido, proprietário de engenho de açúcar, no Rio de Janeiro.
 Antônia Fernandes, a Nóbrega (séc. XVI).  Denunciadas pela Inquisição e Expressões Religiosas. Portuguesa, foi condenada com a pena de degredo para o Brasil por prostituir a própria filha. Já na Bahia, foi novamente denunciada ao Tribunal do Santo Ofício por feitiçaria.
 Antônia Rodrigues (séc. XVI). Índia guaianá, filha do cacique Piqueroby, casou-se com o sertanista Antonio Rodrigues, SP,  prática comumente adotada para selar alianças entre colonos-lusos e chefes indígenas.
Estatua da Índia Bartira.
 Bartira (séc. XVI)- SP. Índia tupimiquim considerada uma das ""mães do povo brasileiro"". Filha do líder indígena Tibiriçá, uniu-se ao português João Ramalho, viabilizando o processo de colonização. Tiveram muitos filhos e filhas."
Beatriz Dias (séc. XVI). SP- Índia tupiniquim. Irmã de Bartira, também casou-se com português, ajudando no processo de união entre índios e portugueses.
Branca (séc. XVI). RJ - Índia temininó, que em guerra com os tamoios foi expulsa junto com seu povo, exilando-se na capitania do Espírito Santo.
Brígida (séc. XVI).  RJ - Índia que vivia na região de Cabo Frio (RJ), foi capturada para ser vendida em Portugal.
Catarina de Bittencourt (c.1580-?) RJ - Colonizadora do Rio de Janeiro, onde era proprietária de terras na região do rio Iguaçú.
Catarina Paraguaçu (c. 1503-1583) BA - Índia tupinambá da Bahia, casada com Diogo Alves Correia, o Caramurú. Junto a este teve papel decisivo na aliança entre índios e colonizadores, considerada uma das mães do povo brasileiro.
Felipa de Melo (séc. XVI). Portuguesa, veio para o Brasil (PE e MA) para se casar com Jerônimo de Albuquerque, que abandonara a índia Arco-Verde, com quem teve oito filhos, para unir-se à uma nobre.
Felipa de Souza (c.1556-?)BA. Condenada pela Inquisição por lesbianismo. Mesmo casada, ao ser denunciada e presa, confessou seus casos amorosos com várias mulheres. Foi punida, recebendo a pena de açoite público. Seu nome foi atribuído ao principal prêmio internacional de direitos humanos dos homossexuais, o ""Felipa de Souza Award"""
Francisca Luís (c. 1550-?) BA Vivia na Bahia, quando foi denunciada por manter um caso com outra portuguesa por 13 anos. Foi condenada pela Inquisição a penitências espirituais e pagamento das custas do processo.
Guimar Pisçara (c. 1557-?) BA - Portuguesa, vivia em Itaparica (BA), quando foi denunciada ao Tribunal da Inquisição por práticas lésbicas com uma escrava. Recebeu penitências espirituais.
Hilária Luís (sécs. XVI-XVII) – SP  Senhora de escravos e de terras na capitania de São Paulo. Em 1609, após a publicação da lei declarando a liberdade incondicional dos índios, tentou incorporá-los ao inventário de seu marido.
Leonor Soares (séc. XVI) BA Colonizadora da Bahia, nascida em Portugal, veio para o Brasil em 1550. O registro histórico de sua presença e de suas filhas é um dos mais antigos documentos referentes a mulheres portuguesas na colônia.
Iguaçu (séc. XVI) SP Índia tamoio, foi capturada e levada como escrava para as terras de Piratininga, no planalto paulista. Libertada pelos Tamoios, morreu lutando do lado dos franceses na batalha contra os colonizadores portugueses.
 Inês de Sousa (séc.XVI) Portuguesa, colonizadora da capitania do Rio de Janeiro, foi responsável pela defesa da cidade contra um ataque de corsários franceses.
Inês Monteiro de Alvarenga (c.1588-?) Colonizadora da capitania de São Paulo. Após a morte do marido, tomou as rédeas da família. Envolveu-se numa guerra secular com a família Camargo, motivada por crimes passionais.
Ingaí (?-1535) Índia caeté, do litoral pernambucano, lutou contra os portugueses que mataram seu futuro marido. Tentaram prendê-la e violentá-la mas conseguiu fugir suicidando-se no mato.
Isabel (séc. XVI) :Índia escrava, vivia no Recôncavo Baiano, foi queimada viva a mando de seu senhor por ter delatado seus casos amorosos à sua esposa.
Isabel Dias (séc.XVI) Foi a primeira comerciante legalmente estabelecida no Rio de Janeiro, no século XVI..
Isabel Gomes (séc. XVI) Colonizadora da Bahia, filha de mãe índia e do ouvidor Baltazar Leitão, foi denunciada ao Tribunal da Inquisição por bigamia, no séc. XVI.
Isabel Rodrigues (séc. XVI) Portuguesa, vivia em Salvador (BA), quando foi acusada pela inquisição de feitiçaria, tinha a alcunha de Isabel, A Boca Torta.
Isabel Soares (séc. XVI) Acusada pela inquisição de bigamia, em 1593, quando vivia em Salvador (BA).
Madalena Caramuru (séc. XVI) BA :Índia, é considerada a primeira mulher brasileira letrada.
Margarida da Costa (séc. XVI) Colonizadora natural de Portugal, foi interrogada pela Inquisição, por ter acolhido em seu engenho índios que preservavam seus ritos e cultos tupis.
Maria de Lucena (c.1563-?) PB Foi denunciada e processada por lesbianismo pela Inquisição no século XVI.
Maria do Espírito Santo Arco-Verde (séc. XVI) PE Índia caeté, filha do cacique da nação indígena que dominava a costa pernambucana. Salvou da morte o prisioneiro militar Jerônimo de Albuquerque, com quem mais tarde casou-se e teve vários filhos. A Princesa do Arco-Verde, como era chamada, é considerada uma das mães do povo brasileiro.
Maria Lourenço (séc. XVI) BA Portuguesa moradora de Salvador (BA), onde foi acusada pela Inquisição por lesbianismo,
Maria Ortiz (séc. XVI) Considerada heroína após resistir a um ataque holandês, na vila de Vitória, capitania do Espírito Santo, organizando um posto de defesa na ladeira do Pelourinho, que hoje leva o seu nome.
 Maria Rangel (séc. XVI) Portuguesa, vivia na Bahia onde foi inquirida pela Inquisição e confessou ao Santo Ofício ter tido romance com duas mulheres.
Maria Rosa (séc. XVI) Colonizadora, vivia na capitania de Pernambuco onde doou parte dos seus bens para criar o recolhimento, para moças, de N. S. da Conceição em Olinda.
Marquesa Ferreira (séc. XVI) Natural da capitania de São Vicente (SP) foi colonizadora do Rio de Janeiro. Após a morte de seu marido, por volta de 1574, herdou e tomou posse das sesmarias Iguaçu e Guaratiba, atual Baixada Fluminense.
Marta Fernandes (séc. XVI) Escrava, obrigada a se casar após engravidar do Padre Francisco Fernandes com que vivia amasiada. Refugiou-se no final do séc. XVI em Pernambuco, onde foi denunciada por bigamia e condenada ao Tribunal da Inquisição.
Mícia de Lemos (séc. XVI) Moradora de Salvador foi acusada pela Inquisição de lesbianismo, por ter sido amante de uma mulher.
Paula de Sequeira (c. 1551-?) Natural de Portugal, foi condenada pela Inquisição, acusada de possuir livros proibidos, porém acabou confessando seu caso amoroso com Felipa de Souza.
Potira (?-1567) Índia tamoio, filha do chefe indígena Aimberê, casou-se ainda menina com um francês. Morreu lutando ao lado do pai e do marido contra as tropas de Estácio de Sá, que tentavam expulsar os franceses da capitania do Rio de Janeiro.
Terebê (séc. XVI) Índia guainá, filha do poderoso chefe Tibiriçá do planalto de Piratininga (SP). Casou-se com um clérigo português, estratégia bastante utilizada para consolidar alianças entre os colonizadores e as diferentes nações indígenas.

 




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